
Um dos projectos mais recentes de Chakall fica na Lourinhã (praia da Areia Branca) e comemorou um ano. No aniversário estiveram presentes jornalistas e parceiros estratégicos que degustaram o novo menu do cozinheiro argentino que se fez cidadão do mundo e que sente Portugal como a sua casa. Esta é a história de um almoço – indiscutivelmente muito bom – no qual cabem ainda outras histórias.
EMPANADA ARGENTINA
Foi logo a abrir. Acompanhadas de um Fiuza branco. Do país conhecido pelos bons nacos de carne, Chakall preparou uma empanada argentina que só não se repete porque a refeição ainda vai no início. Desta entrada faz parte um húmus de beterraba delicioso que casa bem com a empanada.
Estes sabores contrastam com a paisagem em frente do Areal Beach Bistrot by Chakall que o chef abriu há um ano na praia da Areia Branca. Avistam-se as barracas da praia, o posto dos nadadores-salvadores, a bandeira que hoje está verde, o mar muito azul, a Berlenga ao longe e, como enquadramento, dunas de areia, naturalmente, branca.
GAMBAS CAO CAO
Agora, sim, o sabor do mar. A salada de gambas vem acompanhada de uma batata doce fabulosa, com uma cor estranhamente vermelha alaranjada. “É adquirida a um produtor local a 150 metros do restaurante, onde as podemos apanhar diretamente da terra. Isto não tem preço!”. Quem o diz é Silvina Lopez, irmã de Chakall, que está à frente dos destinos deste restaurante (o irmão passa metade do ano em viagem) e que sublinha o cuidado que ambos têm em aproveitar todos os produtos da região, cuja qualidade elogiam.
Silvina veio da Argentina ter com o irmão e simplesmente apaixonou-se pela Lourinhã e pela Areia Branca. “Não me imagino a viver noutro lugar do mundo a não ser aqui. As pessoas são simpáticas, o turismo não é massificado. Isto é um paraíso.”
POLVO NIPO TUGA
O polvo é pescado neste mar, que insiste em manter um azul intenso, apesar do azul do céu mal se vislumbrar por entre a capa de nuvens que cobre a costa (é tudo tão oestino…). É servido em telha Cobert, fabricada no Outeiro da Cabeça (Torres Vedras). Chakall faz questão de explicar aos seus convidados que “os produtos de grande qualidade da zona Oeste são fundamentais também ao sucesso do Areal”.
RIBS COM MOLHO BARBECUE
Está na hora de mudar para o tinto. Também Fiuza. Indicado para esta maravilha que é um piano de porco cozinhado a baixa temperatura durante 36 horas. Não admira que se derreta na boca e que quase prescinda da faca para o cortar.
É altura de dizer que a refeição vai a meio, mas há um brasileiro entre os presentes que mais não fez do que beber água. Trata-se do cantor contratado para animar o almoço. Um tipo simpático, que canta no tom certo, sem se sobrepor às conversas, que sorri o tempo todo e inclui – felizmente – um repertório mais lusófono do que anglófilo.
SALADA PHUKET
A salada com tâmaras traz um sabor exótico ao menu, lembrando que o seu criador tem projectos no mundo inteiro. Chakall multiplica-se em projetos – restaurantes, programas de televisão, livros, eventos –, em países tão diferentes como Alemanha, China, São Tomé e Príncipe ou República Dominicana. Mas é Portugal que considera como a sua casa. De preferência na Lourinhã, onde viveu 12 anos, mas que acabou por trocar por Lisboa. Por uma única razão: fica mais perto do aeroporto e este homem passa a vida a viajar. No ano passado contou 150 viagens de avião.
CARRÉ DE BORREGO
O borrego também foi cozinhado a baixa temperatura, mas “só” durante 12 horas. Estava no ponto. E o Fiuza mantém-se como o tinto certo para o acompanhar.
Mas agora conheça-se melhor o que é o Beach Bistrot by Chakall. Um ano volvido, Chakall e Silvina fizeram algumas alterações no espaço, que conta agora com uma esplanada, um bar e uma sala VIP onde são servidos almoços e jantares à carta. Assim, o estabelecimento consegue corresponder a um público variado que visita a praia e procura experiências distintas: desde a refeição rápida e leve ou a bebida de quem desfruta de um merecido dia de praia, até aos que não dispensam uma refeição mais demorada, degustada ao som das ondas. As três áreas têm uma decoração despretensiosa e leve.
Quanto ao menu, inclui petiscos tradicionais e refeições leves, como hambúrgueres, saladas ou tostas. A cozinha, cuidada, destaca-se pela qualidade dos produtos e pela preocupação de oferta de produtos regionais da zona Oeste.
CHOCOTORTA
A sobremesa é argentina. A chocotorta leva biscoitos de chocolate, doce de leite, café e chocolate. E não só. Existe em formato torta, mas Chakall concebeu esta servida em pequenos frasquinhos de vidro para se comer com uma colher. Deliciosa.
BOLAS DE BERLIM COM RECHEIO DE PERA ROCHA E AGUARDENTE
Para o final, uma surpresa saborosa e sobretudo doce: as novas bolas de Berlim com recheio de pêra rocha e de abóbora com aguardente da Lourinhã (a terceira região de aguardente demarcada a nível mundial, depois do Coganc e do Armagnac). Um doce que é um sério candidato a ex-libris da região Oeste e que poderá também ser provado no areal.
Será que o pregão vai mudar para “olha a booooolinnnnnhaaa do Chakall”?


































