Oito utentes do centro de convívio do Arelho estiveram, em Fevereiro, nas tardes de quarta-feira a bordar ao vivo na galeria da Casa do Pelourinho, em Óbidos. Esta iniciativa, integrada no projecto Odesign, deu a conhecer os pontos com que vão dando cor e corpo às peças de roupa e aos pins, que já se encontram à venda também naquele espaço.

“É uma festa vir a Óbidos”, conta Maria do Carmo Félix, uma das bordadeiras que participou na actividade. Embora tenha aprendido os lavores na sua juventude, apenas há um ano começou a fazer os bordados, que depois designers começaram a dar uma nova imagem.
E o resultado foi particularmente bem recebido pelas participantes na experiência. “Gosto muito, levo os pins comigo para todo o lado. As pessoas também acham engraçado e vêm contender comigo”, partilhou Maria do Carmo Félix.
Também Maria do Rosário Henriques tece os melhores elogios ao projecto. Com 53 anos, é voluntária naquele centro de convívio, onde vai diariamente. É lá que faz os seus bordados, mas também leva “trabalho para casa”, chegando a estar até à 1h00 da manhã a bordar. Sobre o Odesign destaca ser uma inovação e uma forma do bordado se adaptar aos dias de hoje.
Estas bordadeiras desenvolvem entre elas um trabalho de cadeia. Maria da Conceição Isidro, de 81 anos, pega no pano, tira os fios, embainha, faz o ajour e depois passa à animadora do centro que faz o desenho, que depois é entregue às outras participantes que bordam o pano.
“É um trabalho de equipa”, referem, acrescentando ainda que há especificidades e pessoas especialistas em determinados pontos. Gracinda Reis, do Carregal, de 77 anos, por exemplo, faz “rosinhas de Portugal” como nenhuma outra colega consegue. Era costureira e ainda hoje continua a receber saias e vestidos para arranjar. Hoje borda, mas tem saudades do tempo em que “estava sempre a pedalar”, recorda.
Todas elas usam pins diferentes ao peito, mas sabem quem os fez e fazem questão de divulgar a sua autoria. No espaço expositivo em Óbidos os que têm o castelo são os mais procurados pelos turistas, em detrimento dos com flores, corações e outros pequenos motivos inspirados nos lenços dos namorados.
Para Ana Calçada, responsável pelo projecto Odesign, a estadia das senhoras na vila para criar aquele pequeno atelier vivo é a mostra de que o projecto tem como “centro do seu trabalho a relação com as pessoas”. Neste caso concreto, partiu do que elas sabem fazer, dando-lhes aspectos inovadores.
“Foi muito interessante perceber que as pessoas do concelho se envolveram e houve, inclusive, utentes de outros centros que vieram ver os ateliers e saber como podiam aderir ao projecto para poderem também trabalharem com os designers”, disse-nos a responsável, acrescentando que esta parceria pode “revitalizar vontades, intenções e a vida das pessoas”.
Ana Calçada refere ainda que foi também muito benéfico para os designers, permitindo-lhes experimentar os materiais, dialogar com as pessoas e encontrar em conjunto formas de traduzir a mesma linguagem em produtos novos. “Do ponto de vista desta experimentação tem que nos levar a dar o salto em frente, certos de que o que recebemos daqui é muito mais do que demos”, realça.
O passo seguinte será desenvolver um conjunto de produtos que possam estar expostos nos eventos que se realizam em Óbidos.






























