Carlos Mingote, das contas da Secla para o mundo artístico

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Autodidata trocou contas pelas artes e transformou garagem em espaço de arte

Teve uma vida preenchida com a arte dos números, mas após 25 anos como Técnico Oficial de Contas na Secla, Carlos Mingote passou a fazer outro tipo de contas, assim que entrou na aposentação, dedicando-se às artes.
O septuagenário veio viver para as Caldas em 1976, após ter cumprir serviço militar em Angola e de ter sido Técnico Oficial de Contas também em Lourenço Marques (Moçambique). Foi lá que casou e onde nasceram as suas três filhas.
Natural da Covilhã, este autodidata tirou várias formações e há vários anos que integra o coletivo “Oficina de Escultura” que é coordenado pelo escultor Renato Franco, em Alvorninha.
O autor começou por dedicar-se à pintura, mas passou para a escultura, pois tem um problema de visão que já não lhe permite continuar a dedicar-se às tintas e telas. E, por isso, deixou de conduzir, tendo resolvido dar novo uso à… garagem. Assim nasceu a galeria em nome próprio, onde guarda as obras.
“Gosto de pintar, modelar ou esculpir pessoas e de me dedicar ao figurativo”, contou o autor à Gazeta das Caldas, enquanto faz uma visita guiada pelos espaço de arte, mostrando obras povoadas de pastores, campinos, varinas ou casais de namorados feitos com recurso a várias técnicas.
Este artista tem algumas obras em cerâmica, mas ultimamente está dedicado às esculturas, feitas em resina acrílica. Inicia a estrutura das figuras em arame, usa papel (incluindo de jornal), fita cola e depois reveste a resina. Esta técnica, que funciona por camadas, requer várias horas de trabalho, e foi iniciada pelo autor na altura do confinamento obrigatório. “Todas as minhas peças são únicas”, contou o escultor, que já foi distinguido com três prémios atribuídos pela revista francesa “Artistes Magazine”.
Carlos Mingote continua a frequentar a “Oficina de Escultura”, o ateliê onde aprende a dominar as mais variadas técnicas artísticas. E é desta forma que forcados, nazarenas, ardinas, ciclistas, fadistas, pescadores e assadores de castanhas ganham tridimensão pelas mesmas mãos que já os tinham pintado.
O autor tem vendido trabalhos para clientes de várias zonas do país e está disponível para participar em exposições. De resto, Carlos Mingote agradece o apoio do mentor, o escultor Renato Franco (formado na ESAD) e também aos colegas que em, anterior entrevista à Gazeta das Caldas, a propósito de uma mostra realizada no Museu do Ciclismo, em 2017, se designavam como “uma espécie de irmandade” e na oficina partilham “afetos, dores e alegrias”. É com o grupo que o escultor se desloca a Alvorninha, às sextas-feiras para horas de aprendizagem e de convívio desta “segunda família”. “Adapt’Arte” é como se intitulou a exposição de pintura e escultura de Carlos Mingote e de Manuel Basílio, que esteve patente no Museu de Arte Sacra, na Covilhã, entre setembro e novembro. ■

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