Quando viveu em Itália, apaixonou-se pelo molho, aprimorou a técnica e concorreu ao Campeonato do Mundo de Pesto Genovês em Almofariz. Ainda não foi desta que ganhou, mas promete não desistir
Tiago Serrenho auto intitula-se o 11º melhor do mundo a fazer pesto genovês. O jovem engenheiro do Ambiente, atualmente a residir e trabalhar no Luxemburgo, voou diretamente para Itália, no início do mês, para participar no Campeonato do Mundo de Pesto Genovês em Almofariz.
Depois de uma viagem atribulada com os atrasos dos transportes, chegou confiante ao concurso que junta uma centena de participantes no palácio ducal de Génova para, durante uma manhã, mostrar a sua habilidade na confeção, artesanal, do melhor molho que tem o manjericão como um dos ingredientes principais.
São 10 grupos de 10 elementos cada, a quem são sados sete ingredientes para utilizar na confecção da receita. “Toda a gente começa com as mesmas condições e depois tem 40 minutos para fazer o pesto”, explica o participante, acrescentando que, depois, o juri pontua seguindo critérios como a fineza da mistura, homogeneidade, manualidade, sabor ou a cor do molho. Não há uma “verdade absoluta” na forma de fazer o pesto, cada pessoa tem a sua técnica e ordem pela qual coloca os ingredientes, o que permite pequenas variações, que fazem a diferença, como aconteceu este ano com a jovem genovesa de 22 anos, Camila Pizzorno.
Tiago Serrenho não se conseguiu apurar para a final. Reconhece que talvez fosse um pouco confiante demais, mas não tem dúvidas que o sabor estava bom, ainda que pudesse ter um pouco de queijo a mais. Destaca a experiência, que viveu pela segunda vez, depois de já ter participado em 2018. A edição de 2020 foi adiada devido à pandemia, mas no ano passado foi realizada uma sessão online, em que a organização mandou os ingredientes para casa dos concorrentes, que depois participaram numa chamada de grupo.
O caldense foi, uma vez mais, o único português a participar no concurso que tem 50 lugares para os habitantes da Ligúria, 25 para o resto de Itália e ainda 25 lugares para estrangeiros. Entre estes, para além do português que viajou do Luxemburgo para o evento, estava também um participante que se deslocou de Tóquio para Itália para fazer o seu molho de pesto.
Tiago Serrenho está já a pensar na próxima edição, aprimorando pormenores, com o objetivo de tentar “trazer o caneco”. Entretanto, pesto é um molho que não falta em sua casa. “Já gostava muito de comer pesto e quando decidi participar, pela primeira vez, comecei a fazê-lo e desde então entrou no rol das receitas. Tenho duas filhas e, invariavelmente, quando pergunto o que querem jantar, dizem pesto!”, partilha.
Paixão pelo pesto artesanal
No blog de gastronomia que assina, o eggas.pt, o caldense lembra que apaixonou-se pelo pesto artesanal quando viveu em Itália.
“Sempre avesso aos vegetais, mimado pelas avós que arranjavam o prato e tiravam as coisas verdes para o lado, acabei especialista neste molho verde cru, extraído a frio e feito de sabores perfeitamente equilibrados”, refere. A descoberta nasce numa ida à Ligúria, o berço do pesto, uns meses depois de se mudar para o país e, “numa insuspeita tasca”, viu “sair um prato de minestrone alla genovese — ou sopa de entulho com pesto por cima. E um outro prato de confirmação: trofie al pesto — a mais interessante e tradicional pasta para comer pesto à genovesa, com batata cozida e feijão verde, para confundir os incautos e arredondar o repasto”.
E explica: o pesto tem de conter alho mas não demasiado. Tem de saber, claro, a basílico (manjericão) na conta certa, não podendo este ser abafado pelo parmesão, que por sua vez deve trabalhar em sintonia com o primo da Sardenha: o pecorino sardo, mais curado e salgado. A cremosidade do pinhão deve estar lá também, mesmo que não seja evidente, e o azeite nem muito nem pouco, acidez nos mínimos. O sal serve para afinar e ajudar no esmagamento do basílico, complementa. ■































