A cidade romana foi descoberta em 1994 aquando das obras para a construção das autoestradas A8 e A15, que puseram a descoberto vestígios arqueológicos que datam do século I a.C. a V d.C.
Os vestígios arqueológicos descobertos durante a construção das autoestradas A8 e A15 em Óbidos conduziram a um conjunto de escavações, mas ainda se encontram por terminar. A praça central do fórum foi escavada entre 1994 e 1996, mas não na sua totalidade, estando ainda coberta a zona do aterro do acesso à A15, que cobre dois terços deste edifício romano. Em 1995 foi detetado um edifício que veio a ser identificado como Fórum, que se encontra parcialmente escavado.
Os trabalhos arqueológicos na cidade romana de Eburobrittium que se realizavam todos os verões, estão parados desde 2006, altura em que caducou um protocolo entre a autarquia e a Associação Nacional de Farmácias (proprietária do terreno), ao abrigo do qual esta última financiava o projeto. E embora desde 2013 o local esteja classificado como Sítio de Interesse Público, mais nada foi feito ao nível da sua manutenção e requalificação.
Questionado pela Gazeta das Caldas, o vereador José Pereira garante que o estado em que se encontra a cidade romana “preocupa bastante” o executivo municipal, pois trata-se de um património arqueológico “de grande interesse no nosso território”, razão pela qual também o PSD inseriu a preservação e valorização no programa eleitoral. De acordo com o autarca, existe um Plano de Manutenção, bem como um Plano de Requalificação, desenvolvido pelos serviços competentes, o primeiro já com parecer informal da Direção-Geral do Património Cultural.
“Passados estes anos, torna-se necessário avaliar o estado de conservação da cidade romana”, afirma o vereador, reconhecendo que neste momento o “local encontra-se em estado de abandono e a sua conservação e tratamento é uma necessidade urgente”.
A Câmara de Óbidos pretende “deferir” uma forma de acesso à propriedade através de protocolo com o atual proprietário, embora não descure outras opções que possam surgir. José Pereira defende que a solução passa pela preservação da cidade romana, incluindo a conservação e restauro de estruturas arqueológicas, a recuperação paisagística, a implementação de um circuito de visitas e a criação de um centro interpretativo tendo em vista o desenvolvimento de um projeto de investigação e musealização. Este projeto tem “enquadramento” no âmbito da Estratégia 2030 da região de Lisboa e Vale do Tejo, bem como, no ponto da valorização do património em todas as suas vertentes enquanto elemento agregador da identidade regional, afirma, acrescentando que está prevista também a criação de um roteiro arqueológico no concelho de Óbidos onde a cidade romana de Eburobrittium “é um elemento imprescindível”.
Não são feitas escavações há seis anos e, de acordo com José Pereira, a prioridade passa, desse modo, por “salvaguardar as zonas já escavadas”. No entanto, o município continua a ter nos seus quadros técnicos habilitados para intervir no sítio arqueológico e fez uma candidatura no âmbito do PT2020 para investimento para conservação e novas escavações, mas que não obteve financiamento europeu.
Escavações entre 1994 e 2006
As escavações arqueológicas feitas por José Beleza Moreira, entre 1994 e 2006, expuseram uma parte central da cidade, que integra alguns edifícios públicos, habitação e infraestruturas para drenagem de águas, refere o cartaz que se encontra (bastante deteriorado) à entrada da propriedade. Está também parcialmente escavado o fórum, onde foram identificadas 11 lojas, um possível arquivo e parte da basílica com duas naves. Foi ainda identificada parte da praça.
A descoberto está também a área de banhos quentes, das termas, local bastante utilizado pelos romanos para higiene pessoal mas também como local para tratarem de negócios. De acordo com a mesma documentação, a área principal da cidade terá sido construída de raiz a partir de finais do século I a.C, sofrendo diversas reformulações até ao abandono na segunda metade do século V d.C. Já no século XIV ou XV a área foi reocupada, com a construção do conjunto edificado da Quinta das Flores, mas seria definitivamente abandonada entre o século XVIII e XIX.
A Gazeta das Caldas tentou, por várias vezes, contatar a Associação Nacional de Farmácias para saber o que esta entidade pretende fazer com o espaço, mas não obteve resposta. ■































