O Centro Hospitalar do Oeste (CHO) pretende arrancar, até 1 de Junho, com a hospitalização domiciliária, um modelo de prestação de cuidados em casa, que é uma alternativa ao internamento convencional e se destina a doentes agudos com patologia de complexidade elevada. Esta prática, recente em Portugal, tem vantagens ao nível da redução de infecções hospitalares multirresistentes e na diminuição dos custos de internamento. O objectivo do governo é que este modelo possa funcionar até ao final de Junho em pelo menos 25 hospitais, evitando assim internamentos desnecessários. A hospitalização domiciliária, que vai abranger um número restrito de pacientes, só será possível com a concordância dos doentes e das famílias.
Nesta primeira fase serão criadas duas equipas de hospitalização domiciliária no CHO, uma nas Caldas da Rainha e outra em Torres Vedras. O modelo adoptado assenta na “prestação de cuidados no domicílio, durante a fase aguda da doença, tendo como pressuposto a aceitação do utente e a existência de um cuidador”, explicou a presidente do Conselho de Administração, Elsa Baião, à Gazeta das Caldas.
Para já serão disponibilizadas cinco camas em cada equipa, num total de 10 camas.
De acordo com a responsável, os utentes que poderão usufruir destes cuidados serão, preferencialmente, os que apresentam patologia infecciosa aguda, patologia crónica agudizada, ou doença incurável avançada e progressiva, mas controlável no domicílio.
O CHO será um dos primeiros hospitais públicos na região de Lisboa e Vale do Tejo a passar a ter hospitalização domiciliária, permitindo aos doentes internados recuperar de uma doença aguda em casa, recebendo cuidados hospitalares. Os outros que já firmaram o mesmo compromisso junto da tutela foram o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital Distrital de Santarém, Centro Hospitalar Médio Tejo e Hospital Garcia de Orta, neste último caso já a funcionar.

Alternativa ao internamento convencional
O Hospital Garcia da Orta, em Almada, começou este serviço em finais de 2015 e até Março do ano passado tinham já admitido 619 doentes. A maioria dos utentes teve como proveniência o Serviço de Urgência Ambulatório, o Internamento do Serviço de Urgência e o Serviço de Internamento. Houve também pessoas que foram enviadas pela Consulta Externa, pelo Centro de Saúde e Hospital Dia de Oncologia.
De acordo com a apresentação de Francisca Delerue, directora do Serviço de Medicina do Hospital Garcia da Orta, durante as Jornadas Hospitalares 2018, a Hospitalização Domiciliária traduz-se num custo de 1058 euros por doente, enquanto que o tratamento no Hospital Garcia da Orta apresenta um custo médio de 2285 euros. A média de idades dos utentes deste serviço é de 67 anos e foram feitas 7360 visitas domiciliárias, das quais 2656 visitas médicas.
Como vantagens da hospitalização domiciliária foram apresentadas a diminuição de complicações e infecções, diminuição da mortalidade, custo inferior no tratamento, demora média inferior e uma maior satisfação dos utentes e família. A experiência da equipa mostra também que esta oferta permite mais tempo para o utente e uma dedicação exclusiva, mais educação para a saúde, maior envolvimento do utente e famílias na doença e uma maior articulação dos cuidados de saúde primários.
Em linha com estas conclusões está o despacho da secretária de Estado da Saúde, Rosa Valente de Matos, datado de 3 de Outubro de 2018, que refere que, apesar de se tratar de uma prática recente em Portugal, a experiência internacional tem demonstrado várias vantagens da hospitalização domiciliária, designadamente a “redução do risco de complicações, nomeadamente quedas, úlceras de pressão, desorientação ou confusão, a diminuição dos reinternamentos hospitalares e a redução da taxa de infecção hospitalar”. Tem ainda o potencial de contribuir para melhorar o acesso aos cuidados de saúde hospitalares e para uma melhor gestão das camas disponíveis para o tratamento de doentes agudos no SNS.
As unidades de hospitalização domiciliária funcionam 24 horas por dia e todos os dias do ano, “com apoio médico e de enfermagem em permanência” e prevenção à noite, refere o despacho. O doente hospitalizado no domicílio terá acesso aos medicamentos como se estivesse internado no hospital.































