Joana Almeida passou pela depressão e decidiu contar a experiência em livro. “Amanhã o dia nasce outra vez” foi apresentado no domingo
O lançamento do livro “Amanhã o dia nasce outra vez – desabafos de uma depressão” (Editora Europa) decorreu a 17 de julho, no parque D. Carlos I. A esplanada do Cais do Parque encheu-se de familiares e amigos da autora, Joana Almeida, de 22 anos, que quiseram assistir à apresentação da obra, na qual a jovem de Santa Catarina conta a sua experiência com a depressão.
A doença foi-lhe diagnosticada aos 19 anos, altura em que decidiu pedir ajuda, pois já não queria sair de casa, não queria conviver e também já não conseguia, sequer, ir à escola.
Desde então tem sido acompanhada pela psicóloga Rita Morais, que considera que hoje em dia já é mais habitual não só pedir ajuda como ir às consultas ao psicólogo ou ao psiquiatra.
Sem entrar em pormenores, Rita Morais partilhou que os dias de Joana Almeida, a partir de 2019, foram invadidos por uma enorme tristeza, devido a algumas vivências que lhe aconteceram e que acabaram “por lhe causar dificuldades e dor”.
“As emoções são hoje mais faladas e ainda bem, pois elas fazem parte de nós”, disse a terapeuta, acrescentando que a sua paciente nunca lhe disse que não queria viver o dia seguinte,apesar de saber que foi complicado “viver com aquela dor todos os dias”.
Rita Morais estava longe de imaginar que Joana Almeida iria escrever um livro sobre a sua experiência, mas “é um motivo de orgulho ela ter sentido necessidade de partilhar o que viveu”.
Durante a apresentação, Joana Almeida relembrou que a depressão “é uma doença que deve ser aceite e não se deve ter vergonha disso”, partilhando que quando procurou ajuda “sabia que não estava bem e não há mal nisso. “Temos mesmo é de nos tratar”, sublinhou.
A caldense deixou ainda claro que há pessoas que não se sentem confortáveis em assumir o problema e, por isso, quis dizer-lhes que o que elas sentem “é sentido por muitos”. E deixou a sugestão a quem está a passar por uma situação de depressão, “que deve pedir ajuda a amigos, a familiares e aos profissionais da área, para que os possam ajudar a encontrar caminhos para superar os estados depressivos”.
Como a própria autora diz na introdução do seu livro-testemunho, “está na hora de terminar o estigma e de valorizar a saúde mental”. Joana Almeida sabe que a depressão é algo “que estará sempre” com ela, mas que agora “está bem mais calma”.
Na sessão contou também que a escrita teve um papel importante pois “ajudou-me a libertar-me de muitos pensamentos”.
Numa sessão emotiva falou-se também do papel da família, que é “essencial” mas que,por vezes, pela proximidade não é “fácil pedir-lhes auxílio”.
Rita Morais deixou ainda claro que há vários graus depressivos e que cada caso é um caso. Há pessoas que necessitam de medicação, outras não. “Nalguns casos fazem psicoterapia, noutros hipnose ou há quem apenas precise de um retiro de silêncio”, disse a terapeuta, que considera que, na maioria dos casos, se uma pessoa se queixa de falta de esperança no dia a dia, é preciso avaliar a sua situação. “Se há uma chamada de atenção é necessário perceber a razão para tal”, remata a profissional.
Segundo a psicóloga Daniela Mota, também presente, “qualquer um pode sofrer de depressão pois o sofrimento psicológico não escolhe género, estatuto ou idade e pode acontecer quando menos se espera”, frisou.
O livro de Joana Almeida “Amanhã o dia nasce outra vez – Desabafos de uma depressão” vai ter distribuição nacional. ■






























