Podem ser comprados legumes e frutas da região de modo solidário, adquirindo cabazes da “Horta do Pedro”
O sustento da família de Pedro Querido, o menino que sofre de hipotonia (fraqueza muscular) generalizada, provém da produção agrícola dos pais. Só que o encerramento do Mercado de Santana, onde o progenitor habitualmente vendia as frutas e legumes que a família produz, veio complicar, ainda mais, a situação da família. Até que se lembraram de começar a vender diretamente cabazes da produção, que são entregues uma vez por semana nas Caldas da Rainha, aos clientes que procedem à encomenda previamente.
A ideia desta família, oriunda da aldeia do Casal Novo, que pertence à freguesia do Carvalhal Benfeito, ganhou lastro e já está a decorrer há algumas semanas. Designa-se a Horta do Pedro e está a conquistar clientes. Pode fazer encomendas na página do Facebook (www.facebook.com/pedro.querido.52).
“Os cabazes têm frutas e legumes suficientes para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) se alimentar durante uma semana”, explicou Cidália Marquês, a mãe de Pedro Querido, acrescentando que são produtos da época, da sua horta e que variam de semana para semana.
Clientes que vêm buscar os cabazes também trazem tampinhas
Para além da base, que inclui 2,5 quilos de batata, meio quilo de batata doce, meio quilo de cebolas e um de cenoura, cada cabaz ainda inclui, alternadamente, curgete, alho francês, abóbora, espinafre, uma cabeça de nabo e um repolho.
Todos os cabazes incluem uma alface e tomates. Em relação à fruta “é sempre da época”. Neste momento há maçãs e laranjas, mas entretanto a família de produtores conta ter morangos de “produção própria”, informou a responsável.
De resto, os cabazes, que têm sido adquiridos não só por habitantes da região, como também por portugueses que vivem no estrangeiro, estão a ser entregues aos sábados de manhã junto às instalações da rádio 91 FM, na Rua da Huíla, uma estação que tem acompanhado a história do Pedro desde há anos.
Porém, tratando-se de um projeto especial, há mais uma especificidade a ter em conta neste período. “Fazemos entregas em casa por enquanto só a clientes que estão em isolamento”, referiu Cidália Marquês.
A agricultora garante que entrega os cabazes aos seus clientes que ficam nos automóveis, garantindo o distanciamento e evitando ajuntamentos, cumprindo, desse modo, as orientações da DGS.
Os cabazes custam 12,50€ e cerca de 2,5€ destinam-se a auxiliar no pagamento das despesas inerentes aos tratamentos e à medicação que Pedro Querido, de 10 anos, necessita.
Os cabazes integram legumes e frutas da época e são variados
A família aceita pagamentos por MBway, o que é “ótimo”, pois assim “não é necessário tocar no dinheiro”, referiu Cidália Marquês, notando que há também a hipótese de se pedir para fazer entregas em casas que os clientes sabem que há uma família “a passar dificuldades.
O irmão mais velho de Pedro, Tiago Querido, que Cidália Marquês diz que é o “braço direito da família”, está envolvido com o projeto. E convicto de “que a ideia dos cabazes é para ter continuidade, mesmo no pós-pandemia”.
Solidariedade para instituições
A procura pelos cabazes está a aumentar e até já há quem adquira cabazes “para oferecer a instituições das Caldas, Óbidos, Cadaval e Espinho”. É nesta última localidade que fica a clínica privada Kinesio, onde Pedro Querido faz os tratamentos especializados relacionados com a fisioterapia, a terapia da fala e a terapia ocupacional. A doença deste caldense afeta-lhe a parte motora, impossibilitando-o de se sentar, caminhar ou realizar as tarefas diárias.
As necessidades relacionadas com os tratamentos de Pedro são imensas e há, pelo menos, três anos que é feita recolha de plástico na região, cuja venda reverte a favor da criança.
Por ano juntam-se oito toneladas de tampinhas, numa iniciativa solidária que ainda exibe um caráter de proteção ambiental. Cada tonelada de plástico rende 500€. Como tal, são necessárias muitas tampas já que um garrafão de cinco litros cheio equivale a apenas 600 a 700 gramas daquele material.
Esta campanha de recolha de tampinhas prossegue e há muitos clientes que, quando vêm buscar os cabazes, “deixam as tampinhas que têm recolhido para o Pedro”, rematou Cidália Marquês.
A progenitora continuará a fazer tudo o que pode pelo bem-estar do seu filho e conta com o apoio da família e da comunidade. ■































