Comemorações na cidade foram organizadas por três freguesias, num sinal de unidade entre os autarcas do concelho
25 de Abril, 11h30. O som da fanfarra a chegar frente aos Paços do Concelho convida a população a juntar-se às individualidades que se concentram na escadaria e assistir a mais uma cerimónia do içar da bandeira. Este ano houve cravos vermelhos nas mãos de alguns dos presentes e também na lapela de alguns dos autarcas que participaram na cerimónia. Ao mesmo tempo que as bandeiras iam subindo no mastro ao som da música interpretada pelos bombeiros caldenses, elementos da Columbófila largavam 48 pombos, que rapidamente esvoaçaram em várias direções, em liberdade.
Este ano as comemorações do 25 de Abril nas Caldas foram organizadas pelas Uniões de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório, de Santo Onofre e Serra do Bouro e de Tornada e Salir do Porto. A ideia partiu do autarca Pedro Brás (Vamos Mudar), que convidou os seus homólogos, numa demonstração da união que existe entre as freguesias do concelho. E o objetivo passa por, no próximo ano, envolverem mais autarcas nas comemorações, que querem que se estenda por todas as freguesias e não apenas as que estão mais próximas da cidade.
“Devemos estar todos juntos”, salienta Pedro Brás, presidente da União de Freguesias de Caldas – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório. A opinião é corroborada pelo colega de Santo Onofre e Serra do Bouro, Nuno Santos (Vamos Mudar), que destaca a importância de fomentar o espírito de grupo que existe. “Há um excelente grupo de presidentes de Junta, funcionamos muito bem em conjunto e acho que é para continuar”, manifestou à Gazeta das Caldas.
À semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores decorreram vários eventos, sobretudo de índole desportiva e cultural, na cidade, nos dias 24 e 25 de abril, mas também com iniciativas em Tornada e em Salir do Porto, como foi o caso do testemunho público, dado na manhã de 25 de abril, por João António Santos e José Acácio Moreira, ambos de Salir do Porto e que participaram nos acontecimentos do 16 de marco e no 25 de abril de 1974, respetivamente.
A cerimónia do hastear da bandeira ficou ainda marcada pelo hino nacional cantado pelo caldense Paulo Seixas. Também usual nesta freguesia é o uso do cravo vermelho nas cerimónias, que este ano também foi oferecido às individualidades que participaram nas cerimónias que decorreram na cidade.
“Já é um hábito a freguesia distribuir cravos vermelhos pela população e temos, inclusive, uma senhora que mora junto à sede de freguesia que enfeita sempre a sua varanda com estas flores a lembrar a data”, explicou o presidente da União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto, João Lourenço (PSD).
Os autarcas registam com agrado a afluência de pessoas às diversas iniciativas que decorreram, como foi o caso do concerto, pelo Coral das Caldas, no Hospital Termal completamente lotado, ou a atuação das crianças e jovens da Moove School Dance no Bairro dos Arneiros.
Junto aos Paços do Concelho decorreu, ao final da manhã do dia 25 de abril, a tradicional largada de pombos, enquanto eram hasteadas as bandeiras ao som da fanfarra dos bombeiros.
Também o PCP não deixou passar a data em claro, tendo levado a cabo um almoço-convívio, que reuniu meia centena de pessoas num restaurante da cidade. A iniciativa contou com a participação de Margarida Botelho, membro do Secretariado do Comité Central do PCP e antiga deputada municipal da CDU nas Caldas da Rainha. A caldense fez uma intervenção sobre o momento político atual e sobre a “importância de celebrar todos os anos o 25 de Abril, continuando a defender os seus valores e os seus ideais”.
A revolução foi assinalada um pouco por toda a região, com diversas atividades organizadas pelas autarquias e associações.
“Repressão do Estado Novo no Bombarral visto por familiares” foi o tema que marcou o arranque das Tertúlias Bombarralenses, uma iniciativa da Associação de Defesa do Património Cultural do Concelho do Bombarral que decorreu no Teatro Eduardo Brazão na noite de 24 de abril. O encontro contou com a coorganização da União de Freguesias de Bombarral e Vale Côvo e da União Cultural e Recreativa do Bombarral e o apoio da Câmara.
Manuel Patuleia, combatente na Guerra Colonial, José Pires, dirigente associativo que deu o salto para França para escapar à PIDE e à mobilização militar para o Ultramar, e Sérgio Macatrão, filho de comunistas que foram presos durante o Estado Novo, partilharam as suas memórias do tempo da ditadura.
Regressado da guerra gravemente ferido, que o deixou cego para a vida, Manuel Patuleia resumiu numa frase o que sofreu a sua geração: “Somos a juventude que transportou o Portugal fascista para o Portugal democrático”.
Em Óbidos, o concerto de comemoração do 25 de Abril, intitulado “O sonho comanda a vida”, levou ao Auditório da Casa da Música, na noite de dia 24, a voz de Joana da Oliveira e as guitarras de Duarte Dias e Tiago da Neta.
Também em A-dos-Negros se assinalou a revolução dos cravos, com a inauguração de uma exposição de pintura de Teresa Capinha e do baloiço panorâmico na Junta de Freguesia. Houve uma caminhada solidária, animação musical e lanche convívio.
Em Alcobaça, foram retomadas as comemorações, com deposições de coroas de flores no monumento ao 25 de Abril, em frente aos Paços do Concelho, e no monumento dedicado a Humberto Delgado, na Cela Velha. E se, à tarde, os membros da Assembleia Municipal visitaram a exposição “25 de Abril | Lápis Azul: A Censura no Estado Novo”, patente até 19 de junho no Museu do Vinho de Alcobaça, a manhã foi dedicada ao cumprimento dos 7 km da tradicional caminhada do 25 de Abril “Caminhar em Liberdade”, que reuniu cerca de um milhar de participantes e com partida em frente ao Mosteiro. ■































