Numa ação conjunta, a CDU das Caldas e Óbidos, alertou para a necessidade de classificação da Lagoa e sua despoluição. As dragagens também são uma preocupação, a nível local
Desde 1993 que foram gastos 1,3 milhões de euros em oito estudos e quatro projetos, aos quais se juntam mais dois estudos, realizados em 1980 e 1992, para tentar resolver os problemas da Lagoa de Óbidos. Ou seja, “em 40 anos temos 10 estudos e quatro projetos, mas a situação da lagoa continua a ser um risco”, denuncia António Barros, candidato da CDU à autarquia caldense. Numa conferência de imprensa conjunta, entre os candidatos comunistas das autarquias das Caldas e de Óbidos, realizada a 11 de setembro, foi criticado o atraso para o início da segunda fase de dragagens, que arrancou há dias, e defendido que a sua salvaguarda carece de um plano sustentado. “As intervenções na lagoa não podem estar atreladas a riscos de perder fundos, mas sim integradas em projetos de longo prazo”, disse António Barros, acrescentando que há outros problemas como a pressão urbanística na área envolvente, a poluição de solos e lençóis de água ou o projeto de deslocação dos bares da Foz para junto do areal.
As críticas comunistas dirigiram-se sobretudo à intervenção das autarquias das Caldas e de Óbidos e aos governos PS e PSD, com o candidato a lembrar que os deputados na Assembleia da República a visitar a lagoa foram os do PCP e Verdes, embora não tendo sido eleitos pelo distrito de Leiria.

José Rui Raposo, representante do candidato de Óbidos e eleito na Assembleia Municipal, salientou que não fosse a luta das populações e que a situação ainda estaria pior. Reclamou a classificação da Lagoa como Paisagem Protegida de âmbito Regional como o instrumento indispensável para salvaguarda do ecossistema e ordenamento daquele território e criticou a falta de vontade dos dois municípios em avançar com o processo.
O dirigente comunista reconhece que a dragagem é necessária, mas preocupa-o o grau de poluição dos inertes, assim como o tratamento dos efluentes que são lançados para as bacias dos rios que drenam para a lagoa.
Sem perigo para o ecossistema
A intervenção que começou a ser feita nos braços da Lagoa, cujos sedimentos são lançados ao mar junto ao Gronho, está a levantar muitas dúvidas quanto ao seu grau de toxidade e, por outro, o seu possível regresso ao corpo da lagoa. Vitor Diniz, da Comissão Civica de Proteção das Linhas de Água e Ambiente, levou o assunto à Assembleia Municipal de Óbidos, a 13 de setembro, questionando o executivo se tem acompanhado a intervenção e mostrando a preocupação quanto à perigosidade dos dragados. Deixou ainda a disponibilidade da comissão em expor o problema na União Europeia, se as autarquias de Óbidos e das Caldas estiverem dispostas a acompanhá-la.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, entende que “não será necessário ir a instâncias europeias”, pois acredita nos técnicos portugueses e garante que também a autarquia estará atenta aos trabalhos. Explicou, ainda, que a APA lhe apresentou um estudo com análises sobre a toxidade dos sedimentos que apontavam que 80% estariam classificados na classe 1 (material limpo) e apenas 20% nas classes 2 e 3, estando a sua maioria localizada no Braço da Barrosa. E recebeu a garantia de que “não há perigo nem para o ecossistema nem para a saúde pública e que a cor negra não é sinónimo da má qualidade”, Já em relação aos sedimentos com maior nível de contaminação, se surgirem, serão depositados em alto mar, numa zona definida pela União Europeia, explicou. ■






























