Caldas da Rainha e Le Raincy empenhadas em intensificar geminação

O incremento de parcerias ao nível económico, cultural, desportivo e de governância municipal foram propostas pelo autarca francês ao seu homólogo caldense no sentido de reforçar a geminação que existe entre as duas cidades. Esta ligação começou a ser delineada em inícios da década de 2000 e apadrinhada por Manuel Oliveira, um emigrante do concelho de Pombal em Le Raincy, que contactou o então presidente caldense, Fernando Costa. A geminação viria a formalizar-se em 2008 e integra, além de Le Raincy e as Caldas da Rainha, mais uma cidade inglesa e outra italiana.
Durante este período têm sido feitos intercâmbios de jovens e séniores e exposições, que integram peças de artistas das duas cidades. No ano passado a autarquia de Le Raincy promoveu um concurso de fotografia entre as cidades geminadas e as imagens enviadas pelos alunos da Universidade Sénior das Caldas foram as vencedoras.
Jean-Michel Genestier foi eleito como independente apoiado pela direita e comanda os destinos da cidade francesa há três anos. Veio às Caldas pela primeira vez no passado sábado para apresentar cumprimentos aos autarcas caldenses e manifestar a sua intenção em intensificar a geminação entre as duas cidades. Caldas da Rainha é a única localidade portuguesa com quem Le Raincy é geminada e o autarca considera que as ligações com Portugal “são muito importantes”. Desde logo porque existem muitos portugueses a viver naquela cidade e estão ligados à sua história, sobretudo do ponto de vista económico, pois trabalhavam nas suas fábricas.
Com as Caldas da Rainha o autarca francês quer que as trocas sejam o mais ricas possível e nas mais diversas áreas. Lembrou a parceria que tem existindo ao nível cultural e referiu que o concurso de fotografia, ganho pelas Caldas no ano passado, voltará a realizar-se este ano. Jean-Michel Genestier informou ainda que Le Raincy foi elevada a cidade em 1869 e que no próximo ano celebram os 150 anos, convidando-os a estar presentes.
Tinta Ferreira contou a história das Caldas e referiu que as duas cidades têm aspectos coincidentes, nomeadamente um bom índice de poder de compra relativamente ao todo nacional, a segurança e as preocupações ao nível da educação, cultura, desporto e área social. O autarca destacou a importância do comércio, de indústrias na área da cerâmica e componentes para automóveis, de uma agricultura com produtos de elevada qualidade.
Tinta Ferreira disse que as Caldas é a quarta região em Portugal, a receber mais franceses para se fixarem, depois de Lisboa, Porto e Algarve. “Estamos muito interessados em cimentar relações e dar continuidade a este processo”, concretizou.
Já a vereadora Maria da Conceição Pereira, que desde o início acompanha o processo, explicou que houve sempre por parte da Câmara das Caldas disponibilidade para a geminação, embora reconheça que a mudança de autarcas em Le Raincy tenha esmorecido as coisas. “Mas ao fim destes anos cá está o presidente da Câmara com a mesma vontade de manter e até aprofundar a geminação”, afirmou.
Antes de fazer uma visita guiada pela cidade, os autarcas trocaram lembranças. Tinta Ferreira recebeu vários livros, com a história de Le Raincy e sobre André Le Notre, paisagista responsável pelo projecto do Jardim de Versailles e de jardins naquela cidade. Por sua vez, o autarca francês foi presenteado com um livro sobre as termas e a história da cidade, uma peça de Bordalo Pinheiro e uma serigrafia de Ferreira da Silva.
Caldas da Rainha está actualmente geminada com Le Raincy (França), Figueiró dos Vinhos (de onde é natural o pintor José Malhoa) e Poços de Caldas (Brasil), esta última também uma estância termal. Segundo a Câmara Municipal, há ainda acordos de intenção de geminação com Coria e Badajoz (Espanha), Ribeira Grande (Cabo Verde), Cambo-les bains (França), Dinant (Bélgica), Perth Amboy (EUA) e Lubango (Angola). Alguns destes acordos de geminação têm décadas.