Cerâmica identitária das Caldas candidata a Maravilha

0
2694

As andorinhas e o “Zé Toma na Barrica”, da autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, e a “Caneca das Caldas”, que integra as famosas malandrices, são candidatas a Maravilha da Cultura Popular, iniciativa que pretende promover o património cultural imaterial do país.

A ACCCRO elaborou duas candidaturas às Maravilhas da Cultura Portuguesa, na categoria de Artesanato, em parceria com a Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro. Trata-se da Andorinha e do Zé Toma na Barrica, duas peças icónicas, da autoria de Rafael Bordallo Pinheiro. ”A ligação dos portugueses às andorinhas foi intensificada por Rafael Bordallo Pinheiro, que no final do Séc. XIX desenha e produz as inconfundíveis andorinhas em cerâmica na sua Fábrica, nas Caldas da Rainha”, refere a empresa de faianças no seu site. E acrescenta: “pelos seus voos de longas distâncias na procura de um clima mais ameno, por construírem todos os anos o seu ninho no mesmo local e por terem um único parceiro nas suas vidas, as andorinhas ficaram romanticamente associadas ao amor, lealdade, lar e família. Valores profundamente enraizados na cultura portuguesa”. A patente das andorinhas cerâmicas foi registada por Bordallo Pinheiro em 1896 e actualmente continuam a decorar muitas casas.
A outra candidatura é a do “Zé Toma na Barrica” como “célebre manguito, satirizando as relações entre o povo e o poder”.
A fábrica de faianças refere que Bordallo Pinheiro conta-nos que o “Zé Povinho, erguendo os braços, faz o ‘Manguito’ em sinal de protesto, quando é necessário contestar, criticar, satirizar e ridicularizar. Símbolo da resistência do povo português é assim que responde a todos os que o desejam oprimir, sempre com a capacidade e inteligência de se rir dos autores dessas injustiças, sejam elas sociais, políticas ou económicas”.
O artista criou o Zé Povinho no jornal humorístico “A Lanterna Mágica”, em 1875, para denunciar as injustiças e fazer caricatura do povo português.
Rafael Bordallo Pinheiro torna-se em 1917, o presidente da Assembleia Geral da ACCCRO com um conjunto de outras personalidades.

“CANECA DAS CALDAS”

- publicidade -

A Confraria do Príapo candidatou a “caneca das Caldas”, na categoria artefacto. De acordo com o promotor, das “Malandrices das Caldas”, fazem parte “canecas de faiança que integram, no seu interior, um pénis erecto furado na base e no cimo, para a circulação do líquido e para fazer esguicho para os olhos quando se emborca a caneca (o verdadeiro segredo desta paródia)”.
As primeiras canecas a apresentarem o motivo fálico associaram-no a canecas já existentes, que eram decoradas com cerejas e areado ou granitado no exterior. Produzidas na segunda metade do século XIX, algumas dessas peças diziam “Lembrança das Caldas”.
De acordo com a Confraria, a “Caneca das Caldas” traduz uma importante manifestação cultural associada à cerâmica, sector de importante valor económico e dinamizador de emprego através dos tempos e que tem, actualmente, uma relevância patrimonial acrescida no “sentido de desmontar preconceitos e motivar a vivência da produção cerâmica autêntica e distintiva”. Na candidatura apresentada é ainda referido que esta caneca e a arte cerâmica fálica contribuem para a monitorização do estatuto de “Caldas da Rainha, Cidade Criativa da UNESCO e despertou o nascimento do projecto “Falium, Festival de Arte Urbana”.
A Confraria do Príapo nasceu para relevar a tradição e animar a continuidade produtiva, bem como para integrar a arte fálica numa cultura aberta a todos. Pretende também que as “Malandrices das Caldas” possam chegar a todo o tipo de público, pela arte e pela elegância, com os artesãos, que continuam a manter viva a tradição antiga.

- publicidade -