Os docentes deixaram as escolas e juntaram-se em protesto na Praça 25 de Abril, respondendo à mobilização marcada para o distrito de Leiria
“Não paramos!”, gritaram os professores momentos antes de desmobilizarem na Praça da Fruta, já passava das 11h30 da manhã de segunda-feira. Antes, pelas 10h00, começaram a concentrar-se na Praça 25 de Abril onde se mantiveram durante cerca de uma hora, com cartazes e entoando frases de ordem pela defesa da carreira docente e contra as políticas do governo.
“Em união pela educação”, “Estamos em luta pela educação! Srs ministros, mentiras e provocação não são a solução” ou “não rasguem os nossos direitos” podia ler-se em alguns dos cartazes a par de palavras como “respeito”, dignidade” e justiça”. Pedro Teles, professor de Educação Física na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, estava na primeira fila do protesto, juntamente com vários outros docentes do mesmo estabelecimento de ensino. A contagem integral do tempo de serviço, aumento dos salários e o fim das quotas foram algumas das reivindicações apresentadas pelo professor que já esteve colocado a 400 quilómetros de casa, onde só podia ir de 15 em 15 dias, e com avultados gastos para o fazer.
“Também já fui ultrapassado na carreira, professores que entraram há menos tempo do que eu já estão à minha frente nos escalões por causa dos atropelos que foram havendo ao longo deste tempo todo”, acrescentou o professor.
Com 45 anos, e quase 24 de serviço, Joana Machado, professora no Agrupamento de Escolas Raul Proença, é sempre a mais nova do seu agrupamento e, como tal, “sempre a primeira a sair” quando não há vagas. A instabilidade de quase todos os anos ter de ir a concurso e não saber em que escola irá ficar, estende-se aos filhos, que também nunca sabem quando têm de mudar de escola… e de casa. “Estou presa no quarto escalão quando já deveria de estar no sétimo”, denuncia, lembrando os seis anos e seis meses que foram retirados da contagem do tempo de carreira.
Em greve pela primeira vez
Com 40 anos de serviço, Teresa de Jesus, atualmente a lecionar no complexo escolar do Furadouro, do Agrupamento Josefa de Óbidos, fez greve pela primeira vez. Apesar de estar quase no topo da carreira, a docente está solidária com os colegas, pois considera que todos eles reivindicam justiça, que é necessária nos concursos, tempo de serviço que não foi contado e mudanças de escalão que estão limitadas às quotas. Reivindica também uma mudança: “a continuarmos assim não vamos ter professores”, alerta, destacando o baixo rendimento e o desgaste associados à profissão. Com uma neta a tirar mestrado e que em breve será professora, Teresa de Jesus, realça o orgulho que sente por esta seguir as pisadas da avó e dos seus professores, mas quer uma mudança, para que ela não tenha de passar pelas mesmas dificuldades de hoje. “O governo tem de olhar para nós, não só para os grandes grupos”, alerta, acrescentando que a sua classe está a lutar mas há muitas outras pessoas com razões para também o fazer.
A acompanhar os docentes no protesto estavam também alunos. Madalena Galo, da Escola Secundária Raul Proença, estava com os colegas da mesma escola, e outros da Rafael Bordalo Pinheiro.”Estamos aqui para ajudar os nossos professores, que merecem respeito, é uma atitude de solidariedade. Eles tentam ajudar-nos ao máximo e queremos retribuir, os professores têm de ser valorizados”, disse a estudante à Gazeta das Caldas.
O executivo camarário também foi ouvir as reivindicações e garantiu “estar atento”. O presidente da Câmara, Vítor Marques, alertou para a dificuldade de num futuro próximo não haver professores, tal como já está a acontecer com os médicos. Por outro lado, a autarquia tem “acompanhado os problemas que as escolas têm e, numa gestão de proximidade, vamos conjugando com os agrupamentos no sentido de contrariar as dificuldades”, acrescentou. ■






























