Bombeiros das Caldas ameaçam rescindir contrato com o INEM

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notícias das CaldasO presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, Abílio Camacho, ameaça rescindir o protocolo que esta entidade tem com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) se não for garantido um pagamento razoável pelo serviço de transporte de urgências.

O anúncio foi feito durante a cerimónia solene de comemoração do 116º aniversário daquela instituição caldense, a 18 de Setembro. Na altura, Abílio Camacho revelou que iria apresentar a rescisão deste protocolo numa reunião que teve lugar na segunda-feira seguinte.
Desse encontro resultou uma contra-proposta do instituto, mas o assunto terá sido discutido mais aprofundadamente noutro encontro entre o INEM e a Liga dos Bombeiros Portugueses, que teve lugar na quarta-feira passada.
A direcção dos bombeiros das Caldas está empenhada em resolver a situação, garantindo um aumento no valor a pagar por aquele instituto, mas não coloca em causa o transporte das urgências para o hospital.
“O ano passado o INEM deu-nos um prejuízo de 185 mil euros”, informou Abílio Camacho, que adiantou que há nove profissionais da associação que trabalham exclusivamente para o serviço do INEM, o que, somando a todas as despesas inerentes ao serviço de urgência, faz com que o valor pago por aquela instituição não cubra a totalidade dos custos.
Já há um ano, também na cerimónia de aniversário dos bombeiros, Abílio Camacho, tinha alertado para a esta situação.
No âmbito do protocolo existente, o instituto paga trimestralmente 10.500 euros aos bombeiros das Caldas (mais cinco euros por saída), que garante o funcionamento deste serviço 24 horas por dia. Tendo em conta que fazem cerca de 400 serviços por mês, pedem que o valor a pagar trimestralmente passe a ser de 21.000.
“O corpo de bombeiros das Caldas está a passar uma fase muito, muito, muito difícil”, salientou no seu discurso deste ano.
Uma das principais fontes de receita da corporação era o transporte de doentes, “mas temos tido muito menos solicitações”, explicou. Isto depois de há dois anos terem adquirido mais duas viaturas e admitido mais funcionários para poder corresponder à procura que existia. “Um ano depois ficámos com os carros parados. Saem para fazer pequenas viagens de transporte de doentes porque as viagens para Lisboa ou Coimbra foram cortadas”, lamentou.
Outro caso a resolver urgentemente é o arranjo da ambulância do INEM. “Possivelmente não vai passar na próxima inspecção automóvel porque está toda podre e tem um vidro partido”, revelou Abílio Camacho.
No final do seu discurso, o presidente da associação comentou que se a situação continuar a degradar-se “entregamos a chave à Câmara para fazerem o que quiserem com esta casa”.
A sessão solene de aniversário teve início com algum atraso porque o presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, não compareceu à apresentação das forças em parada no quartel dos bombeiros. Só depois de vários telefonemas, e dos bombeiros esperarem 45 minutos (o que deixou indignado o presidente da associação), é que a vereadora Maria da Conceição compareceu para presidir a cerimónia em nome do edil caldense.
Na cerimónia foram também entregues diversas condecorações, com destaque para o galardão de Excelência para José Domingos, que faz parte do quadro de honra daquela instituição como segundo comandante. Este galardão foi também entregue ao empresário de restauração Valdemar Sousa, que há mais de 30 anos oferece as refeições aos bombeiros que prestam serviço na praia da Foz do Arelho.
A seguir à sessão solene teve lugar o desfile técnico-operacional dos bombeiros voluntários pelas principais ruas da cidade.

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Época de fogos com balanço positivo

A época de fogos florestais, que termina no final deste mês, não trouxe muitos sobressaltos e o balanço é, até agora, positivo. “Se não fosse um psicopata que anda na zona de Salir do Porto e da Serra do Bouro, seria um ano anormal, mas para muito melhor do que tem sido habitual nos anos anteriores”, referiu José António à Gazeta das Caldas.
Houve alguns pequenos fogos florestais por todo o concelho, mas foram todos debelados rapidamente. O maior número de incêndios, que serão fogos postos, aconteceram na zona de Salir do Porto, mas também foram extintos rapidamente.
Os bombeiros das Caldas também acorreram a incêndios florestais noutros concelhos, o maior dos quais em Viseu.
Desde a cerimónia do ano passado até à deste ano, este corpo de bombeiros foi solicitado para 19.280 ocorrências, que ocuparam um total de 17.971 horas, tendo sido percorridos 419.661 quilómetros.
Combateram 82 incêndios urbanos, 129 fogos florestais e estiveram presentes em 226 acidentes rodoviários. Durante este período prestaram 4927 serviços de emergência pré-hospitalar, 30 salvamentos de animais e 6735 transportes de doentes.
José António referiu que as três situações mais complicadas tiveram lugar nos incêndios na travessa da Piedade (em que morreram três pessoas), num estábulo no bairro das Morenas (que vitimou dezenas de animais) e nas mini-docas da Foz do Arelho. “São três situações que considero desajustadas aos tempos que correm e que acabam por revelar uma grande falta de cultura de segurança do cidadão comum”, afirmou no seu discurso na cerimónia de aniversário.
Segundo o comandante José António, através de várias acções de angariação de fundos conseguiram arranjar verbas para a aquisição de uma lanterna de capacete para todos os bombeiros no quadro activo e de um manequim destinado às formações de suporte básico de vida.

 

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