Chineses querem investir 32 milhões num bairro de luxo em Alfeizerão

Um grupo de empresários chineses prevê construir 57 moradias T4 e T5 no Vale de Maceira, em Alfeizerão, criando assim um bairro de luxo naquela localidade. O projecto envolve um investimento de 32 milhões de euros e cada casa custará mais de 500 mil euros. A compra de imóveis de valor superior a esse montante é um dos requisitos para os cidadãos estrangeiros adquirirem um visto gold em Portugal. O terreno fica mesmo ao lado da igreja do Vale de Maceira.
Trata-se de um projecto com muitos “ses”. É que, para avançar, este investimento tem de ser considerado de utilidade pública pelos autarcas que o irão votar na sessão de Câmara do dia 13 de Abril, em Alcobaça e também pelo próprio governo, através do Ministério da Agricultura, uma vez que o terreno em questão é considerado RAN (Reserva Agrícola Nacional). Só depois disso o PDM (Plano Director Municipal) de Alcobaça poderá permitir a construção naquele local.
No entretanto, é também necessário que os empresários chineses não desistam do negócio.
A Câmara de Alcobaça está, naturalmente, interessada num investimento de 32 milhões no seu concelho. Num mail enviado à nossa redacção, o município justifica a necessidade de alterar o PDM “pela condição de projecto turístico de excelência que atrairá para o concelho investimento e criação de postos de trabalho”.
Já Leonel Ribeiro, presidente da Junta de Alfeizerão, disse à Gazeta das Caldas que é útil para a região “devido ao elevado investimento que irá movimentar visto que a construção atravessa momentos de grande dificuldade”.
O mesmo autarca revelou ainda que a Câmara de Alcobaça propôs como condição para o avanço do projecto que a construção do mesmo fosse feita por empresas da região.
Para além das moradias, este bairro prevê um hotel com um centro de negócios, uma escola de mandarim e português (cuja construção, a contratação de pessoal e a manutenção serão apoiadas pelo Ministério da Educação Chinês) e ainda um lago artificial ao bom estilo oriental. Por outro lado, foi garantido pelo grupo de empresários que, caso a obra avance, será construido um parque de merendas para a população local onde será colocado (pela junta de Alfeizerão e pela Câmara de Alcobaça) um lavadouro de 1860.
Os acessos ao terreno onde planeiam construir este bairro são óptimos (a proximidade da auto-estrada ajuda) e o local é bastante sossegado.
A ideia de criar ali um bairro surgiu depois do casamento de Carlos Pereira, um alfeizerense emigrado Alemanha, com Chiyu Lyu, uma cidadã chinesa. O cunhado chinês de Carlos Pereira, que veio à boda a Portugal, achou a região muito bonita e como comprava casas na Alemanha para restaurar e vender à população chinesa, decidiu com mais três sócios e o cunhado apostar num bairro em Alfeizerão.
Depois disso procuraram apoios (junto do responsável das comunidades, da embaixada chinesa em Portugal e de um escritório de advocacia em Lisboa) e já reuniram duas vezes com a Câmara de Alcobaça.
O grupo começou a investir na região e no país e já importou (para a China) azeite e vinho. À sua conta a Adega Cooperativa de Alcobaça já exportou 20 mil euros de vinhos para a Ásia.