A Câmara da Nazaré apresentou queixa no Ministério Público (MP) para que sejam investigadas duas descargas de efluentes que levaram à interdição da praia em agosto e fizeram mais de uma centena de pessoas necessitar de assistência médica devido à contaminação da água.
“Não estamos a incriminar ninguém, nem a julgar ninguém, mas o que é facto é que houve um conjunto de coincidências que constatámos e que constam de um relatório que enviámos ao Ministério Público”, afirmou o presidente da Câmara, Manuel Sequeira (PS), em declarações à agência Lusa.
A queixa, apresentada contra desconhecidos, pede que sejam apuradas as circunstâncias que estiveram na origem do entupimento de uma conduta de saneamento e da descarga de esgotos para o mar em duas ocasiões distintas: no final de julho e na segunda semana de agosto. Os incidentes obrigaram à interdição da Praia da Nazaré a 1 e 13 de agosto.
Na sequência do primeiro episódio, 116 pessoas foram assistidas na Unidade Local de Saúde da Região de Leiria com sintomas relacionados com a contaminação da água.
O autarca admitiu ter “desconfianças de vária ordem”, apontando como possíveis causas ligações ilegais à conduta e o despejo de produtos inadequados nas canalizações, como óleos e gorduras, alegadamente provenientes de restaurantes. “A água sai na última caixa de visita em condições límpidas, transparentes, e chega ao pluvial em condições menos boas”, referiu, sugerindo que parte do problema possa ter origem em antigas construções ilegais.
A Câmara admite ainda avançar com uma auditoria para avaliar estas situações, mas pretende que o MP verifique se há indícios que justifiquem a abertura de um processo. Quando forem conhecidas as conclusões, o executivo municipal reunirá extraordinariamente para discutir o estado das condutas, construídas há cerca de 60 anos, e que, segundo Manuel Sequeira, já não dão resposta à pressão populacional em determinadas alturas do ano.
Sem intenções de se recandidatar, o presidente da Câmara apelou ainda a que os candidatos às eleições autárquicas de 12 de outubro assumam como prioridade a substituição da rede de condutas, investimento que estima rondar os dois milhões de euros.































