Barco de pesca pode ganhar nova vida como centro de interpretação marinha em Peniche

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Notícias das CaldasRecuperar um barco da pesca tradicional de Peniche e transformá-lo num museu e centro de interpretação marinho é o sonho da bióloga marinha Cátia Figueiredo. Um projecto que apelidou de Bote Exploratório e que venceu o concurso de ideias da Comunidade Intermunicipal do Oeste – OesteCIM, ao qual concorreram 13 participantes.

O prémio foi entregue no passado dia 6 de Abril e consiste na oferta de 100 horas de consultadoria, em parceria com a AIRO, para um melhor desenvolvimento do projecto.

Natural de Coimbra, Cátia Figueiredo, de 33 anos, tirou a licenciatura em Peniche e depois já passou pelos Açores, onde fez investigação durante quatro anos, tendo voltado à cidade oestina que a acolheu nos seus tempos de estudante e onde diz que gosta de estar.

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A ideia de aproveitar uma embarcação que já não estivesse a ser utilizada para a pesca surgiu há bastante tempo, mas inicialmente numa vertente mais de pesquisa científica. “Gostava de transformar um barco para a investigação, mas como isso é muito caro decidi transformar o projecto e aproveitar uma embarcação devoluta ou em fase de desmantelamento, da pesca tradicional de Peniche, e transformá-la num museu e centro de interpretação marinho”, explicou à Gazeta das Caldas.

O objectivo passa por transformar um barco, por exemplo da pesca da sardinha, num espaço museológico para enaltecer a cultura piscatória e toda a evolução da sua história naquele concelho. Cátia Figueiredo pretende que o equipamento seja também utilizado como centro  de educação ambiental marinha, podendo trabalhar com as escolas, fazer workshops, oficinas e mostrar como funciona a vida marinha.

Para a sua concretização, o projecto compreende um investimento de 150 mil euros e envolverá inicialmente a mentora e mais duas pessoas. A componente financeira é o maior entrave, mas a empreendedora acredita que este concurso que agora venceu “seja uma porta que se abre no sentido de arranjar esse parceiro”, disse.

O sonho de Cátia Figueiredo era que o projecto pudesse estar pronto amanhã, mas considera que em menos de um ano poderá estar implementado, permitindo às crianças poderem aproveitar este espaço durante o próximo ano lectivo.

A bióloga marinha considera que esta é uma mais valia para as crianças, que desta forma podem ter um contacto mais directo com a vida marinha, mas também para a comunidade em geral, para ter um maior conhecimento da riqueza que existe a nível marítimo. Gostaria também de contar com a colaboração de antigos pescadores para contarem as suas histórias e partilharem com os jovens “a dificuldade que é ser pescador e estar no mar”.

Cátia Figueiredo refere que, muito devido à crise actual, há pescadores que estão a abandonar a pesca e é um desperdício os barcos serem destruídos, defendendo que podem haver muitos outros aproveitamentos para as embarcações, como a investigação e passeios turísticos no mar.

Este foi o primeiro concurso para empreendedores lançado pela OesteCIM, que pretende dar continuidade à iniciativa. “O país precisa de empreendedorismo. Vamos para a frente com esta rede, que é o mesmo que dizer que vamos apoiar as vossas empresas e trabalho”, disse José Manuel Vieira, presidente da Câmara do Bombarral e representante da associação intermunicipal para o empreendedorismo, aos concorrentes nesta iniciativa.

Os restantes participantes apresentaram ideias para a criação de uma loja colaborativa urbana, de um hostel e de espaços de coworking. Havia ainda projectos ligados a provas de vinhos e enoturismo, para a dinamização de tuk tuk eléctricos, de gestão ambiental, de animação marítimo turística e de inovação para a agricultura.

No evento esteve presente um conjunto de entidades que poderão apoiar os empreendedores na concretização das suas ideias de negócio, como é o caso da Associação Nacional de Direito ao Crédito,  Microcrédito, a SPI Ventures, o Millenium BCP e o IAPMEI.

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