O projecto LIFE+ Berlengas foi apresentado à população em Peniche, no Edifício Cultural, na tarde do dia 7 de Fevereiro. A remoção do chorão e das espécies invasoras, o controlo da população das gaivotas de patas amarelas, o estudo e preservação das aves marinhas existentes nesta ilha (cagarra, roque-de-castro, galheta e airo) e a percepção dos efeitos causados pelas actividades humanas, são alguns dos objectivos deste projecto.
O mote é salvar a biodiversidade do arquipélago das Berlengas, o projecto é o LIFE+ e a sua importância reside no facto de este conjunto de ilhas representar “uma oportunidade única para desenvolver um plano de gestão sustentável que integre a conservação dos valores naturais com as actividades turísticas e as pescas”, conforme explicou à Gazeta das Caldas Joana Domingues, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, entidade coordenadora do projecto.
Definidas ficaram as primeiras medidas a aplicar nas Berlengas e que passam por remover o chorão, que foi introduzido por questões ornamentais e por se achar, na altura, que ajudaria a evitar a corrosão dos solos. Algo que, entretanto, se percebeu que não acontece. Na verdade, “actualmente sabe-se que o chorão não evita a perda de solo e que contribui para o fracturamente do granito na Berlenga”, explicou Joana Domingues.
A remoção das espécies invasoras (o rato-preto e o coelho) e a monitorização e controlo da população de gaivotas foram outras das acções que ficaram delineadas.
Quanto às gaivotas de patas amarelas, o ICNF esclareceu que é feito um controlo onde são destruídos, anualmente, cerca de 60.000 ovos. No entanto, como estes animais podem estar a nidificar noutros locais, ficou previsto que este programa monitorize as gaivotas. “Serão colocados pequenos aparelhos nas aves, que irão permitir saber para onde estas se deslocam e onde se alimentam”, explicou Joana Domingues.
CARGA HUMANA EXCESSIVA
Outra das preocupações deste projecto prende-se com a crescente procura das Berlengas na época balnear, confirmada por um estudo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. “A ilha não tem capacidade nem condições para receber tantas pessoas”, disse Joana Domingues.
O presidente da Câmara, António José Correia, disse que a autarquia iria instalar antes do Verão um centro de visitantes na Berlenga.
A apresentação contou com cerca de 60 participantes e a coordenadora do projecto, Joana Andrade, realçou a importância deste tipo de eventos de apresentação pública para “envolver as pessoas e ter o seu apoio”.
Este projecto é uma “necessidade” porque esta “é uma reserva que não se encontra em bom estado ambiental, havendo várias ameaças à biodiversidade do arquipélago”, concluiu Joana Andrade.
O projecto LIFE+ Berlengas está em acção desde Junho de 2014 e dura quatro anos e meio, ficando concluído a 30 de Setembro de 2018. O investimento total é de 1,4 milhões de euros, sendo que 50% são co-financiados pela Comissão Europeia. Os restantes 700 mil euros são assegurados pelos parceiros do projecto que são a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Câmara de Peniche, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar é observador externo do projecto.
As Berlengas são a primeira ZPE (Zona de Protecção Especial) portuguesa que inclui área marinha, desde 2012, sendo Reserva Natural desde Setembro de 1981. A denominação de Reserva da Biosfera da UNESCO aconteceu em Junho de 2011.
Isaque Vicente
ivicente@gazetadascaldas.pt






























