As “virtudes heróicas” de madre Maria Isabel da Santíssima Trindade, fundadora da Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres foram reconhecidas pelo Papa Francisco, a 5 de Julho, recebendo o título de “venerável”. A religiosa alentejana (1889 – 1962), que foi frequentadora do Hospital Termal, nas Caldas da Rainha, está agora a um passo de ser canonizada.
A socióloga caldense Margarida Rézio está a preparar uma investigação sobre a Madre Isabel, sobretudo na sua ligação à cidade termal e estabelece um paralelismo entre a sua vida e a da rainha D. Leonor.
Maria Isabel Caldeira nasceu em 1889 no Monte do Torrão (Elvas) numa família de lavradores abastados. Com formação superior em Belas Artes, casou com 23 anos com um também lavrador alentejano de quem fica viúva uma década depois e sem descendência directa. Reformulou a sua vida pessoal através de um “projecto singular de apostolado, apoiando na sua casa crianças e famílias carenciadas ou socialmente marginalizadas, e ajudando através de valores assentes no cristianismo seguindo o modelo evangélico da Bíblia”, explica a socióloga Margarida Rézio.
Em 1939 fundou a Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres e viria a falecer em 1962, com 73 anos. O reconhecimento social da sua obra e dos seus valores morais encontram-se subscritos actualmente na causa da sua Canonização, introduzida em 1998, e que aguarda agora pela informação de um milagre para que possa ser beatificada pelo Papa Francisco.
Durante o período em que esteve casada, e também depois de viúva, Maria Isabel esteve por diversas vezes nas Caldas da Rainha a fazer termas.
Margarida Rézio teve conhecimento da existência e da obra da madre Maria Isabel da Santíssima Trindade em 2011, quando visitou um lar em Fátima, fundado por essa religiosa. “Fiquei muito surpreendida com a obra que vi e comecei a investigar”, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que numa das suas conversas com a madre geral da congregação, teve conhecimento das suas deslocações às Caldas, para fazer tratamentos no Hospital Termal.
A investigadora tem recolhido dados dos jornais da época, que relatam passos daquela família de lavradores abastados do Alentejo e prepara-se para iniciar o estudo na cidade, nomeadamente para saber pormenores da sua frequência nas termas, como onde se instalou e os locais que frequentava.
“O que me impressiona na sua vida foi o facto de uma mulher inteligente, culta e rica ter sido capaz de se despojar de tudo em favor dos mais necessitados”, diz Margarida Rézio, que estabelece um paralelismo entre a vida desta mulher e a da rainha D. Leonor, que também termina num convento e dá os seus bens à beneficência. E acrescenta: “a madre não faz como a rainha, que funda um hospital, mas coloca as pessoas na sua própria casa e funda uma congregação”.
A Congregação das Religiosas Concepcionistas ao Serviço dos Pobres é inspirada por um cristianismo focalizado na integração social de indivíduos socialmente discriminados. Actualmente, além da casa mãe, em Elvas, a congregação possui três casas em Timor, quatro em Moçambique, três no México e uma em Itália.
A congregação possui também um jornal trimestral, a Seara dos Pobres, onde são editadas todas as graças obtidas por intercessão da madre Maria Isabel da Santíssima Trindade.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt































