O evento mundial, que decorre em Lisboa entre 1 e 6 agosto, há muito que está a ser preparado. Nas Caldas, para além do “caminho” feito com os jovens que irão participar, mobiliza-se a cidade para que possa acolher peregrinos nesse período
Tiago Miradouro participou, em 2011 na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madrid (Espanha). Tinha 20 anos e recorda que foi uma “experiência marcante, inesquecível”, que agora quer que também possa ser vivida por outros jovens, com a realização do evento em Portugal. Juntamente com Marta Xavier e Ana Botelho, integra a equipa COP – Comité Organizacional Paroquial, que tem vindo a preparar, desde há três anos, a participação dos caldenses neste evento mundial, que prevê uma afluência em massa e a presença do Papa Francisco. Atualmente já estão inscritos jovens de 180 nacionalidades.
E, apesar de haver um manual de preparação da jornada, depois o país que a recebe tem de o adaptar à sua realidade. “É tudo a uma dimensão tremenda”, realça Marta Xavier, dando conta das necessidades ao nível de segurança e forças policiais, mas também de logística ao nível dos transportes, alojamento e refeições.
Tendo em conta a dimensão do evento, foram definidas como dioceses acolhedoras as de Lisboa (à qual pertence esta região), Santarém e Setúbal, por se encontrarem a uma hora de caminho do centro. Caldas candidatou-se a paróquia acolhedora e, embora não conhecendo ainda o resultado, o grupo acredita que virá a receber peregrinos. “Não sabemos de onde, podem ser portugueses (que são a maioria dos inscritos até à data) mas também estrangeiros”, partilha Marta Xavier, acrescentando que estes irão ficar em pavilhões e escolas.

Acolher peregrinos na cidade
Decorrem atualmente os contatos com a Câmara, juntas de freguesia e coletividades no sentido de garantir o uso desses espaços durante a primeira semana de agosto. O grupo está também a fazer um levantamento dos espaços religiosos da cidade que permitam fazer encontros, concertos, debates ou celebrações.
Para além disso, existem as famílias de acolhimento, que se disponibilizam para receber os jovens peregrinos em casa. Nestes casos, a exigência que é feita é que o voluntário resida na casa em que acolhe os jovens, no mínimo de dois, e que lhes garanta um espaço para descansar, banho e pequeno-almoço. “O resto está integrado no kit do peregrino”, explicam, especificando que a própria organização já tem parcerias com restaurantes e outras instituições que irão fornecer as refeições.
Atualmente já estão inscritas cerca de duas dezenas de famílias de acolhimento na paróquia das Caldas, mas o COP diz que são necessárias muitas mais, embora não consiga precisar quantas, pois as inscrições vão permanecer abertas até agosto. Os interessados podem contatar a paróquia. Há um formulário que depois preenchem com especificidades sobre quem podem acolher em casa.
A receber os jovens peregrinos e a ajudá-los, quer na instalação quer na descoberta da cidade estarão os voluntários paroquiais. “Temos de ter equipas para receber quem chega, porque o objetivo é acompanhá-los, inseri-los na paróquia, dar-lhes a conhecer a nossa cidade e proporcionar-lhes todo o conforto que pudermos”, explica Marta Xavier. Entre os voluntários, há ainda outra modalidade, a de chefe de equipa, que exige mais disponibilidade, pois implica que participe na semana anterior à jornada, na sua preparação, e também no próprio evento.
Estes responsáveis paroquiais acreditam que as Caldas será cidade de acolhimento devido à sua dinâmica, boas acessibilidades e estruturas. “Vamos ver os peregrinos nas ruas, vai haver muita cor e culturas completamente diferentes”, acreditam os responsáveis, destacando o impacto positivo que terá também na comunidade.
Atualmente o grupo da paróquia das Caldas já conta com 90 jovens para participar nas JMJ e as inscrições continuam abertas. Têm idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos, sendo que a maioria tem 16 e 17 anos, e vão com o pacote completo (alojamento, refeições, transporte, seguro e o kit do peregrino). Este pacote semanal tem um custo de 235 euros, mas há também outras modalidades, sem o alojamento, ou para apenas três dias. “A ideia foi a de proporcionar-lhes uma experiência completa, de peregrinos em missão, à descoberta, no despojamento”. Certo é que ficarão todos juntos, por isso mesmo é que ainda não foram fechadas as inscrições.
Os voluntários contam ir a todas as escolas caldenses para que todos os jovens possam saber o que é a JMJ e ter a opção de quererem, ou não, participar. “Em muitos casos os próprios jovens fizeram sessões de esclarecimento junto dos colegas”, explica Tiago Miradouro, acrescentando que muitos dos participantes chegam através de amigos. ■

Voluntários trabalham há longos meses com os jovens
O objetivo é envolver os jovens na fé e proporcionar uma experiência única
Profissionais em diversas áreas, alguns casados e com filhos, os elementos da equipa COP dedicam muitas horas da semana à preparação da JMJ, há longos meses. Move-os a fé e a vontade de servir, mas também a possibilidade de proporcionar aos jovens uma experiência única. Catequistas do Say Yes, têm dinamizado semanalmente atividades e agora, dizem, já são os jovens quem pede mais pois estão bastante envolvidos. “O que nos une é sermos amigos e cuidarmos uns dos outros e eles começam a descobrir esta forma de viver”, refere Ana Botelho, lembrando que há dias participaram na Via Sacra, em Lisboa, e que para os jovens foi muito importante fazer parte do grupo e sentirem o espirito de união.
A 150 dias do evento, dizem que é altura de acelerar o processo. “Estamos muito motivados, nós damos a cara mas temos uma equipa muito boa que nos suporta”, realçam.
Esta edição vai atrair ainda mais jovens pela presença do Papa Francisco. Ele costuma enviar mensagens de incentivo, a nível nacional, para os párocos, para os jovens e para famílias de acolhimento, explicam os responsáveis da COP.
Em 2019, data da última JMJ, juntaram-se no Panamá mais de 200 mil jovens provenientes de 155 países, entre eles 300 jovens portugueses. Na génese da jornada esteve a crença do Papa João Paulo II na juventude e a atenção especial que lhes dava. Em 1984 quis encontrar-se com os jovens no Domingo de Ramos. Esperava cerca de 60 mil pessoas, mas apareceram mais de 250 mil, vindas de diversos lugares do mundo. No ano seguinte João Paulo II resolve reunir-se de novo com os jovens e juntaram-se 300 mil peregrinos. É nesse ano que começa a criar-se uma estrutura parecida com a que permanece nos países que recebem o evento: a realização de diversas atividades e, por fim, a missa de envio com o Papa, onde, antes do final, anuncia a cidade que acolherá a próxima edição. ■































