Carnaval das Caldas da Rainha com menos gente, mas sempre animado

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Cátia Palhinha, a Rainha do Carnaval das Caldas de 2013, não leva só boas recordações do corso em que participou, no dia 10, nesta cidade, depois de ter sido atingida por um balão de água, atirado de um dos edifícios de 10 andares da avenida 1º de Maio, que lhe partiu os óculos graduados e a feriu no nariz.
“Achei muito bom o Carnaval das Caldas”, revelou no final aos jornalistas, depois de ter sido tratada pelos bombeiros caldenses ao ferimento no nariz, causado pela força do embate do balão de água nos óculos. “Os acidentes acontecem”, comentou. “Continuei no desfile por causa das pessoas que vieram ver-me. Elas não tiveram culpa no que me aconteceu”, disse.
A organização do Carnaval das Caldas não ganhou para o susto quando reparou que a Rainha, que ficou famosa pela sua participação num “reality show” da TVI, estava com a cara cheia de sangue devido ao ferimento no nariz. Todos os anos há problemas com os balões de água atirados aos reis, mas desta vez houve consequências mais graves do que apenas ficarem molhados.
Apesar do susto, Cátia Palhinha não desiludiu os fãs que acorreram às Caldas para a ver e manteve-se no desfile até que, perto das 17h00, a chuva intensa que caiu afastou todas as pessoas e fez com que este terminasse mais cedo do que estava previsto. Devido à chuva foi também cancelado o momento musical que estava previsto para essa tarde.
Apesar do mau tempo, a organização tinha decidido manter a realização do desfile. O vereador Hugo Oliveira explicou à Gazeta das Caldas que já uma vez tinha tomado a decisão de cancelar a realização do evento devido ao mau tempo, mas viria a arrepender-se porque entretanto deixou de chover. “Nós aprendemos com os erros” e desta vez perguntou às associações se queriam arriscar sair à rua.
Apesar de um ligeiro atraso, por causa das condições meteorológicas, os carros alegóricos e figurantes saíram todos e a festa ainda se prolongou durante quase duas horas.
No entanto, foi notório que havia menos público durante a tarde. Nas fotografias tiradas do edifício da Câmara percebe-se que houve bastante menos gente a assistir do que em anos anteriores.
Na noite de 9 de Fevereiro é que houve mais público do que em 2012, o ano em que pela primeira vez a autarquia decidiu substituir o corso da terça-feira de Carnaval pelo de domingo, por não haver tolerância de ponto no Entrudo.
Hugo Oliveira revelou que tinha feito um repto à Associação Comercial para que os comerciantes abrissem os seus estabelecimentos comerciais durante a noite de 9 de Fevereiro e a tarde de 10 de Fevereiro, mas lamenta que esse “desafio” não tivesse sido correspondido. “Com mais lojas abertas na cidade, as pessoas poderiam circular mais”, comentou.

Cátia custou 2200 euros. Hélio Catarino não cobrou nada.

O orçamento previsto inicialmente, de cerca de 70 mil euros, acabou por ter um aumento para a presença de Cátia Palhinha, vencedora do programa da TVI “Casa dos Segredos – Decisão final”. A algarvia cobrou 2200 euros pela sua presença.
Hugo Oliveira considerou que este foi um bom investimento, tendo em conta a visibilidade que Cátia Palhinha trouxe ao Carnaval caldense. No sábado, dia 9, Hélio Imaginário e Cátia Palhinha foram coroados, em directo, Reis do Carnaval das Caldas da Rainha no programa “Não Há Bela sem João”, na TVI. “Foram cerca de 10 minutos em que Caldas esteve em destaque na televisão. Só assim é que consideramos este valor como um investimento aceitável”, referiu o vereador.
Cátia Palhinha revelou aos jornalistas que este foi o único convite que teve este ano para participar num Carnaval.
Quem não cobrou a sua presença, nos dois desfiles, foi o caldense Hélio Catarino, que também participou no programa Casa dos Segredos depois de ter ficado famoso devido ao vídeo viral em que cai de um skate a grande velocidade na estrada Atlântica. “Eu conheço-o desde pequeno e fiz um pedido pessoal para ele vir”, contou Hugo Oliveira.
De acordo com Hélio Catarino, a Câmara das Caldas sempre o apoiou nos seus projectos (chegou a organizar um festival de “stand-up comedy” no Centro da Juventude, entre outras actividades) e por isso entendeu que deveria agora retribuir à sua cidade. “Não podemos pensar apenas em ganhar dinheiro. Precisamos também de colaborar para melhorar as Caldas”, disse.
Hélio Catarino gostou de ter participado. “Diverti-me e tentei fazer com que as pessoas se divertissem”, disse. O caldense sempre brincou ao Carnaval e tem saudades das festas no pavilhão da Columbófila. Na sua opinião, faltam espaços para as pessoas se divertirem à noite nas Caldas.
No final do desfile os dois reis do Carnaval das Caldas estiveram no interior do edifício da Câmara a tirar fotografias com os fãs e a dar autógrafos.

