
A caldense Ana Sofia Reboleira, de 36 anos, descobriu nas grutas Krubera-Voronja na Abecásia (Geórgia) o milpés mais profundo do planeta.
A nova espécie foi encontrada a mais de mil metros de profundidade numa expedição ibero-russa do Cavex Team à gruta mais profunda do mundo, localizada na Abecásia, no Cáucaso Ocidental.
O milpés que também é conhecido como “maria-café”, é um animal cavernícola que “vive debaixo de terra e por isso carece de pigmento corporal, tem olhos muito reduzidos, antenas e patas muito longas e alimenta-se de detritos”, explicou Ana Sofia Reboleira, à agência Lusa, na passada terça-feira.
Esta espécie pertence a uma ordem de milpés “que se chama Chordeumatida e é um dos maiores exemplares desta ordem”, revelando uma tendência para o gigantismo “muito pronunciada nos animais cavernícolas, tal como acontece com as faunas das ilhas”, acrescentou a bióloga.
Os exemplares daquela espécie foram recolhidos nas grutas Krubera-Voronja e Sarma, actualmente a segunda e terceira grutas mais profundas do mundo.
Além de bióloga, Ana Sofia Reboleira é também espeleóloga, o que tem contribuído para que tenha descoberto várias novas espécies para a ciência em grutas de vários países. “Ao contrário do que acontece no mar profundo, ou na exploração espacial, a tecnologia não permite que sejam veículos operados remotamente a realizar as colheitas, por isso, a única forma de descobrir estes animais é mesmo ir lá e proceder às recolhas nas profundezas destas cavidades”, disse a cientista caldense.
O milpés foi depositado no Museu de História Natural da Dinamarca, dado que a caldense é docente na Universidade de Copenhaga.
Ana Sofia Reboleira é também responsável pela descoberta de cinco novos géneros para a ciência, muitas delas em território nacional. A cientista caldense colocou Portugal na lista dos pontos quentes (“hotspot”) de biodiversidade subterrânea à escala mundial.
A bióloga tem sido notícia na Gazeta das Caldas ao longo dos anos e da sua carreira. Já tinha em 2014 descoberto uma espécie de escaravelho, com cerca de 6mm, despigmentado, sem asas e de olhos muito reduzidos, nas mesmas grutas de Abecássia, por exemplo. Dois anos depois, a cientista esteve em Timor-Leste, explorando o seu subsolo fazendo o levantamento do potencial espeleológico daquele país e acções de sensibilização para a sua salvaguarda.






























