Nesta edição o evento subiu para 80 participantes e teve uma grande procura de portugueses e estrangeiros
Há dez anos, em junho de 2013, lançava-se nas Caldas o Bazar à Noite, com um mercado criativo na Praça da Fruta, num evento que, conta a Gazeta de então, foi “um sucesso”, com mais de mil pessoas, salientando que era “difícil ver o tabuleiro da praça, pois havia tanta gente a circular e a comprar produtos diferenciados”. Dez anos e dez edições depois, o evento está consolidado, mas há um espírito próprio de convívio, de independência e de criatividade que se mantém.
Nuno Bettencourt, que foi um dos participantes dessa primeira edição e que tem participado em quase todas as edições do Bazar à Noite, realça precisamente esse espírito. “Tem uma caraterística que continua a existir, que é o lado familiar e de convívio”, nota. Mais até do que o lado comercial, é esse encontro de criativos independentes com uma escala local e regional. “As primeiras edições eram uma novidade, geraram uma expetativa e foi interessante porque juntavam espaços comerciais ligados à restauração”, recorda. “Dava uma animação interessante”, conta. Se agora a Praça da Fruta é a “casa” do Bazar, no início, o evento não era sempre na mesma localização. Foi no Largo do Hospital, nos jardins do Museu do Hospital e das Caldas, mas também no Largo do Café Central, entre outros. “Trazia uma dinâmica cultural a esses lugares”.
Das suas memórias, o Bazar foi sempre um evento com procura por parte do público.
Se Nuno Bettencourt participa desde o primeiro ano, já Filipe Santos está no Bazar pela sua segunda vez. Traz a sua louça de restauração e decorativa e pretende continuar a participar no evento. “A primeira correu muito bem e esta também, com muita gente na última hora do evento”, refere, elogiando a organização e a diversidade. “É importante porque dinamiza a cidade”.
Filipe tirou um CET de prototipagem e desenho 3D na ESAD, foi estagiar para a Cerâmicas São Bernardo, em Alcobaça, e por lá ficou a trabalhar, a fazer modelos em 3D. Quando tem tempo mete as mãos na massa e faz as suas peças, no Painho, onde o pai faz moldes de gesso para cerâmica. Ao seu lado está a namorada, a “Maria do 3D”, que é de Lisboa, mas veio para as Caldas estudar e onde ficou a residir. Nas horas livres faz impressão 3D, desenha os seus modelos e imprime, mas também vende em formato digital, pelo que pessoas de qualquer parte do mundo, com uma impressora 3D, podem adquiri-los e imprimir.
A curadoria do Bazar à Noite é de Nicola Henriques, dos Silos Contentor Criativo, que garante a realização de mais duas edições este ano. A próxima, a 26 de agosto, na Praça da Fruta e depois, na segunda semana de dezembro, em espaço coberto. “Poderá ocorrer uma versão adaptada em setembro”, disse.
O curador do evento esclareceu ainda que a presença de muitos estrangeiros se deve a uma estratégia da organização, “com as unidades hoteleiras e parceiros como o Turismo do Centro”.
Atualmente, e ao fim de dez edições, têm uma base de dados de 140 criativos. “Sabemos o que queremos ter aqui à venda e que tipo de empreendedor e criativo, queremos ter aqui”, frisa, notando que procuraram garantir a “diversificação e inovação”.
Nesta edição houve sete estrangeiros residentes na região a participar (seis já tinham participado) e quem viesse, por exemplo, de Mafra, para vender neste evento, mas a maioria é das Caldas e arredores. Quatro vendedores vieram de Lisboa. “Lisboa tem muito mais mercados? Tem! E vende-se muito mais? Vende! Mas também se paga muito mais de inscrição”, nota. Sempre a tentar melhorar, a organização tem desenvolvido ações de capacitação. O objetivo é que “no próximo ano os criativos apareçam mais capacitados, com o packaging mais interessante, com o preço mais bem pensado e a dinâmica de redes sociais mais ativada”, destinando-se estas ações, não só aos participantes no Bazar, como aos que não foram admitidos. ■































