Banco Espírito Santo causou prejuízos avultados a clientes, alguns dos quais caldenses

Economista é acusado de um total de três crimes de burla qualificada. No concelho das Caldas da Rainha há cinco clientes do banco lesados, num montante global de 650 mil euros

O economista João Martins Pereira é um dos arguidos do caso BES, tendo sido acusado pelo Ministério Público (MP) de três crimes de burla qualificada em co-autoria.
Segundo a acusação, o antigo administrador da Espírito Santo Financial Group, cargo que ocupou exerceu entre Outubro de 2013 e Fevereiro de 2014, é visto, alegadamente, como uma figura relevante nas decisões tomadas por Ricardo Salgado no sentido de salvar o Grupo Espírito Santo (GES), em cujo plano de reestruturação participou.
Segundo o MP, o caldense era apontado por Ricardo Salgado como uma mais-valia na ligação com a consultora PwC à qual fora contratado em 2003. Contudo, entre 2003 e 2013, a auditoria da dito Grupo BES esteve a cargo da KPMG. A acusação sustenta que o presidente do banco desenhou uma estratégia para a sobrevivência do GES, através de uma reorganização societária da empresa, viciação das contas e captura do dinheiro de clientes das várias unidades do grupo.
Contudo, na acusação também transparece que João Martins Pereira se foi distanciando, e claramente divergindo, de algumas decisões tomadas pelo principal arguido do processo, acabando por abandonar qualquer cargo ou responsabilidade no universo GES em Abril de 2014.
Contactado pela Gazeta das Caldas, o antigo responsável pelo “compliance” do grupo salientou que é “somente agora com a acusação do processo que verdadeiramente se iniciam as fases do processo”, nas quais poderá apresentar a versão dos factos “e produzir as provas” de defesa. “Com o único e exclusivo propósito de demonstrar quer a correcção da minha conduta profissional quer a normalidade da confiança que depositei na actuação dos órgãos do banco numa época em todos apregoavam que se deveria confiar nesses órgãos e nos seus titulares”, frisou João Martins Pereira.

Lesados CALDENSES

Entre os lesados do BES encontram-se vários clientes das Caldas. Segundo a acusação, em 2013, um mecânico com perfil “conservador”, na agência de Santo Onofre do banco, subscreveu 100 mil euros numa emissão de papel comercial da ESI, “após ter sido contactado pelo seu gestor de conta que a tal o aconselhou”. O mesmo sucedeu com um agricultor, que também investiu 100 mil euros e tinha conta na agência da cidade do BES, tal como uma reformada, com conta na agência de Santo Onofre, que adquiriu 100 mil euros de papel comercial após o gestor de conta “lhe ter telefonado, sugerindo-lhe que aplicasse as suas poupanças”.
No caso do papel comercial da Rioforte, uma empregada de limpeza, da agência das Caldas, subscreveu 150 mil euros numa emissão, “após o seu gestor de conta lhes ter transmitido que se tratava duma aplicação segura”, o mesmo acabando por suceder com um ex-agente da PSP, que investiu 200 mil euros na operação.

- publicidade -