Inauguração do espaço contou com a presença de Pilar del Rio, que lembrou os passeios naquela vila com o Nobel da Literatura. Projeto assenta em quatro eixos: som, palavra, imagem e objeto
A Casa José Saramago passou a albergar, desde a passada quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Óbidos, num casamento perfeito entre a vontade do município em facilitar o acesso à cultura (e sobretudo ao livro) e a herança deixada pelo Nobel da Literatura.
A programação daquele equipamento estará assente em quatro eixos: som, palavra, imagem e objeto. E pretende possibilitar uma troca direta de conhecimentos e experiências, saberes e fazeres entre gerações, numa relação direta com a comunidade.
A inauguração da Biblioteca Municipal de Óbidos contou com a presença de Pilar del Rio, mulher de Saramago, que recordou os passeios na vila e a importância das bibliotecas públicas para o percurso do autor de “Ensaio sobre a cegueira”.

Pilar del Rio recordou que o percurso de Saramago está ligado às bibliotecas públicas
“Vim tantas vezes aqui com o José [Saramago], correr estas ruas, ver o castelo e ele não tinha como saber que, um dia, teria aqui uma casa”, sublinhou a presidente da Fundação José Saramago, que era um defensor das bibliotecas, o que permitia democratizar o acesso aos livros.
“Toda a formação de José Saramago foi feita em bibliotecas municipais. Se não fossem as bibliotecas, ele nunca teria sido escritor, mas também não teria sido o homem que foi e continua a ser”, garantiu a jornalista, para quem “uma biblioteca não é um museu”, pois “os livros têm pessoas dentro, que dizem ‘toquem-me’, ‘acariciem-me’”.
A mesma tese foi defendida pelo presidente da Câmara de Óbidos, que não escondeu a satisfação com o projeto. “O conhecimento vem, sobretudo, a partir dos livros”, referiu Humberto Marques, para quem “somos os livros que lemos”.
O autarca disse acreditar “na dimensão humana do ser” e, por isso, é preciso “ter boas bibliotecas para que as pessoas possam chegar àquilo que nós sonhamos para o território” e as bibliotecas podem “ativar um território, despertando uma coisa fundamental, que é o sentido crítico.
Presidente da Câmara destaca a necessidade de a sociedade disponibilizar boas bibliotecas
“Necessitamos de boas bibliotecas. Se não for nas nossas casas, então que seja em espaços públicos”, frisou o chefe do executivo municipal, que, na sessão, teceu rasgados elogios à equipa liderada por Ana Sofia Godinho, chefe de Divisão de Educação do município, e esclareceu que o projeto resulta de uma vontade comum e resolve um problema: a antiga Biblioteca Municipal estava instalada num espaço “nada inclusivo, sem dignidade para as pessoas que procuram os livros e para quem lá trabalha”.
“Trouxemos a terceira Casa da Fundação Saramago para Óbidos, mas era preciso fazer muito mais. Foi preciso também nos inspirarmos no escritor. E este não é o objetivo do presidente da Câmara, do executivo, é o objetivo da comunidade”, frisou o autarca do PSD, que ambiciona um “espaço do pensamento crítico e da exigência”.
José Pinho, da Sociedade Óbidos Vila Literária, defendeu que a Casa Saramago, em Óbidos, “deveria ter uma atividade regular” e, “depois de ver o que aqui está”, ficou mais confiante de que assim aconteça.
Para Ana Sofia Godinho, esta é “uma casa de Óbidos” e, por isso, querem “que os obidenses se revejam nesta casa, nesta biblioteca”, sublinhando que, para além dos serviços tradicionais daqueles equipamentos, foi recuperado o Story Centre, “que é a forma como as crianças vêem o território”.

Artistas locais presentes
A Casa José Saramago – Biblioteca Municipal de Óbidos tem as portas abertas das 10h00 às 18h00, de segunda a sexta-feira, com lotação máxima de 25 pessoas, devido às restrições que se encontram em vigor.
No dia da inauguração, destaque para a presença de quatro artistas locais, que procuraram retratar José Saramago. Os trabalhos ainda podem ser apreciados. ■






























