Cadaval ensina sexualidade a jovens e idosos

A temática foi abordada tendo em conta a realidade dos jovens, adultos e idosos.
A psicóloga Ana Denasulin, da Associação para o Planeamento da Família (APF), defendeu que cada pessoa tem o direito à informação e aos serviços necessários para fazer escolhas informadas sobre saúde sexual e reprodutiva, nomeadamente para uma decisão livre e informada sobre constituir ou não uma família.
Sendo técnica de atendimento e aconselhamento a jovens na APF, há quase oito anos, Ana Denasulin apontou algumas das principais dúvidas sobre sexualidade que assolam os jovens do 5.º ao 12.º ano.
A maior parte dessas dúvidas referem-se ao crescimento e mutações do corpo, o desenvolvimento de infecções sexualmente transmissíveis, a contracepção, as dificuldades sexuais, mas também a gravidez e o aborto. Os mais novos preocupam-se ainda com a orientação sexual (homossexualidade e bissexualidade), a auto-descoberta (masturbação) e as primeiras relações sexuais.
Segundo a técnica, as dificuldades sexuais são naturais nestas faixas etárias “não sendo verdadeiras disfunções sexuais, tendo como causa a ansiedade”. São exemplo disso a ejaculação muito rápida, a dor na penetração e a perda de erecção.
Sobre infecções sexualmente transmissíveis, a psicóloga alertou para a necessidade de “haver sempre o cuidado da prevenção, pois nem sempre o aspecto mais ou menos convencional de uma pessoa significa correr-se maior ou menor risco com ela”.
Ana Denasulin defendeu ainda que os jovens devem sempre “perguntar e partilhar com os mais próximos as suas questões”.
Existem duas linhas de informação e apoio: “Sexualidade em Linha” (808 22 2003) e “Linha Opções” (707 2002 49), neste caso para informações mais orientadas para a interrupção da gravidez.

Os idosos também fazem sexo

A vertente do idoso foi abordada por Fernando Mesquita, psicólogo clínico com especialização em sexologia clínica.
Para o especialista “a sexualidade não é só sexo pois ela envolve emoções, relações afectivas, auto-estima, desejo, prazer e o cuidar dos outros”, podendo durar toda uma vida.
Fernando Mesquita sublinhou que mesmo que as doenças ou as situações de vida impeçam a expressão sexual, os sentimentos persistem, bem como a necessidade de atenção e de carinho.
A ideia de que o idoso é “assexuado” e de que a sua vida sexual se resume a “lembranças do passado” é um mito, de acordo com o psicólogo.
Na velhice, “a sexualidade pode ser mais demorada, mas também podem tirar-se muitos outros proveitos que não se tiram quando se é jovem”.
Segundo Fernando Mesquita, “os idosos devem aceitar a sua sexualidade sem receio ou vergonha de serem ridicularizados”.
Perceber as mudanças do organismo e da mente como algo natural e esperado, não encarando as dificuldades que surjam como o fim da vida sexual torna-se fundamental.
Por isso, deixou o conselho para que procurem a ajuda do parceiro ou de um terapeuta para o “exercício saudável e prazeroso da sexualidade” na velhice.
Segundo o especialista, os casais que ao longo da sua vida sexual foram experimentando outras formas de se tirar prazer (que não exclusivamente através da erecção e penetração), são os que agora conseguem ter uma sexualidade mais gratificante.
Motivada pelos avanços da medicina, verifica-se, actualmente, uma mudança de mentalidades, dado que as pessoas de 70 anos são sexualmente mais activas do que as de há 30 anos com a mesma idade.
O sexólogo defende, todavia, o uso de bom senso, já que actualmente passou-se do antigo “mito da proibição” para o “mito da obrigação”, como se fosse obrigatório ter vida sexual.