
As três autarquias tomaram uma posição conjunta relativamente à localização do novo hospital do Oeste, apontando à escassez de critérios do estudo e defendendo a opção Caldas-Óbidos
As Câmaras de Caldas, Óbidos e Rio Maior marcaram, no dia 6 de fevereiro, a sua posição conjunta relativamente à construção do novo hospital do Oeste, defendendo que o mesmo deve ficar localizado no terreno proposto entre Caldas e Óbidos.
Vítor Marques, Filipe Daniel e Filipe Santana Dias, respetivamente presidentes de Câmara de Caldas, Óbidos e Rio Maior, abordaram a temática e salientaram a escassez de critérios (tempo e distância) que foram tidos em conta no estudo encomendado pela OesteCIM. Vítor Marques notou que, desde o momento em que foi lançado o estudo, a autarquia apontou que “os critérios eram demasiado redutores”.
Vítor Marques aponta que não estão a ser tidas em conta “as diversas respostas, quer públicas, quer privadas, quer mesmo no âmbito social”. Depois questionou a inclusão de Alenquer, Mafra, Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço, “que hoje já têm respostas nos hospitais mais a sul. Porque entram nesta equação e depois não entra, por exemplo, Rio Maior?”.
Os autarcas apresentaram “os critérios que apontam que esta é a localização adequada”. Para o edil, o novo hospital “deve ter em conta as necessidades do território, não do que está consagrado no estudo. Se isto fosse uma ilha, seria normal consagrar só este território, mas temos que o consagrar na sua plenitude. Não consagrámos Rio Maior, uma parte de Alcobaça que Leiria já não responde e outras zonas que Santarém não responde e contemplámos concelhos que não reportam ao CHO, o que seria normal se não tivessem prestação de cuidados adequados nos hospitais de Loures e Vila Franca”.
Vítor Marques salientou ainda que o novo hospital do Oeste estará integrado na rede nacional hospitalar e que Leiria e Santarém hoje precisam de aumentar instalações “que estão no limite”, enquanto a sul “isso não acontece em Loures e Vila Franca”. O edil caldense, que apontou a um alegado favorecimento socialista, defende que “não podemos defraudar as dinâmicas do território” e acrescenta à equação a atratividade do local onde o novo hospital for instalado, importante na captação de profissionais de saúde.
Ainda sobre o estudo, Vítor Marques disse que “isto não é tão sério assim como possa parecer”, explicando que, nas nove localizações apresentadas, “há terrenos sem dimensão adequada, outros são cortados a meio por autoestrada ou ferrovia, outros têm orografia complexa, inclusive com linhas de água de dimensão relevante, e há terrenos a dois quilómetros de aterros sanitários”.
Também Filipe Daniel questiona os critérios, realçando que querem contribuir para uma tomada de decisão em consciência, “com todas as cartas em cima da mesa e que sejam avaliados mais parâmetros do que o tempo e a distância”. Tal como Vítor Marques, o autarca de Óbidos salienta a importância da existência de serviços complementares e à necessidade de acautelar a formação de novos profissionais na área da saúde, que “com esta solução com 60 hectares disponibilizados por Caldas e Óbidos seria possível, trabalhar a área da academia, formar enfermeiros, assistentes técnicos e até médicos”.
Por outro lado, o autarca obidense realça que só o seu concelho, no interior das muralhas, recebe 2,5 a 3 milhões de visitantes anuais. “Não é um hospital só para servir os que cá vivem, mas também os que nos visitam”, nota.
“Não basta um terreno para um equipamento coletivo desta natureza, tem que reunir todas as condições”, exclamou o autarca.
Filipe Daniel salientou a proximidade do terreno proposto com a linha ferroviária e acrescenta ainda a questão da coesão territorial nesta discussão. “Se continuarmos a centralizar, mais próximo de Lisboa, estas unidades de saúde, estamos, ainda que no litoral, com uma presença quase de interior em matéria de coesão territorial”.
O presidente da Câmara de Óbidos diz ainda que estranha que o estudo não tenha sido antecipadamente dado a conhecer na Comunidade Intermunicipal do Oeste, que o encomendou.
Filipe Santana Dias, presidente da Câmara de Rio Maior, disse que representa “as populações que, não sendo da área de influência deste hospital, são por ele servidas. Rio Maior tem como hospital de referência o de Santarém, não obstante grande parte da nossa população continua a ser atendida no hospital das Caldas da Rainha”.
O autarca sente que “deslocalizar esta unidade hospitalar para fora das Caldas deixará menos disponibilidade e qualidade de serviço à população que tenho a honra de representar” e diz que este é o apontar de uma escolha que “parece a régua e esquadro”.
Filipe Santana Dias deixou ainda um convite aos decisores para virem ao terreno conhecer as realidades e as populações. “Não é dentro do conforto do gabinete que se conhece o país real”, acusou.
No caso de Rio Maior, especialmente os cerca de nove mil habitantes da cidade e os da freguesia de Alcobertas recorrem ao hospital de Caldas, “mas é transversal a todo o concelho”.
“A falta de alternativa é o grande argumento para esta defesa”, afirma o autarca.
Tanto Vítor Marques como Filipe Daniel também salientaram que esta “é uma responsabilidade que cabe ao governo central” e que este “não se deve demitir da sua responsabilidade de tomar, de uma vez por todas, uma decisão e definir a localização”.
“Estamos numa fase em que podemos fazer a diferença”, disse Filipe Daniel. “Se outros poderão ganhar, Caldas da Rainha jamais poderá perder o que esteve na sua génese”, defendeu.
PS de Torres Vedras repudia
O PS de Torres Vedras repudiou “veementemente” esta tomada de posição. “Caldas da Rainha não é a melhor solução para o Oeste, a saúde nunca poderá ser usada como arma de arremesso político”, referem em comunicado, acrescentando que “é inadmissível a política de bairrismo como está a ser tratada a saúde no Oeste” e que “a centralidade é fundamental para a resposta efetiva a todos os utentes”. ■






























