Como se pode explorar pedagogicamente um filme numa sala de aula? Foi este o ponto de partida da conferência “Cinema, Educação e Tecnologias. Possibilidades Didáticas”, que decorreu a 29 de Março na Escola Josefa de Óbidos. Perante uma plateia de 40 professores, António Moreira, docente da Universidade Aberta e Fernando Galrito, da ESAD, defenderam que as artes visuais são interessantes recursos de aprendizagem, válidos para todos os ambientes e graus de ensino, sejam eles virtuais ou presenciais.
A sessão foi organizada pelo Sindicatos dos Professores da Zona Centro | NN
O cinema pode e deve ser usado nas salas de aula. E não apenas com uma ficha de exploração, mas “usando ferramentas digitais que permitem ao aluno uma participação mais activa no processo de construção do conhecimento e da aprendizagem”. Quem o diz é António Moreira, da Universidade Aberta, docente que nesta era digital considera que a linguagem usada na rua tem que se aproximar à que se usa na escola. “Se se usam dispositivos móveis e recursos digitais, porque não usá-los na sala de aula com determinadas reservas e com determinados cuidados?”, questionou o convidado, que considera que estas ferramentas têm “um potencial enorme”. É, no entanto, preciso saber usá-las pedagogicamente. É necessário levar para as salas de aula as ferramentas que permitem criar salas de aula virtuais “onde o próprio professor e os alunos podem construir diálogos on-line sobre determinadas sequências do filme”, referiu o professor. António Moreira sugere que de um filme de duas horas sejam “editados” apenas os 15 minutos onde se aborda o tema do racismo. Esse trecho do filme é depois colocado nas redes sociais e feita a sua discussão, numa aula virtual. Podem, para tal, ser usados programas como o Windows ou o Moviemaker, aos quais se juntam depois ferramentas que foram desenvolvidas por outras universidades estrangeiras e que estão hoje acessíveis em sites como Tricider, Webnote, Padlet ou Video Ant.
Uma arma pedagógica
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O cinema de animação pode ser usado como recurso pedagógico nas escolas. Para Fernando Galrito, professor de animação da ESAD, este meio apresenta a vantagem de permitir aos alunos aprender as matérias das disciplinas de uma forma lúdica. E mostrou vários exemplos de pequenos filmes, produzidos em workshops onde pontos, traços e novelos de lã, se podem transformar em mil um objectos. “É algo lúdico, que dá prazer e permite reinventar muita coisa”, referiu Fernando Galrito, acrescentando que a principal utilidade desta forma de expressão, quando apoiada em investigação, acaba por se tornar “numa verdadeira arma pedagógica”. E não é necessário ser-se um grande artista nem ter grandes recursos. “Até podemos usar o nosso próprio corpo”, referiu o docente. Hoje é possível fazer um filme de animação com um telemóvel, ou seja, “não é preciso um conhecimento hipertécnico”, acrescentou o convidado que é também o director artístico do Festival de Animação de Lisboa, Monstra.
Esta acção de formação destinada a professores fez parte do ciclo Cinema e Educação, que decorre este ano pelo país, com a chancela da Universidade Aberta e o do Plano Nacional de Cinema da Direção Geral de Educação (PNC). Foi organizada em parceria entre a Universidade Aberta, o PNC, o Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos e o Sindicato dos Professores da Zona Centro.