CAMI dá uma resposta de proximidade aos doentes

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A equipa multidisciplinar dá resposta a utentes com diabetes, obesidade, insuficiência cardíaca e doença renal crónica

Aliviar o internamento e a Urgência do Hospital das Caldas, é o objetivo da Clínica de Ambulatório de Medicina Interna (CAMI), que funciona desde janeiro

Com as pessoas a viver cada vez mais tempo e com mais doença, o sistema de saúde só vai sobreviver se se conseguir manter estas doenças controladas. E como fazê-lo? Nas Caldas a resposta está a ser dada pela CAMI, que tem por objetivo aliviar o internamento e a urgência aos doentes com diabetes, obesidade, insuficiência cardíaca e doença renal crónica. “Se prevenirmos, tratarmos e otimizarmos terapêuticas, conseguimos que os doentes tenham menos agudizações”, explica Joana Louro, internista e coordenadora da CAMI, a funcionar desde janeiro.
Em 2017 entrava em funcionamento, nas Caldas, o Hospital de Diabetes, que foi crescendo e viria a tornar-se na Unidade de Diabetes. Associaram depois o tratamento da Obesidade, uma doença crónica altamente prevalente e que, ao ser tratada precocemente, também previne outras doenças, como a insuficiência cardíaca. Mas havia ainda outras doenças crónicas que, face à dificuldade de internamento, otimizaram recursos para lhes dar uma resposta mais efetiva e integrada.
À clínica, situada no Hospital caldense e que pretende criar relações de proximidade, chegam sobretudo doentes encaminhados pela Urgência e onde depois de tratados podem receber alta mais precoce. Recebem também doentes que estavam internados na Medicina, aos quais também podem dar altas mais precoces e continuar a terapêutica endovenosa na clínica, sujeitos a “menos infeções”.

A sala polivalente da CAMI. O projeto integra também a investigação na área da diabetes e da obesidade

O projeto foi também apresentado recentemente aos cuidados de saúde primários para que os próprios médicos de família, “identifiquem o doente precocemente e se crie um circuito em que eles vêm diretamente [à CAMI] fazer todo o tipo de administração de terapêutica, prevenindo o agravamento da doença”, explica Joana Louro. “Se os doentes fizerem estas terapêuticas de forma correta e titulada, vão mudar o curso natural da doença. Vão viver mais e melhor”, concretiza a médica da clínica de ambulatório que trata os doentes de uma forma holística. Num mesmo espaço, uma equipa diferenciada garante todos os cuidados de que precisam.
“No futuro os doentes devem ser menos institucionalizados, mas tratados preferencialmente em casa”, explica, dando os exemplos também da hospitalização domiciliária e das sessões de educação terapêutica, onde o doente e família são capacitados para lidar com a doença.

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Abertura a mais doenças
A CAMI é um projeto da Medicina Interna. Possui quatro internistas com mais horas afetas à clínica, mas também os outros médicos prestam serviço na clínica. Integram ainda o projeto uma dietista, uma psicóloga, uma assistente social, a farmácia hospitalar e a equipa de enfermagem, que é “estruturante em todo este projeto”, destaca Joana Louro, exemplificando com a especialidade ao nível da reabilitação cardiorrespiratória. A equipa, de cerca de 20 profissionais, integra também um fisiologista do exercício e estão a iniciar parcerias, com a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, para trabalharem a parte motora, que tanto na obesidade como na diabetes e insuficiência cardíaca, é muito importante.

Uma das consultas na clínica de ambulatório situada no Hospital caldense

Pela CAMI já passaram, desde janeiro, centenas de doentes. Atualmente prestam cuidados ao nível da diabetes, obesidade e insuficiência cardíaca e está a crescer. “O que nós sentimos é que, quando criamos uma resposta, ela é rapidamente ultrapassada, o que demonstra a carência de cuidados que a nossa população tem”, explica a coordenadora do projeto, reconhecendo que as pessoas apreciam estes cuidados de proximidade e de qualidade. São os próprios profissionais de saúde que vão buscar os doentes à porta e as famílias são convidadas a participar em todo o processo. A CAMI irá, no futuro, abranger as doenças autoimunes e o VIH, mas precisa de mais recursos. “Gostávamos que esta clínica, além de dar esta resposta em hospital dia, consulta e educação terapêutica nestas doenças crónicas, fosse também uma forma de avaliar os doentes dos cuidados de saúde primários, que precisam de uma avaliação pelo internista, com exames complementares de diagnóstico e avaliação médica, no espaço de uma semana, mas que não precisam de ir para a Urgência”, resume a responsável.
Rosa Amorim, diretora do departamento de Medicina, realça que todas as valências que “possam aliviar o internamento hospitalar são bem vindas”.
A CAMI dá resposta aos doentes que integram as unidades das Caldas e de Peniche, da ULS Oeste. ■

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