Na manhã do passado sábado, cerca de 40 pessoas calçaram as luvas, pegaram num saco e foram apanhar o lixo na praia da Foz do Arelho. Plástico nas mais variadas formas e feitios, papel e cartão, latas de refrigerantes e beatas de cigarro, foram dos materiais mais recolhidos.
Logo pelas 9h30 vemos várias pessoas junto ao ponto de encontro: o quiosque amarelo. É mais um dia de intensa cortina de nevoeiro na Foz do Arelho. Mas neste caso o não haver calor até ajuda a quem vai percorrer a praia, recolhendo resíduos que se encontram na areia.
Cada vez vai chegando mais gente e em pouco tempo estamos perto de 40 no local a calçar as luvas de plástico. Vemos pessoas de várias gerações e há muitas crianças com vontade de tornar o mundo um lugar mais limpo.
Rodolfo Amado, que fundou o Movimento Ajude a Limpar a Praia, Por Favor Recolha o Lixo!, dá as indicações: “vamos dividir-nos em três grupos”. Um começa perto dos campos de vóleibol, outro segue do local de partida em direcção à aberta e outro, apenas com adultos, percorrerá a praia junto ao mar.
Mal iniciamos junto à zona onde decorreram as festas de Verão, encontramos centenas de palhinhas e beatas. Nas restantes zonas os vestígios de usufruto balnear pouco consciente são evidentes: latas de refrigerantes, embalagens de comida em cartão e plástico, maços de tabaco e beatas de cigarro, guardanapos de papel e lenços de pano… Também se encontra lixo de alguns pescadores pouco zelosos, como caixas de isco, fios de pesca ou restos de armadilhas.
Em pouco tempo começam a encher-se sacos e sacos de lixo. Muito lixo orgânico também foi recolhido, porque entre as algas se encontravam restos de plástico.
Ao fim da manhã, e ainda que o nevoeiro não permita ao sol brilhar com grande intensidade, o calor já se faz sentir. Transportar os sacos desde os locais em que foram cheios até aos contentores é o último esforço físico.
Antes da fotografia, uma valente salva de palmas de e para todos os que tiraram uma manhã de sábado para limpar o lixo de outros mais descuidados.
VÁRIAS GERAÇÕES, UMA CAUSA COMUM

Momo Sun e o marido são de Toronto e estão em Portugal em busca de um local para viver. “Andamos a viajar para conhecer, esta foi a primeira paragem e vimos num restaurante da vila a dizer que ia acontecer esta actividade. Não podíamos faltar”, contou à Gazeta das Caldas.
“Quando estava no Canadá limpava o lixo do chão muitas vezes, mas não de forma organizada e as pessoas estranhavam…”, recordou. “Ao início limpar o lixo dos outros é uma sensação um pouco estranha, mas depois faz-se um clic: a praia é muito bonita, não posso ficar quieta ao vê-la suja, até porque custa muito pouco limpar”, afirmou.

O pequeno Jaime Costa, que já fez oito anos, “não esperava encontrar tanto lixo”. Salientando que é importante limpar as praias, contou à Gazeta das Caldas que na sua limpeza, desde a zona inicial até à aberta, encontrou muitas palhinhas, cigarros, algas e papéis. “Até encontrei carvão”, exclamou, antes de referir que havia gostado muito desta actividade. “Podia ser todos os dias”, concluiu.
Esta iniciativa estava inserida no programa Bandeira Azul, tendo sido organizada por Rodolfo Amado, em parceria com a autarquia caldense. Nascido no Montepio nas Caldas, mas residente em Mafra, o mentor da limpeza de praia esclareceu que “com esta actividade o principal objectivo era consciencializar, porque, sendo época balnear, supostamente as praias estão limpas”.
Este trabalhador da Deco Proteste, que é surfista e amante da natureza, nas suas viagens por vários pontos do globo encontrou praias em que a areia estava coberta de lixo e até ilhas feitas de restos de plástico.
Em 2011 decidiu criar o movimento, um blog e uma página do Facebook que “em pouco tempo atingiu as mil pessoas”.
Ao fim-de-semana faz aquilo de que chama a sua “missão”. Nesta, na Foz do Arelho, o Caldas Rugby Clube participou com perto de 20 pessoas. Quem também se associou ao evento foi a empresa Pneu Green, que, por um lado, recolhe pneus, electrodomésticos e lâmpadas na zona Oeste e, por outro, transforma o granulado da borracha dos pneus em pavimentos e produtos técnicos para construção civil, apesar de não ser esta a empresa que os desmantela.
Esta empresa que foi fundada em 2011 e que está sedeada na zona industrial de Óbidos, recolhe entre 200 a 300 toneladas de pneus por mês. Cerca de 40% de cada pneu é borracha e nesta zona, com o desenvolvimento urbano e a indústria agrícola, estes dados ganham especial relevância para um produto que não era reciclado.
A Cruz Vermelha, que desde Fevereiro se agrupou em Centros Humanitários, também fez questão de estar presente. No Oeste o centro reúne os concelhos de Caldas, Óbidos, Bombarral, Alcobaça e Nazaré.































