A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste (CPLO) responsabilizou esta quinta-feira a falta de trabalhadores nas estações ferroviárias pela alegada tentativa de sabotagem registada no domingo na estação de São Martinho do Porto.
Em comunicado citado pela agência Lusa, a CPLO considerou que “a sistemática e progressiva redução de pessoal na Linha do Oeste, ao longo dos anos, e o abandono a que as estruturas deste eixo ferroviário têm sido votadas pela Infraestruturas de Portugal (IP)” criaram condições para a ocorrência de atos como o que está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ).
O caso ocorreu na madrugada de domingo, entre 25 e 26 de outubro, quando desconhecidos cortaram os cadeados dos Aparelhos de Mudança de Via (AMV), que permitem aos comboios mudar de linha. O ato, classificado pela PJ de Coimbra como “atentado de transporte”, poderia ter provocado um descarrilamento.
Fonte da IP explicou à Lusa que, assim que foi detetado o vandalismo, “foi solicitada de imediato a presença das autoridades, tendo sido registada a ocorrência no local”. A empresa adiantou ainda que foram realizadas “as intervenções necessárias para a reparação e reposição integral dos elementos de segurança instalados nos AMV danificados”, garantindo que o incidente “não coloca em causa as condições de exploração nem a segurança dos utilizadores”.
A Infraestruturas de Portugal informou também que “está a ser reforçado o sistema de segurança existente e foi implementada uma limitação temporária de velocidade na circulação dos comboios nas estações”, manifestando o desejo de que “os autores deste ato condenável sejam rapidamente identificados e responsabilizados”.
No mesmo comunicado, a CPLO acusa a empresa pública de, “a pretexto da futura automatização da sinalização e das agulhas”, ter vindo a reduzir o número de trabalhadores nas estações, tanto no troço em obras entre Caldas da Rainha e Meleças como no segmento entre Caldas da Rainha e o Louriçal.
Para a comissão, “esta desertificação humana das estações, para além dos problemas de falta de segurança para o património e utentes, acarreta outros problemas relacionados com a ausência de quem possa dar resposta às informações solicitadas sobre os horários, atrasos, destinos e ocorrências na circulação”.
A CPLO alerta ainda para a “crescente degradação do material circulante”, com avarias recorrentes, e defende “o reforço da guarnição de diversas estações ao longo da Linha, garantindo que em cada dia, no período de circulação de comboios, aquelas tenham trabalhadores a assegurar o seu funcionamento”.
A automatização total da sinalização e das agulhas só deverá estar concluída em 2027, devido aos atrasos na sua implementação. Para a comissão, a modernização da Linha do Oeste “não deve significar desertificação e abandono das estações e apeadeiros e muito menos funcionamento sem trabalhadores”.
A Linha do Oeste, que liga Lisboa à Figueira da Foz, está atualmente em processo de modernização e eletrificação, num investimento global superior a 100 milhões de euros, dividido em duas empreitadas entre Mira Sintra-Meleças, Torres Vedras e Caldas da Rainha.































