Apostar na investigação. Esta é a grande novidade anunciada por Ana Paula Harfouche após 100 dias de mandato na administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO). Até ao final de Junho deverá abrir um centro de investigação com instalações nas Caldas e em Torres Vedras.
O que não tem ainda data prevista é a retoma dos tratamentos oncológicos com citotóxicos (utilizados em quimioterapia) no Hospital das Caldas. Uma das propostas do CHO é que o fabrico destes medicamentos passe a estar centralizado em Torres Vedras e seja feito o seu transporte até à unidade hospitalar caldense.
A aposta na Psiquiatria é outro objectivo da nova administração, que tem um curso um protocolo com o ACES Oeste Norte para que seja possível articular as consultas desta especialidade com os centros de saúde
“Chegámos ao marco dos 100 dias e aquilo que estamos a tentar é que a governação da saúde na região Oeste seja melhor e tenha tanta qualidade como em qualquer outro ponto do país”. Palavras de Ana Paula Harfouche, que diz que além das melhorias relacionadas com a evolução do dia-a-dia, o CHO também tem apostado em melhorar o que não estava a funcionar bem.
Uma das preocupações mais imediatas foi voltar a garantir o conforto e o bem-estar do doente. Para isso, foram retiradas as cadeiras partidas, o lixo do chão, as plantas murchas e os posters rasgados. A sinalética também foi actualizada. Pequenos pormenores que fazem a diferença, assegura Ana Paula Harfouche, sublinhando que agora o Hospital está mais limpo.
“O conforto é o que os olhos do utente vêem e se este vai entrar numa sala de consultas quer encontrá-la cuidada”, diz.
Do novo ADN do CHO faz também parte o investimento na formação dos profissionais com a abertura de um Centro de Investigação (departamento que surge pela primeira vez). Até ao final de Junho prevê-se a abertura do Centro, que terá instalações tanto nas Caldas como em Torres Vedras. Para já, está confirmada a colaboração de 26 profissionais de diversas áreas disciplinares.
Segundo a administradora, “já existiam médicos a fazer investigação, mas nunca tinha sido dada importância a esse trabalho. O objectivo é que agora estes profissionais tenham condições para desenvolver investigação e consigam captar financiamentos externos”.
Os três grandes eixos da actual gestão assentam no acesso, qualidade e sustentabilidade. Uma das medidas para melhorar a acessibilidade dos doentes é aderir ao SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia), um programa que reduz o tempo das listas de espera para o bloco operatório através do funcionamento das equipas de profissionais fora do seu horário normal de trabalho. Para isso, estes médicos recebem um pagamento adicional. A falta de anestesistas é, ainda assim, o principal entrave a esta estratégia.
Caldenses satisfeitos com tratamentos em Torres Vedras
Há cerca de um mês o Hospital das Caldas viu serem interrompidos os tratamentos oncológicos com citotóxicos (medicamentos utilizados na quimioterapia), após uma inspecção da Infarmed ter detectado não conformidades nos seus serviços farmacêuticos. Desde então, os doentes com cancro têm realizado estes tratamentos na unidade de Torres Vedras.
Ana Paula Harfouche disse à Gazeta das Caldas que não há previsão para a retoma dos tratamentos nem para a produção dos citotóxicos nas Caldas. Uma das soluções possíveis é a centralização da preparação destes medicamentos em Torres Vedras que seriam depois transportados para as Caldas. Só o veículo de transporte – que deve ser específico e apenas utilizado para este fim – pode custar até 50 mil euros.
Embora de início os utentes caldenses não tenham ficado agradados com a realização dos tratamentos em Torres Vedras (cuja deslocação é assegurada pelo CHO), “agora estão muito satisfeitos pois são tão bem ou melhor tratados e encontram condições muito boas”.
O mau resultado da inspecção da Infarmed é, para Ana Paula Harfouche, “uma oportunidade para dar um salto qualitativo na produção dos citotóxicos, adoptando práticas mais modernas e melhorando os requisitos de confirmação e validação no processo de preparação”. Até porque se houver mais qualidade, diminui-se o risco e aumenta-se a possibilidade de tratar doentes que não sejam da região.
“Queremos consolidar a especialidade de psiquiatria”
Uma das especialidades que o CHO quer ver novamente consolidada é a Psiquiatria. Uma área que “nos últimos tempos tem tido muitos altos e baixos, mas que agora queremos ver assegurada com a fixação inicial de duas psiquiatras”. O número de profissionais desta especialidade pode vir a aumentar à medida que este cuidado de saúde ganhe estabilidade.
Em curso está também a validação de um protocolo com a ARSLVT para que seja possível uma articulação com o ACES Oeste Norte de modo a que as consultas de Psiquiatria possam ser articuladas com os centros de saúde de Caldas da Rainha, Óbidos, Alcobaça, Bombarral, Nazaré e Peniche.
Aliás, a comunicação com os cuidados de saúde primários é outra meta a atingir pela nova administração. É que “existe a ideia errada que a ida à urgência resolve mais rapidamente um problema de saúde. Pelo contrário, é preciso educar as pessoas que primeiro devem ir aos centros de saúde ou às farmácias, caso contrário podem estar prejudicar outros pacientes que têm realmente problemas urgentes para tratar”.
Quanto à especialidade de Reumatologia, não se prevê que esta volte ao serviço do CHO, afirmou Ana Paula Harfouche, considerando que o Hospital Termal (com abertura prevista para 2017 e agora a cargo da Câmara Municipal) dará resposta a essas terapias.
Palácio Real mantém-se no CHO
Embora o Património Termal tenha passado para as mãos da Câmara, o Museu do Hospital e das Caldas, instalado no Palácio Real, mantém-se sob a gestão do CHO.
Relativamente à obra Jardim de Água do mestre Ferreira da Silva – que se arrisca a uma rápida degradação – a administradora garantiu estar em contacto com a autarquia para que esta seja requalificada com o seu apoio.
Já quanto à possibilidade do parque de estacionamento por detrás do Chafariz das Cinco Bicas (que pertence ao Hospital, mas aos fins de semana se encontra encerrado) estar aberto ao público sábado e domingo, Ana Paula Harfouche diz que a negociação está a ser feita com o município, sendo previsível uma resposta afirmativa.































