Caldas Fora de Horas: uma ideia com muito potencial para o comércio

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Objetivo é que quem vem apreciar as iluminações de Natal possa, também, fazer compras no comércio local

A ideia é boa e apesar de a maioria só se juntar neste fim de semana, os que tiveram as portas abertas por estes dias notaram visitantes

Na noite deste sábado a Gazeta das Caldas saiu pela cidade depois do jantar para ver se o comércio local estava aberto e se beneficiava do movimento de pessoas que se via. A Associação Comercial (ACCCRO) propôs este ano, pelo segundo Natal consecutivo, que os comerciantes aproveitassem e abrissem os estabelecimentos num horário prolongado, permitindo a quem passeia pela cidade para desfrutar da iluminação e aproveitar a oferta natalícia a possibilidade de, também, fazer compras no comércio tradicional. O “Caldas Fora de Horas” é uma ideia que, não sendo inovadora, é interessante para uma cidade como as Caldas. Só que neste fim de semana grande, com feriado à sexta-feira, com Caldas Street Food e Bazar à Noite, com milhares de pessoas pelas ruas, poucos foram os comerciantes que efetivamente tiveram as suas portas abertas.
Apesar da lista de inscritos ter aumentado exponencialmente, a maioria só vai efetivamente abrir as portas este fim de semana, pelo que será novamente interessante perceber o movimento pelas ruas da cidade e no comércio. Há comerciantes que se inscrevem para todos os dias e quem apenas o faça para dias específicos, mas também há quem opte por alargar horários só nos fins de semana.
Uma das grandes dificuldades é mesmo a gestão de recursos humanos, especialmente tendo em conta que muitos são pequenos negócios, o que obriga os comerciantes, muitas das vezes, a prolongarem eles mesmos os seus horários durante estes dias. No nosso passeio pelas ruas das Caldas encontramos, por exemplo, o atelier dos Minidesigners de portas abertas. “É uma boa iniciativa da Associação Comercial, é interessante”, analisa Ricardo Fonseca, notando que com um fim de semana grande e com eventos era bom que estivessem mais lojas abertas na cidade. “As pessoas têm visitado a loja”, conta. “Abrimos ontem e hoje, ontem com menos gente, houve algumas vendas, mas mesmo quando não há vendas imediatas, as pessoas ficam a conhecer”, frisam. Consideram importante a existência de espaços de cafetaria abertos, que está prevista para este fim de semana, e a animação nas ruas. Admitindo que “é difícil gerir, porque são muitas horas, hoje, por exemplo, entrámos às 10h00, almoçámos e jantámos a correr e vamos sair às 23h00”, notam que “é um esforço, mas é só ao fim de semana”. Já no primeiro ano os Minidesigners participaram, mas apenas no último fim de semana antes do Natal e sentem que havia menos gente nas ruas do que neste ano.

Lojas que estiveram abertas registaram afluência de clientes e visitantes

Logo em frente, com quase uma dezena de clientes na loja, encontramos a Babushka. Anna Filyuk mostra-se muito a favor desta ideia, não só no Natal, mas também noutras épocas do ano. “Já no último Natal aderi porque é uma mais valia”. Salientando a presença de muitas pessoas na cidade, considera que “o comércio tem que acompanhar as pessoas” e ir ao encontro dos seus horários, “não fechar quando as pessoas saem do trabalho”. A importância dos cafés também é frisada pela empresária.
Seguimos pela Rua Miguel Bombarda e encontramos a Loja do Sr. Jacinto, que até começou a abrir as portas à noite antes da sugestão da ACCCRO. “Há dois anos, numa sexta-feira de dezembro andava muita gente nas ruas e nós estávamos na loja e íamos fechar normalmente às 19h00, mas os clientes continuavam a entrar e decidimos ficar até ter clientes, que foi até à 1h30”, conta Cláudia Henriques. E foi assim que tudo começou. “Já temos pessoas que todos os anos vêm às Caldas para ver as luzes e a animação, mas também para vir à Loja do Sr. Jacinto, porque criaram esse hábito”, conta, apelando a uma união dos comerciantes em torno de um objetivo comum, admitindo as dificuldades do prolongamento dos horários no que à gestão de recursos humanos diz respeito. Cláudia Henriques elogia a iniciativa, mas sente que é preciso mais estratégia e comunicação. Na sua ótica, seria de esperar maior participação neste fim de semana, até porque considera que “a ACCCRO tem trabalhado bem o Natal nas Caldas” que “é o evento mais consolidado na cidade”, que “tem muito potencial”. Concorda que a ideia poderia estender-se a outras épocas do ano, questionando, por exemplo, se faz sentido ter as portas abertas durante a tarde no verão e fechar às 19h00. Sente também que, ainda que nem sempre se concretize a venda imediata, este tipo de oportunidade é importante para a divulgação. “Ao nível do consumidor os hábitos estão a mudar e a prova viva são os clientes na loja. Já ontem, por exemplo, estivemos abertos e não foi uma noite espetacular, mas há dias que vai correr bem e dias em que vai correr mal, em qualquer horário”. Entre as melhorias concorda com a animação e com a necessidade de terem café, “mesmo que os cafés não estejam abertos”. Mas, nota, “os caldenses têm que perceber se querem ter uma cidade dormitório ou uma cidade viva e criativa”. A empresária elogia também a maior presença e a postura das forças policiais.

Durante as noites de quinta e sexta-feira e de sábado via-se muita gente nas ruas da cidade
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Ao passear pela Rua das Montras, a mais comercial artéria da cidade, não encontramos nenhuma loja aberta, sendo que neste fim-de-semana e no próximo o cenário deverá ser diferente. É por lá que encontramos Paulo Marques a passear. “Acho que é uma boa ideia, é bom que as lojas estejam abertas quando as pessoas andam a passear pelas ruas, a ver a iluminação de Natal, porque anda efetivamente muita gente nas ruas, mas vi poucas lojas abertas, o que é pena”, afirmou. ■

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