Como é que os estrangeiros celebram o Natal nas Caldas?

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Gazeta das Caldas quis perceber como é que os estrangeiros que vivem no concelho celebram o Natal e o que não falta na mesa na ceia natalícia de cada um. Venha connosco numa viagem pelos sabores europeus de França e Holanda, mas também pelos gostos do Leste – da Rússia, Polónia, Ucrânia e Roménia – e pelo Natal tropical brasileiro e venezuelano.

“No Brasil, nesta época festiva, tudo leva passas!”, exclama Sílvia Chaves, proprietária da loja de produtos brasileiros no Centro Comercial D. Carlos I. “São as passas, o peru e o panettone”, acrescenta.
No Brasil o peru já é comprado preparado para ir ao forno e, quando não há peru na mesa, então está o tender ou chester. O tender é o lombo do porco processado, já o chester é uma ave, similar ao frango, mas maior.
Depois, comprova-se que as passas estão em quase todas as receitas. Estão no arroz com passas, na farofa e no salpicão.
Na loja que abriu recentemente os clientes brasileiros procuram especialmente para esta época, por exemplo, o panettone, uma espécie de bolo de origem italiana (levado para o Brasil por imigrantes daquele país e que se vulgarizou). No interior tem pepitas de chocolate ou fruta cristalizada e que, mais recentemente, também já se faz com goiabada e doce de leite.
As entradas costumam passar por uma tábua de queijos e enchidos e a sobremesa pelos brigadeiros e as fatias douradas (as chamadas rabanadas).
Para beber no Natal a maioria escolhe o vinho, já na Passagem de Ano a bebida de eleição é a cerveja para acompanhar um churrasco de carne, seguida do espumante.

Champanhe e foie gras para comensais francófonos

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A comunidade francófona, que vive na Região Oeste, não prescinde de alguns produtos para consumir na época natalícia. Quem o diz é Sabrina Brahem, a proprietária da mercearia Les Frenchies, situada na Rua Sebastião de Lima, para a qual importa várias iguarias.
Entre a lista para esta época especial conta-se o paté de pato (“foie gras”) e o champanhe. O primeiro chega às Caldas da Rainha importado do sudoeste de França e o preço do paté pode variar entre os 18 e os 25 euros (até 125 gr.). O champanhe francês – branco e rosé – vem de terras gaulesas, mas Sabrina Brahem também consegue adquirir em Lisboa.
Apropriados para a festa de Natal também é o óleo de trufa que pode ser usado nas saladas e gratinados de batata e polenta. A loja também oferece coffrets com alguns produtos gourmet como o óleo, a mostarda e sal de trufa.
A estes produtos junta-se “muito chocolate!”, disse a empresária explicando que tanto vende tabletes – que vêm acompanhados por uma tábua de madeira e um pequeno martelo do mesmo material – para ser partido aos pedaços e partilhado entre amigos e família. Muito êxito de vendas o preparado para confeccionar chocolate quente que é acompanhado por uma colher de madeira para mexer a bebida reconfortante. Há também tabletes de chocolate a que é adicionado espelta (cereal da família das gramíneas).
Estas conjugações podem ter outras ofertas, uma de origem francesa como as tarteletes, outras portuguesas como o vinho ou ainda pacotes de massa italiana, com cores feitas a partir de beterraba e espinafres. “Outro produto muito procurado nesta altura é o marron glacé”, disse a comerciante, explicando que se trata de uma iguaria da doçaria francesa, feita com castanha e muito açúcar. Depois da refeição festiva, os franceses consomem uma infusão que tem uma mistura de ervas de chá. A proposta que pode ser adquirida na mercearia Les Frenchies contém chá Oolong (que é tradicional da China), com anis estrelado e coentro e, segundo a comerciante, é uma óptima proposta que ajuda a digestão.

Ceia holandesa tem muita carne

“Na mesa holandesa, na ceia de Natal, não falta nunca o gourmetten, que é uma chapa tipo grelha onde cada um cozinha a sua carne, peixe e vegetais, mas também os ovos”, explicou à Gazeta das Caldas, Vincent Verveer, proprietário de um mini-mercado de produtos holandeses no Campo (Caldas).
“No Natal na Holanda há sempre muita carne”, resume. Esta tanto pode ser de aves, como o peru ou o faisão, como, por exemplo, de veado.
Mas neste pequeno espaço, o empresário não vende a grelha para o gourmetten. Ainda assim, entre as prateleiras da loja não faltam outros produtos típicos nos Países Baixos que fazem parte do banquete natalício. Esse é o caso dos Musketkransjes de chocolate de leite com confeitos de açúcar, mas também do Kersttulband, um bolo com frutos secos e fruta cristalizada, baunilha e açúcar.

Arenque na ementa russa e ucraniana

“O arenque sob o capote de pele – feito com batata, beterraba, cebola e maionese – é uma das receitas tradicionais do Natal na Rússia e na Ucrânia”, conta Igor Lyaksutkin, proprietário da loja S.M.A.K. das Caldas da Rainha, junto à Praça de Touros.
Os vareniki (uma massa tipo rissol, mas que em vez de frita é cozida) recheados com batata, couve e queijo, não podem faltar numa mesa ucraniana, que tal como na Polónia tem a tradição de na ceia de Natal celebrar com 12 pratos diferentes, que representam os 12 apóstolos.
Os pierogis são parecidos aos vareniki, mas são característicos da Polónia, onde o hábito é iniciar a refeição com um prato de peixe, feito com carpa, que antigamente eram criadas em banheiras, para depois serem comidas nesta época festiva.
Pela loja é possível adquirir, por exemplo, as diferentes maioneses russas, para preparar as saladas, mas também os toucinhos ou carnes fumadas tradicionais em cada país. “Na Rússia o mais comum é o toucinho branco ou com alho e pimenta”, explica Igor Lyaksutkin.
Para beber, geralmente existe nas mesas russas, ucranianas e romenas uma garrafa de Karop, um vinho doce, do género do vinho do Porto.
Nessa mercearia, além dos produtos de vários países da Europa de Leste, existem também ingredientes venezuelanos. Essa foi uma aposta recente, quando o empresário se apercebeu que existiam várias pessoas da Venezuela a viver nesta região e que não tinham onde comprar produtos do seu país.
Num Natal na Venezuela não costumam faltar as Hallacas, uma iguaria, composta por uma mistura de carnes, passas e vegetais, envolvida numa folha de bananeira. Estas podem ser encontradas nesta loja caldense já prontas ou comprando os ingredientes para as preparar. Outra iguaria venezuelana são as Arepas, uma massa recheada com carne ou queijo.

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