Na ausência dos tradicionais festejos carnavalescos, duas associações realizaram eventos para assinalar a data
Foi de uma forma tímida que se realizaram, este ano, as comemorações do Carnaval nas Caldas da Rainha. Assinala-se o regresso das celebrações depois da pandemia, ainda que com a manutenção das precauções e com pouca participação do público. Manteve-se, claro, a folia, a diversão, as cores e a animação tão caraterística da época, mas faltou a sátira, que também é normalmente um dos grandes atrativos.
As tradicionais atividades organizadas pela Câmara, como os corsos e os desfiles na Avenida, o Baile do Casino, o Carnaval sénior e o desfile infantil, ainda não foram retomadas, mas houve associações caldenses que não quiseram deixar passar esta data em branco.
Na manhã de domingo, 27 de março, a partir do Bairro Azul, realizou-se nas ruas das Caldas um desfile de bicicletas carnavalescas, organizado pela Associação de Moradores e Amigos do Bairro Azul.
Os participantes saíram do Bairro Azul em direção à Avenida 1º de Maio, seguindo depois pelos Correios para a Rua Heróis da Grande Guerra, que os levou até à rotunda da Rainha. Subiram depois em direção à Praça da Fruta e, foram ainda ao Parque D. Carlos I, numa última paragem antes de retornarem ao ponto de partida, a sede da associação no Bairro Azul, onde se realizou um almoço convívio.
Os festejos, que decorreram durante todo o dia e que animaram aquela zona da cidade, contaram com quase meia centena de participantes, entre os quais se destacava um bem-disposto grupo de amigos das pasteleiras que veio da Golegã e que escolheu esta iniciativa para celebrar o seu Carnaval.
Já depois do almoço de convívio na sede da associação, houve direito a um desfile de mascarados que deu vida e cor ao Bairro Azul. Com uma grande passarelle, azul, claro, estendida pela rua, todos os que quiseram tiveram a oportunidade de desfilar e de mostrar o seu disfarce carnavalesco, numa tarde animada, com muita brincadeira e folia.
A presença de várias gerações e o convívio intergeracional que decorreu durante o evento, foi um dos pontos altos desta animada iniciativa.
Num balanço do evento, o presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Azul, João Ricardo, disse à Gazeta das Caldas que este “foi o Carnaval possível, uma vez que nas Caldas da Rainha não houve comemorações oficiais, decidimos nós fazer uma demonstração de Carnaval aqui no bairro”.
Apesar de esta ser uma associação urbana e bastante recente (foi fundada nas Caldas em julho de 2016), já conseguiu construir uma tradição de participação nas comemorações carnavalescas na cidade termal.
“Todos os anos temos participado nos desfiles, mas infelizmente nos últimos dois anos os festejos foram cancelados devido à pandemia, ainda assim, para o próximo ano esperamos já estar de volta ao Carnaval das Caldas, e em força!”, exclamou o responsável.
Atualmente, os membros da associação citadina já se encontram a trabalhar na preparação da Festa da Flor, cuja realização está prevista para o próximo mês de maio.
“Foi a nossa associação que decidiu recriar nas Caldas a Festa da Flor e queremos este ano voltar a ter um evento razoável”, referiu o presidente da associação do Bairro Azul, agradecendo os apoios que tornam possível a realização destes eventos.
Apesar da alegria e diversão que marca o Carnaval, os mais recentes acontecimentos mundiais não foram esquecidos neste evento e todos os participantes utilizavam ao peito duas fitas, uma azul e uma amarela, cores da bandeira da Ucrânia, como forma de solidariedade para com o povo ucraniano.
Já depois do almoço na sede da associação, os participantes fizeram questão de realizar um minuto de silêncio pelas vítimas da guerra e também em forma de apelo à paz.
Baile na Foz do Arelho
Mas se, durante o domingo, as comemorações foram no Bairro Azul, já na noite de sábado tinha havido folia carnavalesca no concelho das Caldas.
Na Foz do Arelho houve um baile de Carnaval, que também foi organizado por uma associação. O Centro Social e Recreativo da Foz do Arelho realizou o Carnaval Pipoca, uma iniciativa que contou com mais de uma centena de foliões que, no salão da coletividade, dançaram noite adentro ao som da música carnavalesca, misturada pelo Sr. Teixeira e o Sr. Alto, os DJ’s de serviço.
Carnaval Pipoca surge da analogia ao milho doce que salta quando se transforma em pipoca. Também a festa se pretendia animada e com muito movimento. E foi isso mesmo que aconteceu na noite de sábado no salão da associação.
