Casa de São José, em Peniche, vai acolher e integrar migrantes

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O protocolo foi assinado entre os representantes do Centro Social Padre Bastos e direção distrital da Segurança Social

Estrutura de Acolhimento Temporário tem capacidade para 20 migrantes e junta-se a outras quatro já existentes no distrito de Leiria

O Centro Social Padre Bastos, em Peniche, inaugurou uma nova resposta social a 27 de dezembro. Trata-se da Casa de São José uma Estrutura de Acolhimento Temporário (EAT), destinada a acolher grupos de migrantes trabalhadores sazonais, beneficiários e requerentes de proteção internacional e de proteção temporária que se encontrem em situação de vulnerabilidade extrema. A funcionar nas antigas instalações da instituição, que já serviram de espaço de acolhimento a refugiados da Ucrânia, a EAT está pronta para receber migrantes já durante esta semana. A garantir os serviços estão uma equipa técnica composta por uma educadora social, com mestrado em migrações, e uma ajudante de ação direta, também com experiência na área e falante de várias línguas, a que se juntam várias voluntárias. Duas delas são professoras, reformadas, que irão ensinar Português aos novos residentes na instituição.
“Já temos experiência com migrantes, nomeadamente ao nível do apoio alimentar e agora pretendemos dar uma resposta integrada”, explica Jofre Pereira, vice-presidente da instituição. O responsável recorda que no Natal de 2022 apoiavam quatro timorenses e que neste momento o número já ascende a 71, a quem, com a ajuda de voluntários, têm ajudado a arranjar emprego nas fábricas e restauração da zona, bem como alojamento e também ajuda espiritual. Também têm garantido a alimentação a migrantes oriundos do Senegal, Nigéria, Gâmbia e Venezuela, que estavam alojados num hotel no Baleal. O responsável destaca a importância do acolhimento e integração, que “são uma resposta importante num país que se depara com falta de mão de obra”. Garante que a filosofia da instituição não é criar subsídio dependentes, mas que querem perceber quais as dificuldades dos migrantes e “mobilizar as suas vontades para que possam contribuir para construir a sua vida”.
Para além desta resposta social, a instituição tem duas estruturas residenciais para idosos, com capacidade para 114 pessoas, uma creche para 81 crianças (entre berçário e creche), jardim de infância com capacidade para 100 crianças e um centro de acolhimento temporário para crianças em risco, que permite acolher 12 crianças. Há um ano que tem a funcionar um centro de dia, com capacidade para 40 utentes e, desde outubro passado, disponibiliza também a valência de serviço de apoio domiciliário a 20 utentes.

A cerimónia teve lugar no passado dia 27 de dezembro e contou com a presença de representantes de diversas entidades, colaboradores e voluntários da instituição

Acolhimento para 56 migrantes
Esta é a Estrutura de Acolhimento Temporário com maior capacidade do distrito, onde já existem mais quatro e que, em conjunto, permitirão o acolhimento de 56 migrantes. As restantes ficam situadas nas Caldas da Rainha (7 pessoas), Alfeizerão (15 pessoas), Leiria (6 pessoas) e Ansião (8 pessoas). Brevemente será inaugurado mais uma estrutura, em Óbidos, no âmbito de protocolos estabelecidos entre a Segurança Social e as várias instituições de solidariedade social.
Por ano migram 200 milhões de pessoas e à Europa chegaram este ano cerca de 150 mil emigrantes. “O que se pretende é que as pessoas sejam enquadradas e protegidas e esta parceria com as instituições é muito importante porque permite também dar resposta, por exemplo, às crianças”, explicou o diretor do Centro Distrital da Segurança Social, João Paulo Pedrosa, que marcou presença na inauguração.
Recentemente a União Europeia aprovou o pacto de migração e asilo, que tem por objetivo gerir o fluxo de migrantes nos Estados-membros de forma previsível e ordenada, sendo expetável que Portugal passe a receber mais migrantes. Tendo isso em conta, a Segurança Social está a “trabalhar de forma preventiva junto das instituições locais para poder acolher os migrantes quando houver necessidade”, concretizou João Paulo Pedrosa à Gazeta das Caldas. ■

A nova EAT, localizada em Peniche, é a maior do distrito de Leiria
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