“Baú das memórias” preserva história de Alfeizerão

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Espaço dispõe de uma biblioteca com 2.500 títulos sobre história local

Espaço oferecido por Augusto Lopes pretende servir a comunidade e valorizar história local

Por norma, um baú é um objeto que costuma estar fechado, mas em Alfeizerão há um “Baú das memórias” que, ao invés, pretende ser um espaço aberto, preservando a história local. Inaugurado no passado sábado, aquele centro cultural, situado no centro da vila, resulta da oferta de um edifício e acervo do alfeizerense Augusto Manuel da Silva Lopes, que, aos 98 anos, cumpre um desejo da filha, Maria de Fátima Ferreira Lopes, já falecida, de oferecer à população um espaço com uma biblioteca pública.
O benemérito não pôde estar presente na inauguração, por motivos de saúde, mas esteve representado por familiares e o gesto de oferecer uma antiga casa da família, suportar parte das obras de requalificação e oferecer o espólio que recolheu ao longo de décadas não deixou nenhum dos presentes indiferente.
“É de tirar o chapéu ao sr. Augusto, foi de uma enorme generosidade”, considerou a vice-presidente da Câmara da Câmara de Alcobaça. No entender de Inês Silva, aquele será um lugar “para um encontro de gerações”. Além disso, “nem todas as freguesias têm um espaço cultural e alguém disponível para o dinamizar”, notou a vereadora da Cultura, mostrando disponibilidade para o município, que contribuiu financeiramente na aquisição do elevador, para “colaborar na programação”.
Cabe à Junta de Freguesia de Alfeizerão a gestão deste novo equipamento, instalado num edifício que foi totalmente remodelado pela mão de José Coutinho, também ele um investigador da história local e que fez a catalogação dos livros.
Para o presidente da Junta, a abertura do “Baú das memórias” é o “concretizar de um sonho”, deixando um agradecimento público a Augusto Lopes, um artista autodidata, cujos trabalhos de pintura estão ali expostos, bem como da filha, que têm por base a história, a etnografia e famílias da terra.
Augusto Lopes é um ilustre alfeizerense, tendo chefiado, na década de 1950, uma equipa na Fábrica Militar de Braço de Prata (Lisboa), onde desenvolveu o interesse pela metalúrgica, no ferro e no estanho. Foi casado com Maria Rosa Ferreira, ligada ao Café Ferreira, pelo que se debruça também sobre as origens do pão de ló de Alfeizerão nas suas obras.
Na biblioteca do centro cultural pode ainda observar-se uma exposição sobre a escola primária inaugurada em 1932, num momento em que as obras do Centro Escolar de Alfeizerão estão praticamente prontas, admitindo-se que venha a abrir no decurso do próximo ano letivo.
O “Baú das memórias” dispõe de uma biblioteca com um acervo de mais de 2.500 volumes sobre a história de Alfeizerão, do concelho de Alcobaça e do Oeste, além de dois espaços de exposições e do Arquivo Histórico da Junta, que reúne documentos da autarquia entre 1873 e 1970 (Livros de Atas, Livros de Arrematação de Foros, correspondência e tesouraria). Funciona aos dias úteis das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 16h00. ■

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