Casos de tuberculose nas Caldas da Rainha estão abaixo da média nacional

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O médico José Fernando Pereira chegou às Caldas há 28 anos e uma das funções que lhe foi proposta foi fechar o dispensário local pois não haviam casos de tuberculose na região. Relutante, foi a Lisboa informar-se e apercebeu-se que o que existia era falta de registo desses doentes.
Desde então tem dedicado a sua vida profissional a tratar quem sofre desta doença nos concelhos das Caldas e arredores, com elevado sucesso. Na passada quinta-feira partilhou a sua experiência com os alunos da Universidade Sénior.

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O médico José Fernando Pereira é o responsável pelo Centro de Diagnóstico Pneumológico, a funcionar no Coto

O relatório da Direção-Geral da Saúde, apresentado a 24 de Março (Dia Mundial da Tuberculose), revela que a incidência da doença em Portugal reduziu substancialmente, situando-se agora no aparecimento de 22 novos por cada 100 mil habitantes. Nesse mesmo dia, o médico José Fernando Pereira deu conta que nas Caldas o número de casos é bastante inferior – de 11 para 100 mil habitantes – o que é metade da média nacional.
A razão deste sucesso está, sobretudo, na prevenção feita pelo médico e também na articulação informal que existe entre os cuidados primários e secundários. “Não me interessa se pertenço ao Centro de Saúde ou ao hospital, onde houver necessidade da minha presença estou lá”, diz, acrescentando que o número do seu telemóvel é público e este está ligado 24 horas por dia.

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“Sempre que há alguma dúvida os meus colegas telefonam-me”, diz, acrescentando que essa abertura, a “credibilidade perante os pares” e a informação à população são fundamentais para se fazer um diagnóstico e, se necessário, começar a medicação o mais cedo possível.
“Por cada dia que a tuberculose pulmonar estiver presente num doente, este pode contagiar até 10 pessoas”, explica, destacando que quanto mais cedo este começar a medicação, menos hipótese tem de contagiar.
Actualmente a taxa de cura de tuberculose ronda os 99%. José Fernando Ferreira é o responsável pelo Centro de Diagnóstico Pneumológico (CDP), que funciona actualmente no edifício da Junta de Freguesia do Coto, e presta apoio aos doentes dos concelhos das Caldas, Óbidos e Bombarral. Desloca-se também a Peniche e a Alcobaça, onde acompanha também os doentes da Nazaré e parte dos da Marinha Grande. Caldas da Rainha tem sido o concelho onde se têm registado mais casos mas é, simultaneamente, “o local onde os colegas estão mais atentos”. Admite, contudo, que poderá haver concelhos onde existam casos, mas que não são diagnosticados.
Na sua opinião, devia de haver medicina de base social para fazer o levantamento, quer de toxicodependentes, quer dos portadores do vírus da sida, que são o grupo de maior risco.
Nos quase 30 anos que está a exercer a profissão nas Caldas, o médico regista 10 a 12 casos de morte por tuberculose, todos ligados a neoplasias ou à sida.
Quando começou a dedicar-se a esta área, José Fernando Pereira iniciou o rastreio da tuberculose aos reclusos da cadeia das Caldas. “Nessa altura havia mais de 200 reclusos, vi-os todos e depois passei a ir às terças-feiras à tarde para rastrear apenas os que entravam nessa semana”, conta o médico, que assim faz o controle total dos presos.
O mesmo tem vindo a fazer com as associações de ex-toxicodependentes, “De Volta a Casa”, de S. Mamede, e “A Minha Casa”, do Olho Marinho. Ainda tentou colaborar com a associação da Foz do Arelho de ajuda à toxicodependência, mas não teve receptividade.
José Fernando Pereira realça que as pessoas devem procurar o médico quando tiverem sintomas de tosse e expectoração, perda de apetite e de peso, febre e suor durante a noite, para serem diagnosticadas.
Perante uma plateia bastante interessada, que assistiu à palestra nas instalações da ex-UAL, o médico contou com a colaboração da enfermeira Maria João Munhá, e mostrou-se ainda disponível para ali regressar e falar sobre a consulta antitabágica, que também dá no Coto.

 

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