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Crise em destaque no Carnaval das Caldas

No total participaram 850 figurantes e 20 carros alegóricos de 19 associações do concelho. As entidades participantes receberam da Câmara cerca de 20 euros por figurante e 2200 euros por carro, o mesmo valor do ano passado.
Como não poderia deixar de ser, os carros alegóricos evocaram, na sua maioria, a crise económica, a “troika” e o governo.
O Rancho Folclórico “Ceifeiras da Fanadia” participou mais uma vez, com um carro em que se destacava uma enorme cruz. “É a cruz fiscal que o Zé Povinho tem que carregar, com a grilheta da ‘troika’ que tem de arrastar e o ministro Gaspar a cavalo na cruz, a picá-lo”, explicou Sérgio Pereira . Os figurantes eram os “anjinhos” que representavam os portugueses que têm de pagar impostos.
É Sérgio Pereira e o seu cunhado, Maia Faria, quem habitualmente faz as figuras principais dos carros do rancho, tendo depois a ajuda de todos do grupo para a construção das peças, a pintura e costura dos fatos. “Nós esculpimos esta cruz em esferovite. É um jeito que nasce com as pessoas”, brincou.
O grupo de jovens “Maré Alta” da Serra do Bouro apresentaram um carro que abordava a necessidade dos mais novos terem que emigrar para conseguir um emprego. “É um avião em que todos vamos para várias partes do mundo, à procura de melhores condições de vida”, explicou Jéssica Avó.
Com ajuda dos pais, os jovens construíram todas as peças, apesar de nenhum deles estar a estudar na área das Artes. Utilizaram principalmente elementos que aproveitaram de carros dos anos anteriores e outros objectos que reciclaram, para diminuir custos.
Mais elaborado ainda foi o carro Associação Cultural Desportiva e Recreativa Santo Onofre Monte Olivett, que apresentou uma série de recriações de “ex-libris” das Caldas, desde a antiga Praça do Peixe à Praça da Fruta.
João Pina, presidente da assembleia geral da associação, admitiu que tiveram algum trabalho para fazer este carro “mas nós gostamos muito disto”. A acompanhar, para além dos figurantes vestidos a rigor, esteve o grupo de bombos da associação.
Para o próximo ano, o vereador Hugo Oliveira pretende sensibilizar as associações que participam a preparem coreografias para os seus figurantes.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

Fernando Costa só participou como boneco

O ainda presidente da Câmara, Fernando Costa, só foi visto nos dois desfiles de Carnaval das Caldas nos carros alegóricos que o evocaram, através de bonecos ou fotografias.
Depois de assumir a sua candidatura a Loures, Fernando Costa tem estado bastante activo na sua pré-campanha naquele concelho. Através do seu perfil no facebook é possível saber que mesmo em dias úteis da semana o edil caldense tem estado naquele concelho do distrito de Lisboa.
“Dia 1 de Fevereiro, sexta-feira, acompanhei Fernando Costa durante a sua visita à freguesia de São João da Talha”, escreveu o presidente do PSD de Loures, Ricardo Andrade. O também deputado municipal de Loures, tem sido um acérrimo defensor de Fernando Costa nas redes sociais, onde o autarca caldense tem sido alvo de várias críticas pela sua candidatura.
Nas redes sociais há também quem ponha em causa o facto de Fernando Costa não ter viatura pessoal e poder estar a utilizar o BMW da Câmara das Caldas para se deslocar a Loures.
Alguns dos carros alegóricos no desfile referiam mesmo, ironicamente, essa saída directa das Caldas para Loures.

“Governador das Caldas e de Loures”

O habitual pregão escrito e lido por António Marques, director da Expoeste e funcionário da autarquia, em todos os desfiles de Carnaval dos últimos anos, não esqueceu a candidatura de Fernando Costa a Loures.
“Governador das Caldas e de Loures e que se prepara para continuar a defender os muros desta praça, até que as rotundas cheguem a Odivelas e ao Largo da Graça, já que este conquistador nunca pára e agora dizem os do  Porto é o nosso Che Guevara”, leu.
Apelidando, em tom irónico, Hélio Catarino de “herói do skate” e o “maior cromo” e Cátia Palhinha de “Barra em geografia”, António Marques não esquece “o príncipe Fernando Ferreira que já fez correr tanta Tinta, a princesa deputada Maria da Conceição que habita a grande corte de Lisboa e o jovem príncipe Hugo Oliveira que é danado p’rá brincadeira”. Quanto aos vereadores da oposição, não tiveram direito a serem citados.

P.A.

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