Se os mais velhos já estavam prontos ao abrir a pista de dança, os mais jovens foram chegando com o passar das horas, possibilitando um convívio intergeracional bastante animado na coletividade fozense.
“Houve pessoas que nos agradeceram porque era a primeira vez que saíam para se divertir desde que começou a pandemia”, disse a presidente do Centro Social e Recreativo da Foz do Arelho, Guadalupe Carvalho, à Gazeta das Caldas.
Este ano o baile não teve uma temática definida, até porque a organização não sabia como seria a adesão à iniciativa, mas tendo em conta a boa afluência do público já estão a pensar festejar o Carnaval no próximo ano de forma mais “à séria” e, provavelmente, com um concurso de máscaras.
Guadalupe Carvalho destaca que o centro social e recreativo está a retomar as atividades presenciais, de uma forma regular, e que está já prevista a realização de várias iniciativas para este mês de março.
Ateliês no La Vie
Já esta semana, na terça-feira, dia 1 de março, realizaram-se ateliês de Carnaval para os mais novos, no piso 1 do centro comercial La Vie, nas Caldas.
A atividade, que decorreu durante todo o dia, propunha que os mais novos pudessem criar a sua própria coroa de Carnaval. Mas além da diversão, estes ateliês tinham também uma mensagem de sustentabilidade e de ecologia, uma vez que os adereços carnavalescos eram produzidos recorrendo a materiais reciclados.
Além disso, nalgumas escolas caldenses também houve iniciativas para que os mais novos pudessem nesta época atípica brincar ao Carnaval. Em 2023, espera-se a retoma das festividades. ■
Festejos contidos um pouco por toda a região
Na Nazaré o Trio Elétrico animou as ruas, em Óbidos houve desfile dos mais novos e no Cadaval uma exposição

Na Nazaré, onde a tradição do Carnaval é antiga e a quadra mais vivida pelos nazarenos, este ano também foi de uma forma algo contida que se festejou. O “Carnaval a Reboque” apresentou-se, nas ruas, no sábado e na terça-feira, com a passagem de um Trio Elétrico, pelas ruas do concelho, a tocar marchas alusivas ao Carnaval Nazareno.
A iniciativa resulta de uma ação conjunta do Rancho Folclórico Tá-Mar da Nazaré e do Grupo de Danças e Cantares Mar Alto – Círculo Cultural da Nazaré, e conta com o apoio financeiro da Câmara da Nazaré.
A Câmara realçou a importância do Carnaval e esclareceu que “a iniciativa das duas coletividades, que têm uma forte tradição de Carnaval, obteve parecer favorável da Direção Geral de Saúde”, mas fez questão de frisar que se mantém “algumas regras de saúde pública que deverão ser consideradas durante este período de celebração coletiva”.
Até domingo, 6 de março, é também possível apreciar a exposição “É d’çeda a nossa gente” no Centro Cultural da Nazaré. Alusiva a esta temática, a mostra resulta do do trabalho de pesquisa e recolha do Gabinete de Património e Cultura, e apresenta ao público, em imagens e documentos, a forma como se vive esta época do ano na Nazaré.
As salas de baile, com exceção da BIR (Valado dos Frades), estiveram de portas fechadas, mas os restaurantes e bares trabalharam e receberam os foliões.
Carnaval simbólico no Cadaval
No Cadaval encontrou-se uma forma simbólica de assinalar esta data. Trata-se de uma exposição de máscaras de Carnaval feitas pelos alunos do Agrupamento de Escolas do Cadaval e da Santa Casa da Misericórdia do Cadaval.
A mostra, que foi inaugurada a 25 de fevereiro, está patente até ao dia 11 de março, nos Paços do Concelho e na Biblioteca Municipal. A autarquia colocou nas ruas da vila um conjunto de pendões com fotografias alusivas ao Carnaval “também com o intuito de dar realce a esta tradição no Cadaval, trazendo à memória momentos captados em anos anteriores”. Além disso, foram exibidos nos canais digitais do município, dois vídeos alusivos ao desfile infantil e corso principal dos últimos anos, baseado no respetivo acervo de imagens.
Óbidos também celebrou
Óbidos não quis ficar fora da folia e festejou o Carnaval com um desfile no Complexo do Alvito. Além da brincadeira, tinha uma mensagem de sustentabilidade, com os fatos de Carnaval dos mais novos feitos com material reciclado. ■






























