A candidatura do município caldense à Rede de Cidades Criativas da UNESCO do domínio de Crafts and Folk Art foi submetida no passado dia 28 de Junho e deverá ser analisada ao longo deste mês, mas a decisão final só deverá ser conhecida em meados de 2020.
Para este projecto, a Câmara das Caldas prevê investir nos próximos quatro anos cerca de 1,5 milhões de euros, sobretudo na criação de oficinas, realização de intercâmbios de ceramistas e investigação
Valorizar o trabalho manual e a sua visibilidade e promover empregos sustentáveis no sector cultural e criativo, são alguns dos desafios da candidatura caldense, elaborada no âmbito da Cátedra UNESCO em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade do IPL.
Entre as propostas avançadas estão o desenvolvimento do Observatório Living Cities, dedicado à investigação em cidades cerâmicas, nas áreas da cultura e da sustentabilidade. Este projecto foi candidato a financiamento por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia e prevê parcerias com Itália, Brasil e Alemanha.
Está prevista, entre outros projectos, a criação nas Caldas de um pólo cerâmico com oficinas e uma concept store (loja especializada). Os ceramistas poderão participar num programa de mobilidade para o estrangeiro e está prevista a instalação de um ecoponto para recolha de resíduos cerâmicos que monitoriza os possíveis efeitos de poluição resultante destas actividades. Trata-se de um equipamento para colocar num espaço da cidade e que evitará que os gessos e outros resíduos contaminem as águas, destinando-se sobretudo à actividade dos pequenos ateliers e workshops de cerâmica.
Também a bienal Molda terá continuidade.
Luísa Arroz, professora na ESAD e responsável pela preparação da candidatura, destaca que este foi um processo “consultivo a muitas entidades e ceramistas locais” e que daí resultaram as propostas avançadas.
“Uma nova dinâmica no sector criativo da cerâmica”
João Serra, comissário da Molda, lembrou que a candidatura foi o traço motivador para o surgimento da bienal, em 2015, e que agora há um ciclo que se encerra. “Esta candidatura pretende reforçar o sector criativo da cerâmica localizado nas Caldas”, disse, destacando que este cresceu muito nas últimas décadas, sobretudo por acção das formações proporcionadas pelo Cencal e ESAD.
O investigador disse que há hoje no concelho das Caldas “mais de cinco dezenas de autores que produzem pequenas séries ou peças únicas, que querem colocar nos mercados e internacionalizar”.
João Serra espera que a candidatura seja aprovada pois trará “uma nova dinâmica ao sector criativo da cerâmica”, permitindo conhecê-lo melhor e que ele se desenvolva de forma mais adequada aos dias de hoje.
João Mateus, da direcção da ESAD, destacou o empenho da escola caldense e do próprio IPL na preservação do curso de Cerâmica (Design de Produto – Cerâmica e Vidro), recordando que no ano passado este era o único a nível superior no país.
Já o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, lembrou todo o processo que levou à candidatura, nomeadamente a aquisição de peças e constituição da rede das Cidades e Vilas de Cerâmica, com sede nas Caldas. Deixou ainda a garantia que irão continuar a desenvolver actividades de afirmação das Caldas como uma terra de artes na vertente do artesanato e da arte popular, independentemente do resultado obtido com a candidatura.
Para dinamizar os projectos previstos na candidatura e as oficinas para a actividade cerâmica na zona da Parada e no Pátio dos Burros, a Câmara tem previsto um investimento de 1,5 milhões de euros. Contudo, se juntar a requalificação e ampliação do Museu de Cerâmica, esse valor sobe para 3,5 milhões.
O autarca reconhece que a distinção poderá ajudar a uma candidatura da autarquia a fundos comunitários para financiamento da ampliação do museu da cerâmica.






























