Estimativa de produção semelhante a 2024, avança a Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha
A colheita da pera rocha vai começar este ano mais tarde, estando apontada a última semana de agosto devido às condições climatéricas registadas este ano. Segundo revelou à Gazeta o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha (ANP), “é claro que começa mais cedo no Oeste Sul e depois vai subindo porque temos mais temperatura, mas de facto estamos a estimar mais ou menos por essas datas”. Filipe Ribeiro justifica este ‘atraso’ na apanha da fruta devido a um conjunto de fatores ocorridos sobretudo no último semestre. “Para além da chuva, que baixou a temperatura, o frio veio mais tarde”, destacando ainda que “em jeito de brincadeira, digo que nós trocámos as duas estações, portanto passámos a ter a primavera no outono e o outono na primavera”. Contudo, apesar deste contratempo, é esperada este ano uma produção semelhante à registada na colheita do verão do ano passado, que rondou as 115 mil toneladas. Foi esta estimativa que resultou da consulta à produção promovida pela ANP e que foi revelada na edição deste ano do Interpera, o congresso internacional de peras que decorreu no mês passado em Hasselt, na Bélgica, depois de em 2024 ter decorrido na região Oeste, com epicentro na vila de Óbidos. Mas não passa de uma estimativa que está condicionada pelas condições climatéricas se não forem muito adversas, tal como aconteceu no passado, com as altas temperaturas a provocarem um ‘escaldão’ na fruta.
No centro das preocupações dos produtores de pêra rocha continua a estar o fogo bacteriano, que é causado por uma bactéria e para o qual não há ainda cura. A ANP estima que têm sido erradicados anualmente cerca de 350 hectares de pomares, cujas árvores de fruto foram cortadas para tentar atrasar a evolução da doença. Há poucas semanas e a convite da ANP, o novo secretário de Estado da Agricultura, João Moura, visitou dois pomares nos concelhos do Bombarral e Cadaval, tendo no final reunido com produtores, diretores da ANP e presidentes de câmara de ambos os concelhos, Ricardo Fernandes e Ricardo Pinteus, respetivamente, onde ouviu as preocupações do setor. “O grande problema que nós sentimos é que as decisões que tomamos e que são tomadas mesmo na esfera política e na esfera local, não estão a acompanhar a progressão da doença. Isso é que é preocupante e deixa-nos um pouco também limitados naquilo que podemos fazer, porque mesmo que o façamos a uma boa velocidade, e confesso que realmente houve ações que nós fizemos que foram tomadas rapidamente, não é à velocidade suficiente que a doença se está a propagar”, alerta Filipe Ribeiro.
Está em curso uma campanha de sensibilização junto dos fruticultores, que resulta de uma parceria entre a ANP, DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária e OesteCIM – Comunidade Intermunicipal do Oeste, para que logo que sejam identificados focos de fogo bacteriano nos pomares, sejam rapidamente erradicadas as árvores infetadas e queimadas, de forma a que a doença não de propague a outras propriedades. Mas só a investigação científica poderá dar a resposta com o antídoto para a doença, decorrendo vários estudos e investigações em vários pontos do país na busca da solução. “Mas estamos a falar de algo que poderá surgir a média e longo prazo e nós precisamos de soluções para já! “, advoga Filipe Ribeiro, pelo que alerta, até lá, é urgente “uma limpeza articulada”, comunicando as parcelas que estão negligentes há muitos anos e que já foram notificadas, em que os proprietários nada fizeram, “pois contam-se pelos dedos os que cumpriram”. ■































