
A inovação, que por enquanto funciona para detetar cancros do pulmão, do ovário, endométrio e colo do útero, está a ser desenvolvida por uma equipa multidisciplinar da Fundação Champalimaud, que integra o jovem químico Bernardo Raimundo
Natural das Caldas, Bernardo Raimundo é químico e atualmente encontra-se a terminar o doutoramento na Fundação Champalimaud. O jovem de 29 anos integra a equipa de investigação que permite detectar o cancro em fases iniciais, e por isso com maior probabilidade de sucesso nos tratamentos.
Quando terminou o ensino secundário, Bernardo Raimundo foi para Lisboa estudar Gestão no Instituto Superior de Economia e Gestão, mas não se identificou com o curso e, a meio do ano, decidiu mudar para a área científica. Química foi a escolha e, com ela, o início de um percurso que o leva a estar na descoberta de soluções inovadores para a doença oncológica. Feita licenciatura, seguiu para mestrado e foi no segundo ano que foi para a Fundação Champalimaud, para desenvolver a sua tese de investigação. Estávamos em setembro de 2000, em plena pandemia, e Bernardo Raimundo foi ajudar a elaborar o estudo piloto do rastreio que permite detetar o cancro através da respiração. Integrado numa equipa multidisciplinar, a Bernardo cabia recolher as amostras obtidas junto dos participantes no estudo e analisá-las. Foi a sua primeira grande investigação e, “na altura, enquanto aluno mestrado em Química, não tinha a ideia do que realmente se estava a fazer”, conta o investigador que, com o tempo e um maior entrosamento com todos os processos, apercebeu-se da abrangência deste estudo e do impacto que pode ter na vida das pessoas.
A investigação feita para a tese de mestrado, referente ao rastreio do cancro do pulmão, está concluída e já foram inclusive, publicados os resultados do estudo, mas a investigação continua. Bernardo teve a oportunidade de continuar na Fundação Champalimaud, onde se encontra a terminar o doutoramento. “Nós também queríamos expandir a investigação para mais tipos de cancro e, com o doutoramento, houve a oportunidade de fazer o mesmo tipo de estudo, mas para o rastreio de cancros do ovário, endométrio e colo do útero”, explica Bernardo Raimundo, acrescentando que a investigação já está feita, falta agora publicar os resultados. Durante este tempo foi também desenvolvido um estudo para o cancro do pâncreas, que ainda está numa fase mais inicial.
O jovem investigador realça que o objetivo da investigação é o de “tentar facilitar o rastreio destes tipos de cancro que podemos chamar mais silenciosos, porque só se manifestam quando já estão em estados mais avançados e, assim, antecipar essa deteção”. Antecipando a sua deteção, as possibilidades de tratamento aumentam e a qualidade de vida dos doentes também”, concretiza à Gazeta das Caldas.
O investigador realça que esta investigação permite rastrear, “tentar encontrar, através do teste do ar exalado, algum fator de risco que possa haver e leve as pessoas a ir ao médico para fazer os exames”, mas “não diagnosticamos a doença”.
Nos estudos efetuados foram incluídos dois grupos, um com pessoas que já têm a doença diagnosticada e que ainda não fizeram nenhum tipo de tratamento, e um grupo de controle, composto por pessoas que não têm a doença. Depois são feitos novos estudos de validação, onde pegam nas amostras que recolhem e testam nos modelos dos estudos anteriores para tentar “perceber se o modelo funciona para classificar estas amostras desconhecidas”. Um processo que ainda “está no início, explica o investigador, fazendo notar que depois deste processo de validação ainda terão de ser feitos ensaios clínicos, para depois poder ser implementado.
Bernardo Raimundo gostaria de continuar o trabalho de investigação na área da prevenção da doença oncológica e na sua “casa”, a Fundação Champalimaud. Reconhece, contudo, que “ainda é muito difícil ser investigador em Portugal”.






























