De 12 a 14 de Setembro, Caldas da Rainha foi a capital dos bordados durante um evento que reuniu especialistas portugueses e italianas.
Investigadores sobre o Bordado das Caldas e o “Punto Umbro, Sorbelo e Portughese” que se faz na região de Perugia, trocaram saberes e experiências relacionadas com esta arte manual que apresenta várias semelhanças. Segundo o vereador Hugo Oliveira, “há todo o interesse em estabelecer um protocolo de cooperação com as entidades italianas daquela região de Itália” destinado a valorizar os bordados dos dois países e a aceder a fundos comunitários que apoiem acções relacionadas com esta arte manual.
Esta iniciativa representa o culminar de uma série de encontros que tiveram início em Junho do ano passado, altura em que a especialista italiana em artes decorativas, Genevieve Porpora, esteve nas Caldas para investigar as semelhanças entre os bordados locais e o “Punto Umbro” que se utiliza no seu país. As semelhanças entre os dois bordados são muitas. Ambos têm motivos simétricos e geométricos de folhas, flores, cestos, ânforas, pássaros, coroas, para além de uma enorme profusão de arabescos.
Através do Museu Malhoa, a antropóloga chegou ao investigador Mário Tavares, à professora Idalina Lameiras e à bordadeira Liseta Pereira, tendo convidado estes caldenses a divulgar o bordado local em Setembro de 2013 no primeiro Mercado Internacional de Rendas e Bordados que teve lugar em Panicale, em Itália.
A segunda edição desta iniciativa tem lugar no próximo fim de semana, dias 27 e 28 de Setembro, em Panicale e voltará a contar com a presença da bordadeira caldense Liseta Pereira.
Depois de terem sido recebidos em Itália, era agora a vez das Caldas retribuir e organizar um evento onde, além da antropóloga, esteve também Francesca Caproni, directora da associação GAL Trasimeno Orvietano (da cidade de Oieve).
Além de uma efectiva troca cultural entre várias especialistas em bordados, esta foi a ocasião para conhecer que “há uma vontade de efectivar a relação e de estabelecer um protocolo de cooperação entre as entidades ligadas aos bordados das Caldas e de Itália”, disse o vereador Hugo Oliveira, responsável pelo pelouro do Turismo.
Durante as conferências o investigador Mário Tavares (autor de um livro dedicado ao Bordado das Caldas) deu a conhecer uma teoria que resulta das investigações que tem feito sobre este assunto. Em 1837 uma das filhas de Francisco Lupi (natural de Perugia), Maria José da Anunciação Lupi casou com António Bandeira de Mello, filho de Valentim de Mello, médico espanhol que era administrador do Hospital Rainha D. Leonor. Nessa época vendiam-se bordados das Caldas à porta do hospital, o que levou o historiador a admitir que a senhora Lupi poderia ter enviado para os seus familiares em Perugia alguns exemplares dos bordados das Caldas que acabaram por influenciar o “Punto Umbro”.
As investigadoras Geneviève Porpora e Francesca Caproni revelaram-se muito satisfeitas com esta iniciativa que liga estas duas regiões europeias. “É com muito agrado que integramos este intercâmbio cultural que terá continuação. Vamos continuar a trabalhar em parceria através da renda e do bordado”, disseram.
Durante o fim de semana, este evento, que se designou “Bordados e Rendas no Oeste Litoral Português”, contou ainda com uma exposição-venda onde trabalharam ao vivo várias autoras de bordado das Caldas, de Óbidos e de Peniche. Nas conferências também participaram responsáveis da Associação de Artesãos D. Dinis de Odivelas, onde se aprendem vários tipos de bordado de várias regiões do país.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt































