A primeira Mostra Mercado de Cerâmica foi um sucesso, segundo participantes e público. A celebração começou no Museu da Cerâmica e continuou no parque, atraindo centenas de visitantes
A Mostra Mercado de Cerâmica das Caldas teve início na tarde de sexta-feira, 17 de junho, com a inauguração da exposição no Museu de Cerâmica e que reúne peças de mais de uma vintena de ceramistas, algumas de grandes dimensões.
Presente na inauguração esteve a vereadora da Cultura, Conceição Henriques que deu a conhecer que não foi fácil realizar a iniciativa. “Conseguir fazer este evento ainda no verão foi um pouco aflitivo. Podíamos ter feito só no próximo ano, mas quisémos avançar e crescer nos próximos anos”, afirmou a autarca, contando que vários autores lamentaram não poder estar presentes por já terem assumido outros compromissos prévios.
“A mostra que começa hoje [quinta-feira] vai durar três dias e, ao quarto dia, já estaremos a trabalhar na iniciativa do ano que vem”, assegurou a vereadora. Conceição Henriques lembrou as antigas feiras de cerâmica feitas no parque há mais de 40 anos “que foram significativas mas aquele modelo fez sentido no passado, hoje os conceitos mudaram e há uma maior diversidade de linguagens”.
Numa reflexão sobre centros cerâmicos de Portugal, a vereadora afirmou que há localidades que reproduzem os modelos tal e qual estes se faziam há muitos anos enquanto que, nas Caldas, a cerâmica conseguiu reinventar-se e hoje “é marcada por uma grande diversidade de linguagens”.
A autarca que considera que as Caldas vive “um excelente momento no que diz respeito à criação” deixou a promessa de “uma mostra maior e mais envolvente no próximo ano”, rematou a autarca, dando a conhecer que o evento custou cerca de 25 mil euros. O vice-presidente, Joaquim Beato deixou o seu ponto de vista de industrial e passou a mensagem de que a cerâmica “é paixão é terra e é luz”.
No parque das bicicletas foi montada uma grande tenda transparente onde se instalaram as bancas dos 27 ceramistas presentes. Alguns regressaram às Caldas, outros estão de volta à cerâmica e, por isso, reinou sempre um clima de boa disposição e de reencontros durante os três dias do evento.
As condições climatéricas estiveram agradáveis, houve trabalho ao vivo e uma zona dedicada à experimentação para os mais novos. Georgina Silva é ceramista há 20 anos e possui uma loja junto à Rainha. Trouxe várias peças para esta mostra e fez questão de apresentar as suas andorinhas que diz que a salvaram.
“Durante a pandemia comecei a postar online as andorinhas que modelei e pintei com várias mensagens”, contou a autora acrescentando que estas tiveram tanto sucesso que lhe permitiram ganhar o pão, durante o confinamento, altura que teve que fechar a loja. A ceramista vive nas Caldas há 24 anos e considera que este tipo de eventos “faz muita falta e oxalá que perdure, em crescendo, ano após ano”.
Luís Pires, outro dos ceramistas presente, tem uma longa carreira de autor e trouxe várias esculturas cerâmica para a iniciativa .
“Quando aqui cheguei fiquei agradavelmente surpreendido com o espaço, muito agradável”, referiu o participante que tem o seu espaço de trabalho há vários anos nos Silos. O autor que já representou a cerâmica das Caldas em várias localidades quando fez parte da associação de Artesãos considera que se deve apostar na continuidade da mostra.
Sapatilhas feitas em cerâmica
Carlos Oliveira aproveitou a ocasião de integrar esta iniciativa para dar a conhecer uma novidade: está a reproduzir ténis de marca em cerâmica. Está a trabalhar com o seu familiar Gonçalo Ferreira que lhe sugeriu esta ideia de reproduzir sapatilhas em cerâmica, permitindo assim aos colecionadores guardá-las para a posteridade.
“Até hoje não tinha pensado em fazer sapatilhas em cerâmica”, confessou este escultor que já registou a ideia. Carlos Oliveira diz que estas propostas hiperrealistas se dirigem sobretudo a colecionadores.
Há modelos em branco, com cores e dourados, respeitando os originais. As peças são numeradas e podem custar entre os 300 e os 1500 euros.
A opinião foi unânime entre público e vendedores. A iniciativa “é uma mais-valia para todos” e “deveria acontecer mais vezes”, dando assim a oportunidade de conhecer quem são os atuais autores a trabalhar esta arte ancestral pois na verdade nem toda a gente conhece a diversidade atual.
Todos os dias da Mostra Mercado de Cerâmica houve animação com música tradicional portuguesa- com roupagem contemporânea – com a atuação dos projetos Crua, Seiva e dos Guitolão Trio.
O primeiro grupo integrou seis vozes femininas, que também são tocadoras de adufe. Duas das intérpretes viveram nas Caldas da Rainha. Liliana Abreu e Ana Costa tiveram assim oportunidade de regressar à localidade onde viveram parte da sua infância e juventude.
No sábado à noite, 18 de junho, os aguaceiros não impediram o desfile das marchas populares que saíram da Praça 25 de Abril até ao Parque D. Carlos I. Ao todo, houve uma centena de marchantes de Sto. Onofre, do Coto e de A-dos-Francos. As marchas, dedicadas aos santos populares, desfilaram cor e alegria pelo centro da Caldas e foram organizadas, respetivamente pelo Monte Olivett, pela Associação Recreativa Cultural do Coto e pela Sociedade Musical Cultura e Recreio de A dos Francos. ■































