
A Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha assinalou, durante este mês, o seu 20º aniversário. Foi em Dezembro de 1997 que abriu portas o edifício, construído de raiz, para acolher livros e estimular a leitura entre caldenses de todas as idades, tendo sido coordenado desde o início por Aida Reis.
A bibliotecária, que chamou a atenção para a necessidade de obras no edifício, defendeu o trabalho em rede e deu a conhecer que em breve serão disponibilizados e-readers aos leitores.
Foi no dia 6 de Dezembro de 1997 que abriram ao público as portas da Biblioteca Municipal das Caldas, após a Câmara ter assinado com o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas o acordo para a construção de um novo edifício, projectado pelo arquitecto caldense Sousa Lopes.
A bibliotecária Aida Reis veio estrear o equipamento e contou que este fez parte da “revolução silenciosa”, iniciada em 1986, altura em que a secretária de Estado da Cultura era Teresa Gouveia. A governante mandou construir – em parceria com os municípios -, a rede de bibliotecas públicas. Ao todo, o país ficou dotado com cerca de 191 equipamentos que acabaram por substituir as bibliotecas móveis, as famosas carrinhas da Gulbenkian, onde se faziam os empréstimos.
“Também havia os pólos fixos da fundação como nós tinhamos nos Pavilhões do Parque”, recordou Aida Reis.
A primeira biblioteca que existiu nas Caldas foi fundada pelo jornalista Luiz Teixeira, em 1962 e já se destinava ao empréstimo domiciliário e à leitura no local. “Vivia de um subsídio camarário e da adesão dos sócios, através de contribuições monetárias ou de livros”, disse a responsável. Em 1969 foi ali instalada a biblioteca fixa da Gulbenkian, em substituição da biblioteca itinerante que antes estacionava no tabuleiro da Praça da Fruta. São pois várias as gerações de leitores caldenses que se lembram de duas senhoras que recomendavam leituras, obras e autores na Biblioteca Pública.
Esta biblioteca foi sempre actualizando o seu fundo e quando houve o acordo com o IPLB – hoje Direcção Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas – a fundação Gulbenkian doou todo o fundo à Biblioteca Municipal. “Este era grande e actualizado, dado que a fundação estava sempre a enviar livros para enriquecer as colecções dos seus pólos”, contou Aida Reis.
Longe do centro da cidade
E chegados a 1997 surge um projecto de raiz para a construção de uma biblioteca nas Caldas, cujos telhados lembram dois livros que “protegem” o edifício.
Na altura, achava-se que a Biblioteca Municipal ficava longe do centro da cidade, tendo havido um abaixo-assinado de caldenses pedindo a sua localização num local central. Só que posteriormente instalaram-se nas proximidades a UAL e, mais tarde, as escolas – ETEO e EHTO – e tudo se tornou mais acessível.
Ainda assim, por causa de quem tinha menos condições de se dirigir ao novo edifício, manteve-se um Posto de Leitura no edifício que hoje é a sede da União de Freguesias de N. Sra. Pópulo, Coto e S. Gregório, que se mantém. Ali faz-se o empréstimo domiciliário e disponibiliza-se o serviço de jornais diários.
Em 2016 foi ali criada uma Livraria Social que tem à venda livros que já não são necessários e comercializados por um preço simbólico. Segundo a bibliotecária, a verba auferida reverte a favor de IPSS’s de luta contra a fome. Naquele espaço são organizadas com regularidade feiras de livros usados.
Regresso ao Parque
E em nome da história das bibliotecas das Caldas, “voltámos de novo ao Parque”, disse Aida Reis referindo-se à criação do projecto da Biblioteca de Jardim (que funciona anualmente de 29 de Maio a 15 de Setembro), quando o parque passou a ter gestão autárquica. Neste polo há jornais, revistas e faz-se o empréstimo domiciliário desde 2016. Também se convidam autores para virem contar histórias aos leitores ao ar livre. “Demos assim vida a um quiosque que estava sem uso”, acrescentou.
E nem só no parque há livros. A Biblioteca Municipal também chegou à praia da Foz em 2003 e manteve-se no areal até 2007. “Depois interrompemos o projecto por falta de verba e viemos a retomá-lo em 2013”, disse a bibliotecária sobre este projecto que vai continuar a levar leituras a turistas e a veraneantes.
Ao longo dos 20 anos da Biblioteca das Caldas fizeram-se vários cursos e acções de formação com autores e investigadores. Estes projectos faziam parte das Itinerâncias Culturais que trouxeram autores como Cristina Norton, Mafalda Milhões, Fernando Pinto do Amaral, entre tantos outros. “Eram projectos fantásticos, com muito sucesso e com custos partilhados entre as autarquias e a Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas”, afirmou Aida Reis que gostaria de poder voltar a contar com iniciativas similares que contribuíam para a descentralização da cultura.
A Biblioteca também chegou a ter uma Comunidade de Leitores e a realizar múltiplas iniciativas com autores nacionais e locais (ver caixa). Durante este ano, a biblioteca convidou leitores e pais a dormir no local, após uma noite de encantar que contou com danças e contadores de histórias. Quem participou “guardará uma boa recordação de como foi passar o serão e a noite, com histórias, na biblioteca”, disse Aida Reis.
Crianças “trazem” famílias
A literatura é uma das áreas preferenciais dos leitores da biblioteca caldense. Depois há temas relacionados com a saúde, nutrição, a autoajuda, as medicinas alternativas ou aqueles livros que registam depoimentos de pessoas que ultrapassaram grandes obstáculos na sua vida, que também reúnem bastantes adeptos.
Os estudantes também pesquisam muito nas áreas das artes, da educação e da filosofia, enquanto que o fundo local, onde se encontram os livros sobre a cidade, também são procurados sobretudo por investigadores.
A zona infantil da Biblioteca também tem um público especial. São as crianças quem mais se interessa pelos livros. Aida Reis acha que há um trabalho importante feito pela escola quando as crianças aprendem a ler e acabam por ser estes a trazer a família às actividades.
O sábado e a segunda-feira são os dias de maior afluência. São muitos os leitores que devolvem e vêm escolher novos livros, entre eles estrangeiros, nomeadamente ingleses e franceses que vivem na região. “Sentimos um acréscimo de estrangeiros, sobretudo daqueles que têm residência aqui no concelho”, referiu a coordenadora.
A Biblioteca tem também presença na internet. Além do portal das redes de biblioteca, no seu Facebook vão sendo publicados documentos e obras relacionadas com temas da região, como, por exemplo, o 16 de Março ou as Festas da Cidade.
A Biblioteca também acolhe, ao longo do ano, várias exposições. Não há uma periodicidade definida mas além da divulgação do fundo documental “procuramos estabelecer parcerias com outras instituições e trazer às Caldas temas nacionais”, disse Aida Reis, dando como exemplo uma das mostras dos cartazes referentes ao 25 de Abril que foi feita com a Universidade de Coimbra.
































