
O Café Bar 120 está na Praça 5 de Outubro há 35 anos. O espaço, que começou por se desenvolver com os vendedores e os clientes
da Praça do Peixe, mudou a sua estratégia e passou a dedicar-se à animação nocturna, passando a servir sobretudo jovens universitários dos pólos que, nos anos 90, existiam nas Caldas da Rainha e dos quais apenas se encontra em funcionamento a ESAD.
O segredo para manter o negócio activo, segundo o casal Paulo e Judite Mendes, “é muito trabalho e um grande entusiasmo”
Paulo Mendes tinha 18 anos quando começou a trabalhar no café com os pais na Praça 5 de Outubro. “Ficámos com o trespasse, em 1985”, disse o empresário, natural de Rio Maior, recordando que era então um estabelecimento “um pouco degradado, pois nem esgotos possuía”. Conta que aos poucos foram criadas as condições para o desenvolvimento do negócio que inicialmente tinha como principais clientes os vendedores e compradores da Praça do Peixe, espaço onde também se vendiam outros animais, como galinhas, coelhos e ainda quinquilharia e até peças de roupa. Paulo Mendes ainda trabalhou durante dois anos na secção de moldes na Secla, mas depois de ter terminado os estudos, “a minha paixão era mesmo trabalhar atrás do balcão”. Recorda ainda os dias em que ia buscar os pães à Padaria Teixeira (Rua das Montras) para vender no seu Café Mendes e que fazia parte dos pequenos almoços do pessoal da Praça do Peixe.
Repensar o negócio
Em 1986, Paulo casa com Judite e que, após ter passado na fábrica das velas, veio trabalhar com o marido. Eram jovens empresários que dedicam muitas horas ao Café Mendes.
O filho de ambos, Miguel, hoje com 33 anos, também foi criado neste meio e, mal chegou à máquina do café, começou logo a ajudar no negócio familiar. explicando que o seu estabelecimento era um dos locais de apoio àquele espaço de venda e que a aposta do espaço sempre foi “produtos de qualidade e higiene máxima”. Nunca faltava o bom presunto de Lamego para fazer as sandes e davam que falar também os salgados que o então Café Mendes para vender naquele espaço.
Espaço rebaptizado
Com o fim da Praça do Peixe foi preciso repensar o negócio, numa época em a cidade passava a ter vários pólos de ensino superior e contava também com a abertura da Universidade Autónoma de Lisboa, na década de 90. Havia na cidade jovens estudantes que queriam animação nocturna.“Antes iam à Mimosa, onde se vendiam copos de vinho”, contou Paulo Mendes que percebeu que havia público e, como tal, “mandei reparar a máquina de imperial que estava incorporada no balcão”. Em seguida, mandou colocar prateleiras de vidro, onde pôs 150 copos de vidro, o que criava impacto. Seguiu-se um investimento em várias marcas de whisky.
Chegou a ter à venda uma dúzia de marcas e cada uma dispunha do seu doseador de três centilitros. Sempre à procura de novas maneiras de inovar o seu negócio, Paulo Mendes promoveu uma campanha publicitária que chegou a ser anunciada então na rádio local em que anunciava que no seu espaço se vendia um café e de meio whisky a 120$00. A esse preço, o empresário também chegou a conseguir vender duas imperiais, o que o obrigava a comprar em grande quantidades, não só de cerveja como também de whisky de forma a conseguir oferecer bom preço aos clientes.
“Fazia estas campanhas e mandava fazer flyers que distribuía pela cidade”, recordou Paulo Mendes. A certa altura, percebeu que os seus clientes chamavam 120 ao seu espaço e decidiu tirar proveito disso. Em 2007 tomou a decisão de mudar a designação do seu café e fê-lo numa das festas de aniversário do estabelecimento comercial que eram bem regadas e feitas ao sabor de porco no espeto.
Imagem da casa somos nós
O Café Bar 120 marcou desde sempre presença nos eventos como as Semanas Académicas, que se realizaram no Parque D. Carlos I e na Expoeste. Ainda hoje está presente nas mais diversas iniciativas desde das feiras no Parque até às festas de Carnaval que se têm realizado no Céu de Vidro.
Nos últimos anos, o bar especializou-se em gin e é actualmente um espaço referência para quem é apreciador desta bebida. “Fomos de propósito a Espanha comprar copos de pé alto”, contou o empresário, acrescentando que o segredo para que um negócio como o seu se vá mantendo são “a dedicação e o muito trabalho”. Paulo Mendes explicou também já foi desafiado vários vezes para franchisar o negócio, algo que nunca quis aceitar pois sabe como é determinante a presença dos responsáveis nos espaços. “A imagem desta casa somos nós”, referiu o casal que ainda assegura mais um posto de trabalho, actualmente em part-time.
“Durante 18 anos nunca tirámos férias”, contaram Paulo e Judite Mendes explicando ainda que este “é um negócio de entusiasmo onde temos que tentar fazer sempre algo melhor no dia a seguir”. O casal referiu também que há muito trabalho de preparação que é necessário fazer enquanto a porta está fechada. Além do mais, é preciso estar bem informado sobre o sector e fazer formação constante. Também não se pode estar apenas focado no momento, é preciso tentar antecipar e prepara novidades para surpreender os clientes. “Faz-se 16 a 17 horas por dia…”, conta o casal, responsável pelo 120, que chegou a patrocinar uma equipa de futebol de praia, durante alguns Verões e, mais tarde, patrocinaram também a equipa de voleibol do Sporting das Caldas.
“Os nossos cientes são como uma segunda família e é por isso que este negócio vinga”, contou o casal enquanto mostra fotografias dos mais variados eventos, desde as celebrações dos seus aniversários até às festas de Carnaval que contaram com a participação de várias gerações de caldenses.
“Hoje já vêm os filhos de alguns clientes”, rematou o casal Mendes, que sempre soube agir e adaptar o seu negócio às exigências dos novos tempos.
Actualmente o Café Bar 120 tem horário reduzido por causa da pandemia mas recusam-se a baixar os braços e trabalham o número de horas que a lei e a DGS permitem. Para Paulo Mendes é importante que possa avançar a requalificação da Praça 5 de Outubro para poder continuar inovar o negócio onde convivem gerações de caldenses.






























