Biblioteca assinalou quarto de século com teatro, poesia, livros e o lançamento de um concurso de BD. A trabalhar em rede, entidade tem vindo a aumentar número de serviços que presta aos leitores
A Biblioteca Municipal das Caldas assinalou o 25º aniversário com várias atividades iniciadas no mês passado. Uma delas consistiu num concurso de banda desenhada com o nome de Jorge Machado-Dias, dado que foi um residente das Caldas que beneficiou a biblioteca ao ter deixado o seu espólio de BD a este espaço em novembro de 2021. “Foi reconhecendo este ato de generosidade que instituímos este prémio”, disse a vereadora Conceição Henriques na sessão que assinalou o aniversário da Biblioteca e que teve lugar a 6 de dezembro.
O concurso serve para homenagear o benemérito e para promover a criatividade de crianças e jovens já que as propostas de BD podem ser apresentadas por participantes com idades entre os 12 e os 15 anos e ainda entre os 16 e os 19 anos.
As normas do concurso já estão disponíveis nas redes sociais da biblioteca.
“Temos uma grande tradição nesta área, bastando apenas relembrar Bordallo Pinheiro”, disse a bibliotecária Aida Reis, à Gazeta das Caldas, a propósito deste aniversário. As propostas de banda desenhada vão poder ser entregues até 28 de fevereiro do próximo ano e o tema desta primeira edição é “A Paz”. Os trabalhos apresentados a concurso farão parte de uma exposição que será apresentada nas próximas Festas da Cidade.
“Iremos enviar a informação sobre o concurso de BD para os agrupamentos escolares e para a ESAD.CR”, disse a bibliotecária, acrescentando que os prémios para os vencedores oscilam entre os 150 e os 50 euros para os três primeiros classificados das duas categorias etárias.
O aniversário da Biblioteca das Caldas aliou-se também às celebrações do centenário de Saramago e contou com teatro, marionetas, poesia e exposições, propostas que tiveram em conta as várias faixas etárias dos seus leitores.
Hoje ninguém trabalha sozinho
Ao longo de todos estes anos, o foco “tem sido sempre a comunidade local, criando novas respostas e contribuindo para a fruição cultural de todos”, disse à Gazeta Aida Reis, a responsável que coordena esta biblioteca desde o primeiro dia em que abriu, a 6 de dezembro de 1997.
A Biblioteca faz hoje parte de duas redes: a de Bibliotecas das Caldas e também é uma das 12 bibliotecas do Oeste da Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Oeste (RIBO).
“Hoje já ninguém trabalha sozinho, o trabalho é feito em rede e com gestão de recursos coletiva”, disse a bibliotecária. Recentemente, a Biblioteca das Caldas efetuou uma reformulação da própria base de leitores, tendo retirado quem “já não fazia movimentos há mais de cinco anos”. Ficaram, assim, um número próximo dos quatro mil leitores que têm uma relação regular com este espaço.
“Temos muitas famílias que fazem muitos empréstimos para os filhos”, disse a técnica bibliotecária, referindo que os seniores são um dos públicos preferenciais, além dos jovens e crianças que frequentam os mais variados graus de ensino.
“Uma criança que entra numa biblioteca da sua escola fica com o mesmo número até ao resto do seu percurso académico”, disse Aida Reis, explicando que agora é possível gerir os empréstimos e as devoluções ao longo do percurso. Se escolher prosseguir estudos na ESAD.CR ficará com a mesma identificação, já que biblioteca do Campus 3 também pertence a esta rede local.
Por seu turno, na RIBO é desenvolvido um trabalho conjunto que já permite fazer empréstimos inter-bibliotecas e, estando inscrito, o leitor tem acesso ao catálogo das 12 bibliotecas oestinas.
“Temos o objetivo de futuramente constituirmos um catálogo global”, afirmou a responsável, que diz que têm vindo a aumentar os pedidos de livros inter-bibliotecas. No que diz respeito aos empréstimos interbibliotecas, esta biblioteca já emprestou 56 e já recebeu 38 obras para empréstimo. Já no empréstimo presencial interconcelhio houve 19 livros emprestados.
Pertencer à RIBO “é uma mais valia para a comunidade”, pois no seu seio já surgiram projetos como a Comunidade de Leitores online do Oeste que nasceu da pandemia e vai de vento em popa e o acesso ao PressReader, uma plataforma onde os leitores têm acesso a mais de sete mil jornais e revistas internacionais.
A Biblioteca Municipal das Caldas tem atualmente 9 funcionários e possui perto de 50 mil documentos (47.317 registos no catálogo), o que inclui livros, CD e filmes. Até novembro de 2022 foram efetuados 11.163 empréstimos de documentos.
É também na Biblioteca que funciona o Arquivo Municipal que, neste momento, conta com duas colaboradoras – através de um Contrato Emprego-Inserção+ (CEI+) – que higienizaram um conjunto significativo de documentação. Atualmente “estão a fazer a inventariação do espólio documental”.
Entre os meses de setembro a novembro foram recebidos sete pedidos de investigadores e consultados 59 documentos”, disse Aida Reis, acrescentando que “é uma grande satisfação” poder contribuir com documentação, como aconteceu com o último livro de Isabel Castanheira e Jorge Silva sobre Bordallo Pinheiro.
Para além de escritores, ilustradores, conferências, da visualização de filmes em grupo, do Clube de Leitura, exposições, leituras partilhadas para seniores, a biblioteca oferece com regularidade a Hora do Conto para bebés e crianças, assim como atividades de expressão plástica.
A entidade organiza ainda bibliocaixas (caixas com livros e filmes) para empréstimo no Estabelecimento Prisional das Caldas e na Câmara.
Durante os meses de julho e agosto, há uma extensão desta biblioteca no areal da Foz do Arelho. “Este ano, voltámos a organizar a iniciativa (após o interregno devido à pandemia) com 214 empréstimos de livros, 154 pedidos de empréstimo e 3.031 visitantes”, rematou Aida Reis. No próximo ano, a Biblioteca das Caldas será ainda beneficiada com a modernização informática.
Uma vida dedicada aos livros
Madalena Marques, 69 anos, começou na Biblioteca de Óbidos, ainda passou pela de Vila Franca de Xira antes de chegar à Biblioteca das Caldas.
A técnica profissional de biblioteca é natural da Atouguia da Baleia mas vive nas Caldas desde os 16 anos, tendo trabalhado na J.L. Barros e na Matel. Durante uns meses ainda trabalhou na antiga biblioteca dos Pavilhões do Parque, antes do novo edifício inaugurar. Só saiu desta biblioteca há um ano pois chegou a hora de se aposentar. “Gostava tanto do que fazia! Para mim, trabalhar com livros era um gosto!”, disse à Gazeta.
Lidar com o público infanto-juvenil era, para ela, um grande gosto e mesmo depois da reforma continua a trabalhar com os mais novos pois continua a dar catequese. “Gostei de tudo e também conheci alguns escritores”, contou Madalena Marques que chegou a lidar com José Saramago ou José Ruy, da BD. Também menciona José Luís Peixoto ou Isabel Ricardo entre outros autores convidados que vieram às Caldas apresentar as suas obras. Acompanhou o crescimento de muitos leitores “que hoje já vêm com os filhos”, disse Madalena Marques que alcançou o topo da sua carreira, como técnica profissional especialista, nesta biblioteca. ■































