Caldas da Rainha no epicentro de reportagem da TVI sobre financiamento estatal ao grupo GPS

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A polémica controvérsia em torno do financiamento do Estado aos colégios privados com contrato de associação – como é o caso dos colégios Rainha D. Leonor e Frei Cristóvão – está longe de chegar ao fim.
A denúncia foi feita pelo movimento de professores “Em Defesa da Escola Pública no Oeste”, que refere o favorecimento do Estado a estes colégios do grupo GPS através do encaminhamento de turmas quando há vagas na escola pública.
O caso, que já foi divulgado na comunicação social local e debatido na Assembleia Municipal, teve agora projecção nacional, com uma reportagem da TVI emitida na passada segunda-feira e que foi vista por um milhão e meio de telespectadores.
O Repórter TVI, que teve por tema “Dinheiros públicos, vícios privados”, abordou as ligações partidárias dentro do grupo GPS e apontou os colégios caldenses como exemplo dos locais onde os professores mais pressões sofrem para trabalharem para além do legalmente permitido.
A reportagem começou mesmo nas Caldas da Rainha com o Colégio Rainha D. Leonor, situado a pouco mais de um quilómetro de uma escola pública. José Pimpão, director da Secundária Raul Proença, foi um dos entrevistados pela jornalista Ana Leal, tendo referido que no momento em que o colégio foi construído, “possivelmente, já não se justificaria a construção de uma escola”, mas que, mesmo assim, “em vez de uma construíram duas escolas no concelho: o colégio Rainha D. Leonor e o Colégio Frei Cristóvão, em A-dos-Francos”.
Este responsável disse que sentiu que houve favorecimento por parte da DREL para com os colégios privados caldenses, recordando que numa reunião que teve no Verão viu serem distribuídos mais turmas para o grupo GPS, ao mesmo tempo que eram recusadas turmas para a sua escola. José Pimpão disse ainda que o GPS ”é um grupo poderoso e com influências na área dos partidos que estão no poder”, uma vez que elementos que tiveram cargos políticos, como José Canavarro (ex-secretário de Estado da Administração Educativa do governo de Santana Lopes) e José Almeida (ex- director regional de Educação de Lisboa), integram os quadros daquele grupo.

“Corta-se na escola pública, transfere-se para o privado”

Já Manuela Silveira, docente da Escola Rafael Bordalo Pinheiro e do Movimento Em Defesa da Escola Pública no Oeste, disse que é falso que as escolas públicas estejam sobrelotadas e considera que “há um favorecimento dos interesses privados e há recursos que estão subaproveitados. Corta-se na escola pública, transfere-se para o privado”.
A reportagem refere que na Escola Bordalo Pinheiro foram investidos mais de 10 milhões de euros pela Parque Escolar e que esta está equipada com oficinas de mecânica e laboratórios topo de gama, mas que não são utilizados pois alunos desses cursos estão a ter aulas nos colégios.
Alguns ex-professores também deixaram o seu testemunho da passagem pelos colégios do grupo GPS, onde falaram de um “clima de intimidação” e das declarações que assinaram para dar uma carga horária superior à prevista, sob pena de não lhes darem horários. António Calvete, presidente do Grupo GPS disse que essas declarações são legais, ao contrário do que afirmam os sindicatos dos professores.
Na passada segunda-feira, e ainda antes de ir para o ar a reportagem da TVI, a Inspecção Geral de Educação informou que iniciou uma auditoria aos 26 colégios do grupo GPS.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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