Cascais, onde o turismo é uma aposta de alto nível, está também e de forma muito profunda a apostar na revitalização do mercado da vila, que era em tempos parte ao ar livre e que agora está coberta por uma lona protectora. O actual mercado municipal foi construído em 1952, sob o desenho do arquiteto Alberto Cruz, depois de ter passado por outras localizações. Inicialmente este mercado tinha uma parte fechada, especialmente para o peixe e outra aberta para legumes, frutas e outros géneros alimentícios.
Nessa época o mercado estava dedicado às compras dos restaurantes e hotéis da vila, como aos particulares, especialmente às “criadas” ou “empregadas domésticas” da elite local, que não arriscava ir diariamente a local tão popular e vulgar. Hoje tornou-se um “must” do turismo internacional e da população local, sem discriminação ou pelo contrário, desde que tenha poder de compra compatível.
Na passagem do seu 60º aniversário, o mercado da vila foi alvo de grandes trabalhos de modernização, mantendo a traça inicial, mas modernizando o aproveitamento do espaço. O local transformou-se num espaço central de Cascais em termos de atracção da vida económica e do turismo local.
Confirmámos a ideia que tínhamos lido num blog da internet: o mercado é um “pólo de comércio tradicional moderno, até mesmo vanguardista, suficientemente atraente para ser dito chique, capaz de conferir uma nova centralidade à vila”
Em primeiro lugar requalificaram o edifício existente inicialmente, num investimento de um milhão de euros, aproveitando os vários espaços para estabelecimentos de restauração e de venda de vestuário e outros produtos de uso doméstico. Outra parte foi renovada para melhorar a apresentação do pescado e marisco, num espaço preenchido de vendedores e de produtos de qualidade, apesar de inferior dimensão à praça do peixe caldense (presentemente meia vazia).
Junto a este mercado foi construído um restaurante e marisqueira – o Marisco na Praça – com uma oferta muito qualificada e a preços razoáveis, que atrai todo o género de clientela, mas especialmente turistas.
A zona central, onde são vendidos legumes e frutas, naquilo que chamam mercado saloio, está coberta com um imensa lona, esteticamente bem conseguida, que dá conforto aos vendedores e compradores nos dias mais inclementes.
Noutra zona exterior e ao ar livre existem vários pontos de venda de enchidos, queijos e outros produtos tipicamente portugueses, que são um atractivo e permitem o consumo imediato num restaurante ao ar livre com mesas e toldos esteticamente bem conseguidos.
Igualmente numa zona em semicírculo que fecha o mercado ao exterior, podem encontrar-se pequenos restaurantes e estabelecimentos de petiscos, que também atraem inúmeros clientes. Nessa fachada exterior existe um enorme painel de azulejos, concebido por Teresa Posser de Andrade em 2008, que recorda a Cascais antiga.
Mas periodicamente a vila organiza mercados temáticos junto ao mercado principal, que funcionam em mais duas tendas gigantes, estando já anunciados para o próximo ano iniciativas dedicadas ao chocolate (Fevereiro), Vinho e Doçaria Conventual (Abril), Mercado da Corte (Maio), Peixe e do Marisco (Junho), Sardinha (Julho), Cerveja e Petisco (Setembro), Mercado de Outono – Produtos típicos da época castanhas, frutos secos, queijos e enchidos, vinhos e licores, artesanato e folclore (Outubro) e Mel (Novembro).
A estes mercados temáticos ainda se juntam nos primeiros e segundos domingos do mês, respectivamente, os dias do Mercado de Oportunidades e do Mercado do Artesanato Urbano.
Apesar de todas as melhorias realizadas, um problema permanece nos dias de maior afluência – o estacionamento. Apesar de Cascais ter vários parques subterrâneos, a zona do mercado não foi contemplada (ainda) com um, obrigando a complexas manobras para procurar sítio para estacionar.
Para Cristina Carvalho, docente na Escola Superior de Hotelaria e Turismo o mercado de Cascais constitui “um microcosmos da realidade sociocultural cascalense”, que presentemente se transformou num ponto de atracção tantos de locais como de visitantes nacionais e estrangeiros, que ali se deliciam quer com os produtos vendidos quer pelo ambiente colorido existente.
Não admira que o município, segundo um documento da Câmara de Cascais, trace como objectivo “criar novas sinergias em torno do Mercado da Vila, devolvendo-lhe a centralidade”, dentro do calendário de eventos promovido ao longo do ano, pois além da atividade regular para o município “garantem-se, novos e variados motivos de interesse para comerciantes e consumidores viverem mais este espaço municipal.”
Uma sugestão: O mercado de Cascais merece uma visita de estudo dos vendedores do mercado caldense.
Caldas e a dinamização da Praça da Fruta
Caldas da Rainha terá na actualidade em Portugal o único mercado diário ao ar livre e, simultaneamente, um dos mais antigos mercados de produtos locais em funcionamento ininterruptamente, no mundo.
Mas saber isto não basta para o promover e atrair um número de pessoas compatível com as expectativas dos caldenses e dar-lhe a sustentabilidade que o potencie no futuro. Por tudo isto, Gazeta das Caldas tem desde há algum tempo visitado outros mercados, para fazer aquilo que modernamente se chama de benchmarking, ou seja, de comparação com as melhores práticas.
Para além dos mercados que sofreram grandes alterações e que já trouxemos a estas colunas – como o de Setúbal e o de Campo de Ourique em Lisboa – tem-se assistido nos últimos tempos a uma tendência crescente para a promoção destes mercados noutras cidades e especialmente em os trazer para a rua na época alta, dando-lhe outras atractivos. Torres Vedras é uma das cidades do Oeste que desenvolveu em 2015 um projecto deste tipo aos sábados, para além da dinamização com várias iniciativas do mercado tradicional.






























