A partir de hoje, e até 1 de Outubro Caldas da Rainha e o arquipélago de S. Tomé e Príncipe vão estreitar laços. Pela cidade haverá cheiros, sabores e danças daquele país africano, guiados pela figura de Claudina Chamiço, uma filantropa do século XIX que teve ligações às Caldas da Rainha, que deixou obra feita nos dois locais.
O caldense Mário Lino, que escreveu uma obra sobre o mesmo tema para lançar na ocasião, é o mentor do evento, ao qual se associaram diversas entidades locais.
A inauguração da exposição “Das Caldas da Rainha a S. Tomé” hoje pelas 21 horas, no Museu do Ciclismo, marca o início da iniciativa que vai decorrer durante toda a semana em vários locais da cidade.
Segue-se a apresentação do livro, da autoria de Mário Lino, que faz uma viagem pelos dois locais através de Claudina Chamiço. Neste espaço museológico poderão ser provados licores e café de S. Tomé. Este pertencente à variedade arábica, que é caracterizada por ter um bago grande e ser muito aromática. As suas características fazem dela um produto raro e também mais caro porque utiliza uma logística aérea. Durante estes dias o saboroso café pode ser degustado também nos três cafés que existem no Largo Frederico Pinto Basto e também noutros três no centro da cidade (Pachá, Pituca e mercearia Pena), que aderiram à iniciativa. Ainda na sexta-feira à noite haverá uma actuação do Orfeão Caldense.
No dia seguinte às 17 horas no Largo Frederico Pinto Basto (Bairro da Ponte), frente à Rua Claudina Chamiço, será prestada uma homenagem junto à placa toponímica.
A Junta de Freguesia de Santo Onofre vai também oferecer o livro de Mário Lino às primeiras 10 pessoas que se apresentem no largo trajadas à século XIX.
Depois haverá música, com a actuação do Duo Sax y Voice da Filarmónica Louriçalense e do grupo de música e danças de S. Tomé.
Às 21 horas os médicos Luís Pisco e António Figueiredo irão dissertar sobre “o café e a saúde”, numa conferência que terá lugar no auditório da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, na Praça da República.
A 1 de Outubro haverá um jantar de calulu (comida típica de S. Tomé) no restaurante Zé do Barrete. A sua confecção contará com a ajuda de uma senhora da comunidade santomense que reside nas Caldas e as inscrições para o repasto poderão ser feitas no Museu do Ciclismo, através do telefone 262240000 (ext. 6411) ou pelo e-mail museu.ciclismo@hotmail.com
Largo Frederico Pinto Basto é palco das animações
De acordo com Mário Lino, trata-se de uma homenagem à cidade termal e a S. Tomé e Príncipe, que está integrada nas comemorações do I Centenário da República, e pretende “retratar” a obra de Claudina Chamiço, assim como a realidade social e politica dos finais do século XIX e inícios do século XX daquele arquipélago do Golfo da Guiné.
Referindo-se a Claudina Chamiço, recordou a sua filantropia para com diversas instituições, possibilitando a construção de diversas obras, como o balneário das Águas Santas, nas Caldas, ou o hospital de Cascais.
Do marido (Francisco de Oliveira Chamiço), fundador do Banco Nacional Ultramarino, herdou não só o nome mas toda a fortuna, explicou Mário Lino, acrescentando que o casal possuía também terras em S. Tomé e Príncipe, entre as quais a Roça Monte Café, uma das maiores e mais conhecidas daquele pais, que produzia café e mais tarde cacau.
Na sua obra, Mário Lino faz um percurso imaginário por S. Tomé (o autor nunca esteve naquele pais), mas assente em figuras reais, que fizeram história no final do século XIX, inícios do século XX. “É um trabalho que está ilustrado com base no bilhete postal da época de Claudina Chamiço”, contou o seu autor, acrescentando que a obra também refere a história do café e do cacau, assim como das casas que o comercializavam na Europa e, mais concretamente, nas Caldas, dando especial enfoque ao Café Central, que surge no período das Invasões Francesas.
O presidente da Junta de Freguesia de Santo Onofre, Abílio Camacho, destacou que todo o executivo está de “corpo e alma” neste projecto que decorre, em grande parte, nesta freguesia. O autarca realça que tem lutado para que o balneário das Águas Santas seja recuperado e está confiante que esta iniciativa seja mais um passo nesse sentido.
A ACCCRO também se juntou ao evento. De acordo com o seu presidente, João Frade, trata-se de uma forma de prestar homenagem a uma “grande benemérita para as Caldas e uma forma de promover os comerciantes no largo [Frederico Pinto Basto]”. É também uma maneira de descentralizar os eventos do centro da cidade, levando-os para o Bairro da Ponte, que abrange uma “franja muito importante do comércio”, referiu.
Colaboram também na iniciativa a autarquia caldense, a Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, o Museu do Ciclismo e a Mercearia Pena.






























