Caso de intoxicação por monóxido de carbono alerta para necessidade de prevenção

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O monóxido de carbono produzido pelas lareiras e braseiras é fatal em recintos fechados

Sensibilização mais premente nesta época, tendo em conta o aumento do custo da eletricidade e dos combustíveis utilizados no aquecimento

A VMER foi ativada, na madrugada de quarta-feira, para socorrer um caso de intoxicação por monóxido de carbono em que a vítima era um adolescente que, inadvertidamente, colocou uma braseira para se aquecer no quarto, sem ventilação. O barulho da queda no chão, provocado pelo desmaio, alertou os pais, que chamaram as autoridades, permitindo o socorro atempado. No entanto, nem sempre estas situações têm um final feliz. Grande parte das vezes, e tendo em conta que a intoxicação por monóxido de carbono não tem cheiro nem sabor, a pessoa não se apercebe e pode provocar lesões neurológicas ou ser, mesmo, fatal.
“Todos os anos somos ativados para situações destas e este ano ainda nem chegou o Inverno”, refere Nuno Pedro, enfermeiro coordenador da VMER das Caldas, alertando para o perigo das pessoas se aquecerem com braseiras ou lareiras em locais fechados. Esta sensibilização é mais premente tendo em conta o aumento do custo da eletricidade e dos combustíveis, para quem tem casa com aquecimento central, e, por outro lado, o facto de haver uma cada vez maior comunidade migrante na região, a residir em espaços habitacionais que não têm as melhores condições em termos de isolamento térmico e procuram soluções de aquecimento. “As pessoas não querem ter frio, utilizam os recursos que podem e uma braseira aquece. Quando existe desconhecimento da produção deste composto torna-se grave”, explica o profissional de saúde, acrescentando que, consequência da pandemia, as pessoas também estão mais tempo em casa e torna-se mais forte a probabilidade de intoxicação por estas vias.
As crianças são as mais vulneráveis a este tipo de intoxicação que, a nível mundial, representa cerca de 4% das intoxicações em idade pediátrica. Luísa Preto, diretora do Serviço de Pediatria, explica que nas crianças, como a frequência respiratória é inversamente proporcional à idade, as mais pequenas respiram mais vezes do que as maiores e também inalam mais quantidade, o que vai fazer com que a intoxicação seja mais grave. Por outro lado, estas “têm um metabolismo muito mais acelerado e precisam mais de oxigénio do que os adultos”, concretiza, acrescentando que o tratamento passa por oferecer à vitima grandes quantidades de oxigénio.
Também Cristina Teotónio, diretora do Serviço de Urgências do Hospital das Caldas, alerta que nem todas as fontes de calor são boas, pelo que as pessoas quando têm frio devem optar por vestir mais camadas de roupa e ingerir líquidos. “A intoxicação por monóxido de carbono é perigosa porque como começa apenas com sintomas de alteração do estado de consciência e a pessoa acaba por cair e ficar exposto”, salienta a médica, acrescentando que anualmente deparam-se com alguns destes casos.
Para além do problema das braseiras, deparam-se também com casos de intoxicação resultantes de outras fontes que queimam gás, como é o caso de esquentadores que ainda existem, mal colocados, dentro de casas de banho. ■

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